Acidente | Pejão

9.

Pov' Pedro

Começo a dirigir nervoso com o que Isa disse. Acho que possa ser sobre o que vi ontem dos médicos no quarto dele. Mandei mensagem para a Marília que disse para mim ir direto ao hospital, fiquei aliviado por certa forma. Chego ao hospital e vou correndo até meus sogros e Bela, que está chorando.

-Oi gente, desculpa a demora. -Digo me aproximando.

-Pedro... -Isabela diz me abraçando, me assusto com a entonação dela.

-O que aconteceu? -Pergunto acariciando seus braços.

-Ele... Ele perdeu a memória. -Ela diz e sinto meu sangue gelando. Como assim?

-Ele acordou, daqui a pouco vão nos deixar entrar. Mas o doutor disse que ele só está se lembrando de um pouco da sua infância e o acidente. -Seu Carlos fala me deixando sem chão.

-Pê, ele pode não lembrar de você. -Isabela diz com lágrimas nos olhos. Isso foi como um tiro, não sei o que posso fazer, ele não se lembra de mim.

-A Malu tá aqui? -Pergunto com a voz embargada.

-Está sim, ali no bebedouro. -Bela aponta e eu vou até ela que logo já me olha preocupada.

-Pedro... - Ela diz antes de me acolher em seus braços e eu começar a chorar descontroladamente. -Ei, vai dar tudo certo.

-Malu não tem como dar tudo certo. Ele nem sequer sabe quem eu sou. -Falo ainda chorando, ela pega meus ombros desfazendo o abraço.

-Olha para mim. -Ela pede e eu faço. -Pê, você não disse que o coração dele voltou ao normal com a tua voz, com a tua presença? No fundo ele sabe quem é você. Ou o subconsciente dele sabe o quão importante você é para ele, pois se não fosse isso ele estaria na mesma situação de antes. Se ele não lembrar de você, você vai reconquistar ele, eu sei disso. Mas você precisa ser forte e ter noção que vai conseguir. Vocês saíram dessa fase, e vai sim ficar tudo bem.

-Malu, eu 'tô com medo. -Digo chorando pelas suas palavras e realmente por medo.

-Do que?

-De não conseguir ser forte, de não reconquistar ele. Eu preciso dele comigo mas não sei se ele também acha isso.

-Pedro, você nem viu a situação dele ainda. Espera um pouco, respira. -Ela diz me dando mais um abraço e depois um pouco de água.

Agora estamos sentados aguardando meus sogros saírem de lá. Bela disse que iria falar algo de mim para ele, não sei se isso é bom ou ruim. Estou tremendo um pouco. Zebu e Renan já chegaram, mas foram pegar a Gi e a Marília. Estou apenas com a Malu aguardando eles saírem de lá.

-Como vamos dizer aos fãs? -Ela diz quebrando o silêncio.

-Eles vão querer se matar. -Digo e ela concorda, acho que criamos uma família com os Lobos então devemos contar a eles a situação de João, e quando ele estiver em casa podemos ler algumas mensagens deles, igual fazíamos antes.

-Pedro, pode ir. -Seu Carlos fala para mim, que já começo a tremer.

-Pedro, se acalme e vai. Vai ficar tudo bem.

-Eu espero. -Digo vou até a sala dele, eu definitivamente odeio clima de hospital. Vou até o corredor que leva para o quarto dele, mas vejo Marcos lá dentro junto com Sandro fechando ss cortinas com a porta fechada. -Não, eles não podem estar lá.

Vou até as enfermeiras correndo, eu sabia que esse velho ia fazer algo de errado.

-Oi, com licença. Um senhor e um homem entraram no quarto do meu namorado, você pode retirar eles de lá? -Peço meio sem saber o que fazer, usando as palavras erradas para isso, pois falo as primeiras coisas que vêem na minha mente.

-No quarto do João? Aqui na lista para o horário de visita está uns parentes e o namorado, que seria você certo? -Ela pergunta olhando para uma folha em sua mão.

-Sim, exato. Mas quem está lá dentro foi quem provocou tudo isso. Por favor, o tire de lá! -Peço de novo agora tremendo um pouco mais, vejo Bela vindo em nossa direção.

-O que está acontecendo, Pê? -Ela pergunta secando as lágrimas.

-Seu avó e primo entraram lá. -Digo e ela arregala os olhos.

-Moça pelo amor de Deus, você precisa tirar ele de lá! -Ele fala desesperada.

-Peço que vocês tenham calma. Aqui na lista está permitido o Senhor Sandro e Marcos visitarem ele, então não posso fazer nada. -Ela fala me fazendo querer entrar naquele quarto e arrancar eles à força.

-Não, meu amor, você não está entendendo! -Isabela diz desesperada. -Aquele velho deve estar falando merdas, por favor me ajuda!

-Vamos fazer assim, já se passaram cinco minutos, então seriam apenas mais dez minutos lá. -Ela fala fazendo a Isa revirar os olhos. -Mas como dá para ver que é um caso difícil, podemos conversar com o doutor, pode ser?

-Qualquer coisa porra, ele só precisa sair de lá para o Pedro entrar. -Isa fala nervosa, e dá para ver que ela perdeu o controle. -Pedro, espera aqui que eu vou tirar aquele velho pelos cabelos.

-Tá. -É a única coisa que consigo dizer e vou até a Malu que me olha confusa.

-Ué, mas já?

-Não Malu, aquele velho desgracado entrou lá e não querem tirar ele. -Eu falo passando as mãos pelo meu cabelo.

-Que? Meu Deus.

-É, eu não sei o que posso fazer. Até porque ele se lembra do avô, mas não de mim.