Capítulo 2: No Brasil

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Na Bahia, estava começando as festas de carnaval, tudo parecia bem colorido e alegre, as cores vibrantes nas roupas e nos confetes jogados pelo chão davam um ar de festa animada que estava sendo prevalecido há dias, e realmente estava mas isso não era problema para o Felix e Hoseok que estavam na praia do Espelho tomando água, sentados na areia quente e acolhedora, dava pra ver dali alguns siris que pareciam estar sempre prontos pra tudo como um guarda costa.
Felix parecia estar aéreo olhando pro nada mas ele estava concentrado até demais em algo que é bem interessante ao ver dele, tão interessante que ele não conseguia ouvir o que o Hobi tava falando. Logo começou a se zangar com o seu tio e amigo, e arremessou com força a areia em suas costas, a areia estava quente ainda por cima fazendo o Felix curvar as costas sentindo ela queimando e dolorida, e o olhou indignado pelo ataque repentino:

-O QUE FOI, CARAMBA?!

-VOCÊ NÃO PRESTA ATENÇÃO NO QUE EU TÔ FALANDO!!

Felix fica confuso e arqueia a sombrancelha:

-Você falou alguma coisa? Nossa, eu não ouvi- Dando uma gargalhada desajeitada fazendo o amigo ficar irritado novamente e jogando areia em suas costas ainda sensíveis o fazendo grunhir de dor- Seu desgraçado, você vai ver só ainda.

-Cala boca, pintinho amarelinho, você tá muito aéreo hoje, o que você tá pensando?

Ele dá um suspiro e abre um sorriso malicioso para o Hobi que ainda estava confuso. Felix faz um sinal com a cabeça tentando apontar para algum sujeito sem que seja com as mãos:

-Tá vendo aquele salva-vidas sentado na cadeira branca? Então, ele tá tomando muito a minha atenção, olha aqueles músculos.- Abana o seu próprio rosto- Me salva por favor que tô passando mal, queria aqueles brações me pegando de jeito.

-Meu Deus, Felix toma jeito, você não tem respeito? Tá parecendo uma cachorra no cio.

-Cachorra não, mas no cio estou.-Diz mordendo os lábios.

O Hobi o empurra fazendo o loiro tombar pro lado, ambos riem com a situação, e depois o acastanhado fica pensativo e com um rosto perdido.
Felix logo percebe e fica preocupado, mas já sabia o que era, era o medo do preconceito, ele tem medo do que as pessoas podem fazer se descobrissem que ele era bissexual, e também se descobrissem que o tio era pan, ele já sabia que seria violento, todo mundo sabe, a homofobia era muito forte naquela época, tinha até pessoas que eram torturadas até a morte ou fazia terapia de choque forçado nas pessoas. E também, tinha um detalhe, a avó dele não sabia disso, ele nunca contou isso pra ela, como ela era uma pessoa de idade, já pensava que ela seria homofóbica com ele dentro de casa, ou pior, expulsasse ele de casa.
O Felix o abraça, acolhendo-o em seus braços tentando relaxar o Hoseok, e brevemente os seus músculos relaxaram. Felix e sua avó eram os únicos que acalmavam o Hobi em suas crises e nos seus capítulos depressivos:

-Já está tudo bem, Lix. Se você ficar me abraçando desse jeito, vão pensar que somos um casal.- Diz se desvencilhando de seus braços. Ele ama contato físico, mas homens não costumam se abraçar em público, então tinha que tomar cuidado, todo cuidado é pouco para o Hobi que queria parecer hétero mesmo não sendo.

-Tá bom. Já podemos ir pra casa? Eu já estou cansado.- Felix é um tipo de pessoa que não consegue parar quieto, então ficar sentado na areia é um desafio muito grande para ele. Ele estava cansado de ficar no mesmo lugar por tanto tempo.

-Ok, ok, vamos.- Ambos se levantaram da areia e deram as costas para a Praia do Espelho, ela era simplesmente um paraíso das águas com rochas cheias de musgo que davam um toque sofisticado ao lugar, e a sua vegetação era magnífica, tudo lá era magnífico, pena que as praias não eram exploradas naquela época.

Ao chegarem em casa, vêem a Dona Vilma tricotando como sempre, era o seu passa tempo e uma forma de lidar com a tristeza embora não demonstrasse, aliás até idosos sentem tristeza, não é porque eles já viveram tanto que vão perder as suas emoções.
Felix vai até a sua mãe adotiva e pega a mão dela delicadamente levando aos seus lábios, beijando a mão delicadas e com sinais da sua idade avançada que já haviam chegado:

-Bença, mãe.- Diz com um tom leve em sua voz.

-Deus te abençoe, filho.- Diz ela com um sorriso doce e acolhedor, o mesmo sorriso a qual acolheu o Felix quando estava em uma situação de extrema urgência- Eu estou tricotando um cachecol pra você, meu bem.

-Obrigado pela atenção, mãe.- Diz Felix pegando uma cadeira pra sentar ao lado de sua mãe. Embora não esteja frio ele não iria dizer nada, ele era totalmente grato por ela e aceitava todo o carinho que lhe dava sendo em palavras ou presentes, embora o Felix seja um adolescente ele ainda se sentia como uma criança quando estava com ela, ela o fazia se sentir bem, e era notável isso para todos. Ele se sentia feliz por ter alguém pra chamar de mãe novamente, ele amava muito a sua mãe biológica e nunca a esquecerá, mas a Dona Vilma é a responsável por ele agora, ele não pode se prender mais no passado que tanto o fez mal, agora ele queria apenas ser feliz como um adolescente normal.

Hobi por outro lado sempre relembrava do seu passado, era doloroso pra ele ainda, aquela dor que ele sentia não parecia ter fim nunca, o seu passado sempre o perseguia não importa o que ele faça. Era desgastante.
Ele foi para o seu quarto que dividia com o seu tio e se joga na sua cama causando um barulho alto:

-O QUE TÁ ACONTECENDO AI?!- Gritou a sua avó.

-Nada vó, foi só a cama.

-TOMA CUIDADO QUE ESSA CAMA CUSTOU CARO, SE VOCÊ QUEBRAR VAI DORMIR NO CHÃO, ENTENDEU?

-Sim, senhora.-Ele soltou um riso descontraído, ele amava quando a sua avó falava reclamava, era sempre engraçado.

Ele tira a bússola do bolso de sua camisa e ficava o olhando, ela estava quebrada mas ele nunca a descartou, era a única coisa que tinha de seus pais, nem a sua avó sabia da existência dessa bússola, sabia que traria lembranças ruins pra ela, lembranças de sua filha, Hye Jin da Silva, foi o pai dela que havia dado a ela.
O seu avô também morreu, o que traria também lembranças dele, ele era um homem rígido como vários outros homens de sua época, mas amou a Vilma como nunca amou qualquer outra mulher na vida, amou tanto que planejou fugir com ela para Páris, ela já era comprometida mas era um casamento arranjado. Passaram por muitas dificuldades mas sempre permaneciam juntos, o amor que eles compartilhavam entre si era mais forte do que a fome ou aperto do final do mês que eles passavam, a história dos dois foi simplesmente o significado de amor verdadeiro e respeitoso.
Depois de alguns anos, quando tinham uma condição financeira boa, eles foram para o Brasil e lá tiveram a Hye Jin, e também foi nesse local que ela foi criada até os seus 23 anos. Ela teve que sair de seu país de origem para estudar, naquela época já estavam aceitando mulheres em universidades e faculdades estrangeiras. Foi naquela universidade que conheceu o pai de Hoseok que estava todo empoeirado por causa dos livros velhos que carregavam quando eles se esbarraram na biblioteca, de primeira a Hye Jin o odiou mas depois de um tempo passaram a ser amigos, e de amigos foram pra amantes.

SINTO QUE VIAJEI UM POUCO QUANDO TAVA FAZENDO ESSE CAPÍTULO KAKAK
SE EU N VIAJAR NO PRÓXIMO CAPÍTULO E FOR DIRETO NO MEU ROTEIRO VAI TER TIRO PORRADA E BOMBA, LITERALMENTE...TIRANDO AS BOMBAS SIM KAKA
OBRIGADO POR LEREM A MINHA FIC ☺️

𝐀 𝐝𝐞𝐬𝐠𝐫𝐚ç𝐚 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐧ó𝐬 -(𝐬𝐨𝐩𝐞)Onde histórias criam vida. Descubra agora