Pov' João
Vem sido agoniante todos esses dias preso nesse quarto, sozinho. Quando chega a noite fico aterrorizado, sei que ninguém vem me visitar nesse horário,e os doutores só apareceram aqui por emergência. Então passo a noite acordado com medo, não saber quem você é, é assustador.
Eu quero muito sair desse hospital ou poder falar disso para alguém, seria mais reconfortante talvez. Na verdade não sei para quem eu fazia isso normalmente, não sei para quem que eu falava sobre as coisas, não sei se quero voltar para casa até por que, nem sei como é a minha casa.
Além de que, aparentemente eu moro com Pedro e não sei exatamente como isso pode ser quando sair daqui. Isso se Pedro realmente for meu namorado, já que tem a Júlia no meio disso. Confesso que senti uma verdade em Pedro que não consegui sentir com meu avô, mas não sei o que pensar, por quê meu vô mentiria?
O doutor passou aqui faz alguns minutos, dizendo que o horário de visita se abriu, que já são onze horas da manhã e algumas pessoas iram vir. Não sei quem vai vir hoje, ontem pedi para Pedro voltar, o que foi bem estranho para mim. Mas eu senti esse desejo e só pedi. Não sei da onde veio isso. Sou interrompido dos meus pensamentos quando a porta se abre.
-Oi João! -Ouço o sotaque de Pedro e dou um sorriso, eu não sei da onde é este sotaque mas achei muito bonito.
-Oi Pedro! -Digo para ele que também sorri vindo até mim. -O que é isso na sua mão?
-É uma câmera. -Ele se senta na poltrona ao meu lado. Por que ele traria uma câmera para cá? -Lá em casa, temos uma coleção de câmeras analógicas, e achei uma boa ideia trazer uma delas para você ver alguns momentos nossos e com nossos amigos. -Ele fala me olhando com um jeito diferente, não consigo explicar, é como se tivéssemos nos conhecido em outras vidas, como se ele soubesse o que está fazendo e que tem uma certa confiança em mim.
-Que legal, Pedro. -Digo realmente interessado nisso. Parece que tem algo entranho quando eu o chamo de "Pedro" parece muito grosseiro, mas não consigo saber o por que.
-Olha, esses são o Zebu e a Marília, eles namoram e são como os pais do grupo. Marília vem dormindo lá em casa junto com a Giovana, sua prima lembra?
-Lembro da Gio sim, ela vivia em casa quando éramos mais novos. -Digo sorrindo enquanto ele passa algumas fotos ainda desse tal de Zebu e Marília. -Parece que eles realmente se amam.
-Sim, chega a ser chato estar convivendo com a Marília longe dele. -Ele diz e nós dois rimos.
-Essa é a Malu e esse o Renan. -Ele diz apontando para a foto.-Eles namoram também? -Pergunto e ele ri.
-Não, não. Renan está noivo de um homem, e Malu vive solta por aí. -Ele diz e volta a selecionar alguma foto para me mostrar, percebo que ele passa várias fotos realmente tantando selecionar só algumas.
-O doutor veio falar comigo. -Digo e no mesmo segundo ele larga a câmera deixando do seu seu lado. Ele a deixou virada sem querer, com a parte de trás de frente para mim, com isso consigo ver uma foto. Nela tem eu e ele, Pedro está olhando para a câmera com um sorriso enorme, enquanto eu estou sorrindo olhando para ele com aquele mesmo jeito em que ele me olha. Estamos em uma praça e aparentemente está de noite e estamos muito felizes. Com essa foto, um sorriso sincero saí de mim, consigo ver o quão feliz eu era ao lado dele. Deixo de olhar para a câmera e volto para Pedro, que continuava a me olhar me esperando para terminar a história. -Ele falou sobre a perca de memória e sobre a alta.
-O que ele disse sobre a perca? -Ele diz pegando em minhas mãos.
-Bom, o meu caso pode não ser tão sério assim. -Digo e ele solta um suspiro longo juntamente de um sorriso. -Claro, precisarei da ajuda de todos vocês, além de um psicólogo, mas esteve estudando meu caso e acha que se tudo ocorrer bem, posso voltar 99% em dois meses.
-Ai meu Deus João! Não acredito, que bom! -Ele diz mostrando estar realmente feliz.
-Pois é, e minha alta ele pode dar até amanhã. -Falo e ele sorri de orelha a orelha.
-Isso é tão bom! Meu Deus! Vou ajeitar aquela casa para você voltar.
-Não precisa se preocupar, acho que qualquer coisa vai ser melhor do que esse hospital. -Digo sorrindo e ele solta um risinho.
-Você está odiando aqui né, eu imaginei. -Ele fala olhando para o quarto.
-É horrível, as noites vem sido horríveis, não estou conseguindo dormir. Queria que alguém podesse ficar aqui. -Falo as coisas que mais cedo eu não sabia para quem eu poderia dizer, senti uma certa segurança com Pedro, parece que ele vai me entender.
-Ó meu amor, eu já até perguntei para o doutor mas ele disse que não podíamos passar as noites com você. Posso falar para eles te entregarem algum chá de noite, você tomava chás quando não conseguia dormir. Isso poderia te ajudar? -Ele me pergunta mostrando estar realmente preocupado, é o que eu disse, ele parece ser diferente.
-Pode ser Pedro, mas e se não funcionar? E se eu não for mais o mesmo? -Ele abre um sorriso.
-João, eu posso ter certeza que você continua o mesmo, aliás está se fazendo as mesmas perguntas de sempre. -Ele me olha sorrindo prestes a falar mais alguma coisa, mas logo a enfermeira entra no quarto.
-Com licença, Senhor Tofáni, já deu seu horário. -Ela diz fazendo ele sortar minhas mãos e se levantar pegando a câmera.
-Tchau João, até amanhã. E se tudo der certo, vamos para casa. -Ele diz se abaixando e selando seus lábios em minha testa, me deixando provavelmente vermelho.
-Até Pedro, estou ansioso. -Digo e ele sorri indo embora.
Toda vez que ele vem me ver, parece que tudo muda. Estranhamente, tudo fica mais calmo e parece que estou fazendo a coisa certa.
Não sei como vai ser quando eu voltar para casa com ele, tudo pode ser diferente e posso decepcionar ele de certa forma, o que me deixa com medo de estragar tudo. Tudo que na verdade, eu nem sei o que é.
A porta se abre, agora com uma mulher loira e olhos azuis, ela não havia me visitado antes e por mais que eu tente lembrar dela, é uma tentativa falha.
-Oi meu amor, sou a Júlia.
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Acidente | Pejão
RomanceJoão e Pedro estão na melhor fase de seu relacionamento, estão felizes por tudo estar dando certo entre eles e em suas carreiras. Mas a felicidade acaba quando João sofre um acidente e Pedro tenta reconquistar ele.