Pov' João
Eu estou extremamente estranho, é uma
sensação horrível, é sentir um vazio enorme
dentro de si mas não consegui suprir com
alguma coisa. Pois esse vazio, um dia, foi toda a
minha vida, toda a minha história, e hoje para
mim eu sou um grande nada. Isso é esquisito e
agoniante. Estou com medo de nunca mais
lembrar de quem eu já fui e ficar nisso para
todo o sempre.Lembro de meus pais e da minha irmã, mas não lembrava dela nesse tamanho de hoje. Como se eu lembrasse deles apenas quando eu era uma criança. Como se um dia eu fosse apenas uma criança e acordei em uma maca no hospital, com eles chorando em volta de mim.
Estão falando sobre o quanto ficaram preocupados, como foi o acidente e coisas assim. Isabela, minha irmã, pede pera eles me deixarem a sós com ela, eles parecem entender como se já estivesse combinado isso. Meus pais se despedem de mim e vão embora da sala, ficando apenas eu e Isa que pega minha mão.
-João. Você realmente não consegue se lembrar de nada? Nem onde você estava antes de sair com o carro? -Ela me pergunta com esperança nos olhos, vou decepcionar ela, mas eu não lembro.
-Isa, eu só lembro que fiz uma curva e um carro branco bateu ao meu. Isso é tudo.
-Me disseram para não te falar o motivo do acidente, para você lembrar sozinho nas terapias que terá que fazer. Mas eu posso lhe dizer uma coisa. Você tem um namorado. -Faço uma cara de surpresa.
-Eu bati o carro pelo meu namorado? -Ela ri meio desesperada.
-Não João, ele não tem culpa de nada nisso. Estou falando pois vocês tinham uma vida linda juntos, e quando eu sair dessa porta Pedro irá entrar e eu prometi a ele que eu falaria dele para você. -Ela diz olhando em meus olhos.
-Eu vou rever meu namorado? - Me
desespero, não lembro de quem ele é, mas
aparentemente era importante para mim e
não quero decepcionar ele com o fato de não
lembrar dele.-Vai Jão. -Ela me chama assim desde pequenos, disso eu lembro.
-E o que eu faço? -Pergunto realmente em desespero.
-Pode ficar tranquilo, acho que quando ele entrar aqui você vai saber o que fazer. -Ela diz com uma calma surpreendente.
-Bela, obrigado. Acho que pode ser menos chato eu já saber o nome dele. -Digo sorrindo e ela faz o mesmo de volta.
-Tá bom meu amor. Vou chamar o seu para vir te ver ok? É estranho ela falar assim, falar que ele é o meu amor pois eu nem lembro de sua cara. -Até mais tarde.
-Até Belinha. -Digo e ela sorri, saindo da sala cheia de si saltitando, acho que ela fez o que tinha que fazer.
Começo a suar de nervoso, passo a mão no meu cabelo pelo nervosismo. Ouço alguns passos se aproximando, me deixando ainda mais nervoso. Mas quem abre a porta após alguns resmungos, é um senhor, meu avô. E do seu lado um homem, mas conigo reconhece ele de algum lugar, não acrdito que seja Pedro, até por que eu não me lembraria dele. Ou eu estaria namorando o meu primo, mas acho que Bela teria me avisado disso.
Tenho poucas memórias do meu vô, mas lembro dele sempre brigando comigo, e uma vez dando um tapa na minha minha irmã por ter pego docinho de aniversário antes da hora certa. Desde então eu entrei em greve de fala com ele.
Mas posso ter feito as pazes com ele, já que ele está aqui. Pode ter mudado. Então abro um sorriso para ele que estava fechando a janela.
-Oi, meu neto.
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Acidente | Pejão
RomantizmJoão e Pedro estão na melhor fase de seu relacionamento, estão felizes por tudo estar dando certo entre eles e em suas carreiras. Mas a felicidade acaba quando João sofre um acidente e Pedro tenta reconquistar ele.