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capítulo oito ; nascimento
O DIA HAVIA sido agitado para Anastasia e seus irmãos. Compras para o bebê, a correria frenética dos últimos preparativos para a chegada do mais novo Hargreeves. Com os nove meses de gestação, a qualquer momento o pequeno poderia chegar, mantendo a todos em estado de alerta, uma mistura de expectativa e ansiedade.
Pelo dia cansativo, Anastasia decidiu ir para a cama mais cedo. O terceiro trimestre da gravidez havia intensificado o seu cansaço, muito além do que sentira no início da gestação. A exaustão a envolvia como um manto pesado.
Era madrugada quando um solavanco a despertou. Uma estranha sensação de umidade entre as pernas a alertou. O relógio no criado-mudo marcava 2h07 da madrugada. Em seguida, uma forte pontada no abdômen a atingiu, uma pressão intensa, como se uma garra invisível a apertasse.
── Droga! ── ela exclamou, levantando-se abruptamente. Logo confirmando que sua bolsa havia estourado.
Respirando fundo para não entrar em pânico, Anastasia agarrou seu celular no criado-mudo. Com dedos trêmulos, discou o número de Diego, que atendeu quase instantaneamente.
── Aconteceu? ── a voz de Diego, tensa e preocupada, ecoou do outro lado da linha. Ele sabia, intuitivamente, o motivo da ligação àquela hora. Estava esperando essa ligação há um tempo.
── Aconteceu, Diego! Por favor, vem logo. ── Anastasia respondeu, a voz entrecortada pela dor e pressa. Enquanto falava, ela se apressava para vestir algo e reunir os seus pertences e do bebê. A cada segundo, a dor se intensificava, e apesar de meses de preparação para esse momento, o medo e a insegurança a invadiam.
Em minutos, Diego estava lá. Sem bater, ele usou a chave escondida atrás do vaso de plantas e entrou, chamando por Anastasia, a ansiedade estampada em sua voz.
── Como você chegou tão rápido?! ── Anastasia perguntou, surpresa, enquanto se preparava para descer as escadas. Mas Diego a interrompeu.
── Nem pensar! ── ele subiu as escadas rapidamente, estendendo a mão para ela. ── Não vai descer sem ajuda, é perigoso.
── Estou tendo um filho, Diego, não morrendo. ── Anastasia riu, apesar da dor, descendo as escadas com a ajuda dele. Apesar da situação, ela ainda mantinha um pouco de seu humor e força, algo que Diego admirava.
── Está tudo bem? Está sentindo alguma dor? ── ele perguntou, a preocupação evidente em sua voz, segurando firmemente a mão da mesma, mesmo que já estivessem no andar de baixo.
── Um pouco. A dor vem e volta. ── ela respirou fundo, colocando a mão na barriga, que parecia mais pesada que o normal. ── Pode pegar as coisas dele para mim lá em cima? Deixei tudo separado.
