capítulo 9 : confronto

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Enquanto voltavam para a cidade, Jennie e Lucas riam alto dentro do carro, a música alta preenchendo o ambiente. Lucas segurava o volante com uma mão, enquanto a outra acompanhava o ritmo da música no ar. Jennie se juntou à cantoria, esquecendo-se momentaneamente de todos os problemas. A sensação de leveza era reconfortante, e, por um instante, parecia que todos os seus dilemas haviam desaparecido.

"Não acredito que você ainda lembra todas as letras das músicas que ouvíamos na adolescência," Jennie disse, rindo, ao ver Lucas cantar com entusiasmo.

"Você acha que eu ia esquecer?" Lucas respondeu, piscando para ela. "Afinal, sempre fui seu parceiro de karaokê."

Pouco depois, eles avistaram uma sorveteria à beira da estrada e, sem hesitar, decidiram parar. Jennie pegou um sorvete de chocolate com pedaços de avelã, enquanto Lucas escolheu o de baunilha com calda de caramelo. Sentados no capô do carro, eles conversaram enquanto saboreavam a sobremesa.

"Obrigado por vir comigo, Lucas," Jennie disse, olhando para o horizonte. "Eu realmente precisava disso."

"Você sabe que eu sempre vou estar aqui para você," ele respondeu, sorrindo. "Não importa o que aconteça."

Eles ficaram em silêncio por um momento, apenas aproveitando a companhia um do outro. A noite estava calma, e o vento fresco acariciava seus rostos, trazendo um breve conforto.

"Às vezes, eu queria que as coisas fossem tão simples como são agora," Jennie confessou, olhando para Lucas com os olhos brilhando. "Sem pressões, sem expectativas."

Lucas a encarou por um momento antes de responder. "Talvez não possamos controlar o que acontece ao nosso redor, mas podemos escolher como reagir. E eu sei que, independentemente do que você decidir, vai encontrar o que te faz feliz."

Jennie sentiu um calor preencher seu peito com aquelas palavras. Era exatamente o que ela precisava ouvir. Depois de mais alguns minutos juntos, Jennie finalmente sugeriu que era hora de voltar para casa.

Ao estacionarem na frente do prédio, Lucas segurou a mão dela por um instante. "Se precisar de mim, estou a um telefonema de distância, ok?"

Jennie sorriu e assentiu, sentindo uma onda de gratidão. "Obrigada, Lucas. De verdade."

Ela saiu do carro, vendo-o acenar antes de partir, e entrou no prédio, sentindo o peso da realidade voltar a recair sobre ela.

Quando abriu a porta de seu apartamento, o cheiro familiar a envolveu. Mas a atmosfera estava pesada. Assim que deu alguns passos para dentro, percebeu a figura de Marco sentado no sofá, como uma sombra à espreita, o olhar fixo nela.

"Você finalmente voltou," ele disse, a voz tensa. "Onde você estava? Com quem?"

Jennie sentiu o frio percorrer sua espinha ao ver a intensidade no olhar de Marco. "Eu... tirei um tempo para pensar," ela respondeu, tentando manter a calma, enquanto sua mente ainda estava presa à lembrança do sorriso de Lucas e da liberdade que sentiu ao lado dele.

Marco se levantou abruptamente, e a tensão entre eles era palpável. "Você acha que pode simplesmente desaparecer e voltar como se nada tivesse acontecido? Eu passei o fim de semana todo esperando por você."

"Eu precisava de espaço, Marco. E não é sobre você. Eu só... precisava entender o que eu quero," Jennie tentou explicar, mantendo-se firme.

"Com quem você estava?" Marco pressionou, os olhos estreitos.

"Isso não importa agora," ela respondeu, tentando evitar mais conflito. "O que importa é que precisamos de um tempo, precisamos pensar sobre o que realmente queremos."

A raiva de Marco era visível, mas havia também dor em seu olhar. "Você quer terminar? É isso que está dizendo?"

"Não, Marco," Jennie suspirou, a voz saindo trêmula. "Só acho que precisamos de tempo para entender o que sentimos de verdade. Não podemos continuar assim, com você tentando me controlar."

O silêncio caiu como um peso sobre a sala, e Marco finalmente assentiu, passando as mãos pelo cabelo, claramente lutando contra as emoções. "Eu não quero perder você, Jennie," ele disse, a voz mais baixa agora, quase um sussurro.

"E eu não quero perder você," Jennie respondeu, sentindo a sinceridade das próprias palavras. "Mas precisamos ser honestos sobre o que queremos."

Marco se virou para sair, mas hesitou. "Posso te levar a um lugar? Apenas para conversarmos mais um pouco?"

Jennie o olhou surpresa, vendo um lampejo de vulnerabilidade nos olhos dele. "Claro, onde você quer me levar?"

"Um lugar onde possamos falar sem a pressão de tudo isso," ele sugeriu, com um leve sorriso que tentava quebrar a tensão. "Só nós dois."

Ela hesitou, mas algo em seu coração a impulsionou a aceitar. "Ok."

Enquanto saíam juntos, Jennie sentiu que estava à beira de algo importante. Talvez aquele momento fosse a última chance de entender o que seu coração realmente desejava, e, mais do que nunca, ela sabia que precisava estar aberta a todas as possibilidades.

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