104. traição

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PONTO DE VISTA DE RICHARD.

Acordei no quarto de hóspedes, a mente ainda presa à noite anterior. Virgínia tinha se distanciado tanto que, por mais que tentasse me aproximar, parecia impossível atravessar o muro que ela tinha levantado. Me arrumei para ir ao CT, vesti a roupa de treino e, quando desci, encontrei meus sogros na mesa do café.

— Bom dia — falei, tentando parecer mais leve do que me sentia.

— Bom dia, Richard! — Margarete respondeu, com um sorriso gentil. Seu olhar carregava preocupação, mas não fez nenhuma pergunta.

Peguei uma xícara de café, na esperança de que a bebida ajudasse a clarear minha mente. Alguns minutos depois, Virgínia desceu com Maria Alice no colo. A visão das duas, sempre linda, agora era acompanhada de uma dor silenciosa.

— Bom dia — ela disse, em um tom distante.

— Bom dia... — respondi, tentando conter a frustração.

Fui até elas. Inclinei-me para dar um beijo em Maria, que sorriu levemente com o toque. Depois, dei um beijo na testa de Virgínia, mas ela não retribuiu, permanecendo com o mesmo olhar vazio. A sensação de ser apenas uma sombra ao lado dela estava me sufocando.

Sem dizer mais nada, me despedi:

— Tô indo. Nos falamos depois. — Virgínia apenas assentiu.

Saí de casa e, no caminho para o CT, a tensão no peito era esmagadora. O que mais eu poderia fazer para recuperar nossa conexão? Ou talvez fosse realmente o cansaço, como ela dizia, mas por que então me sentia tão rejeitado? Cheguei ao CT ainda envolto nesses pensamentos, mas decidi que hoje ia focar apenas no treino. Não podia me permitir ser distraído pela turbulência em casa.

No vestiário, encontrei Veiga e Piquerez conversando sobre o próximo jogo.

— Fala, Richard! — Veiga sorriu, me dando um tapinha nas costas. — Tudo certo, irmão?

— Fala, mano. Tudo certo... — Respondi, embora claramente não estivesse.

Endrick apareceu logo depois, sempre brincalhão.

— Ei, Richard, vai fazer gol pra Maria Alice, hein? — ele disse, rindo, tentando me animar.

— Pode deixar. Vou marcar um gol pra ela, sim — respondi com um sorriso fraco, tentando entrar no clima.

Mas eles notaram que algo estava errado. Veiga olhou para mim, a sobrancelha levantada.

— Tá tudo bem? Você tá meio na sua hoje.

— tá — menti, sem querer falar da minha vida pessoal.

Piquerez entrou na conversa, tentando mudar o clima.

— ixx, irmão. Mas nada que um treino forte não resolva, né? Vamos nessa!

Concordei com a cabeça. Por mais que quisesse conversar, eu simplesmente não conseguia. Precisava desligar minha mente e focar no treino. Fomos para o campo, e por algumas horas, consegui afastar os pensamentos sobre Virgínia e nosso distanciamento. O futebol sempre foi minha fuga, mas hoje, nem isso estava ajudando totalmente.

Depois de um treino pesado, a dor no meu joelho começou a se intensificar. Eu sabia que algo não estava certo, especialmente porque já havia operado aquele joelho anos atrás. Terminado o treino, fui pro vestiário, tomei um banho rápido, e decidi que seria melhor dar uma passada na sala da fisioterapeuta para garantir que a situação não piorasse.

Depois de almoçar no CT, caminhei até a sala da Nicole, a fisioterapeuta do clube. Bati na porta e a ouvi responder do lado de dentro.

— Pode entrar!

Virgínia, Minha Vizinha- Richard RIOS Onde histórias criam vida. Descubra agora