𝐀𝐏𝐄𝐍𝐀𝐒 𝐒𝐎𝐍𝐇𝐎𝐒

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—"querida, não tem problema ser diferente"—a senhora dos olhos de cristais disse segurando uma garota aparentemente de 6 anos.

—"então por que eles me tratam como se eu fosse um problema? Vovó.. Eu não quero ser assim"—ela sussurrou sentada no colo da mais velha, tinha o cabelo ondulado e de ouro enquanto seus olhos eram como os de mel.

—"as pessoas tem medo do que não entende"—ela beijou a testa da menor.

—"tipo o papai?"

—"tipo o papai.."

Elas sorriram apesar da dor mas o momento aconchegante foi quebrado pela porta sendo aberta com um chute.

—"AURORA"—o homem roliço gritou com a garotinha enquanto carregava um cinto na mão.

Ela não disse nada, apenas começou a chorar já prevendo oque aconteceria.

Ele deu passos pesados e longos.

—"com quem você estava falando?"

—"vovó.."—ela sussurrou com os olhos molhados—"ali a vovó"—ela se encostou  na parede enquanto apontava para o sofá no canto do quarto, onde estava antes.

—"a vovó.. Morreu a muito tempo"—ele virou os olhos pretos para a garota novamente e apertou o cinto mais forte.—"tudo que você vê é só um sonho querida.."

—"NÃO"—ela gritou com raiva se posicionando ainda com medo e ao terminar seu pai levantou o cinto e bateu com força no seu rosto, a garota gritou e o homem se sentou no chão abraçando ela.

—"apenas um sonho, repita"—Ele acariciou as costas da loira.

—"papai.. Ela.. Não"—ela foi interrompida pelo o próprio pai que a jogou no chão novamente agora levantando a mão e dando diversas cintadas novamente enquanto a menor gritava de dor e desespero.

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—"não!"—acordei ofegante, meu coração estava acelerado e meu corpo trêmulo.

Apertei os dedos nas raizes louras do meu cabelo e abracei meus joelhos contra meus seios.

—"como sempre.."—o mesmo pesadelo me perseguia, memórias vagas que voltavam sempre pra mim.

Me levantei e olhei no relógio—"sempre as 03:33"—suspirei e fui até o banheiro.

  Em seguida tomei um banho gelado, senti a água queimar meus ossos de tão fria.

Sai de casa as 4:00 usando uma Legging preta e uma blusa de yoga para minha caminhada matinal.

Ainda estava escuro mas tinham poucas pessoas saindo de casa, corri três quarteirões até o centro e me assustei com a multidão de pessoas.

Passei os olhos para meu relógio e era exatas 5:50, dei de ombros e estava tentando passar entre todas aquelas pessoas para seguir meu caminho mas algo me chamou atenção.

—"oque ė isso.."—ouvi uma mulher dizer baixo surpresa.

Tirei minha touca e olhei ao redor, percebi oque estava no meio da multidão. Arregalei os olhos me aproximando.

Era uma estátua de mármore, cabelos cacheados, olhos intensos.. Nua.. Ali no meio de todos.

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𝐒𝐔𝐒𝐒𝐔𝐑𝐑𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄  Onde histórias criam vida. Descubra agora