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Os dias se passaram, e eu me sentia mais à vontade com todo mundo no set. Cada vez mais solto, eu acabava brincando com a equipe e até improvisava umas piadas durante as gravações, o que fazia todo mundo rir.

Vegas por outro lado, continuava sendo aquele cara fechado de sempre. Ele não era muito de socializar com o resto do elenco, mas tinha algo diferente na forma como me tratava. Ele ficava mais solto comigo, mesmo que fosse só um pouquinho. Ainda assim, era engraçado ver como ele adorava implicar comigo só pra me irritar. O pior de tudo? Ele sabia exatamente como me tirar do sério.

- Você faz isso de propósito, né? – Falei, depois de ele ter feito algum comentário bobo sobre minha atuação na cena anterior.

- Não sei do que você está falando, gatinho. – Ele respondeu com aquele tom sarcástico, um sorriso de canto aparecendo.

- Ah, você sabe sim. – Cruzei os braços, tentando parecer sério, mas só o deixava mais divertido.

- Só estou te ajudando a melhorar. Fica fofo quando você fica bravo.

Eu bufava, mas era impossível não rir junto. Vegas adorava ver minha reação, e no fundo, eu sabia que ele não faria isso se não gostasse de passar o tempo comigo.

- Sabe, você vai se arrepender se eu começar a te ignorar, hein. - Eu brinquei, fingindo uma ameaça.

- Duvido. - Ele respondeu, rindo.

Ele sabia que eu não teria coragem de ignorá-lo, e eu também.

Porém, do nada, ele estendeu o pé bem na minha frente enquanto eu passava pelo camarim. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, tropecei e fui direto ao chão, caindo de cara.

- Caralho, Vegas! – Gritei, levantando rápido enquanto ouvia a risada baixa dele. Ele quase nunca ria, mas quando fazia, era como um prêmio raro. O problema é que dessa vez ele estava rindo às minhas custas.

- Desculpa, gatinho, você que é desastrado. – Ele disse, com aquele sorriso provocador que eu começava a odiar e gostar ao mesmo tempo.

- Ah, é assim? – Me levantei, já correndo atrás dele, decidido a fazer ele pagar por me zoar assim. - Agora tu vai ver!

Vegas já estava dando risada de novo, um som raro, mas que fazia meu coração bater mais rápido quando ouvia. Ele saiu correndo pelo camarim, e eu fui atrás.

- Você corre mal pra caramba! – Ele zombou enquanto escapava de mim mais uma vez.

- Cala a boca, panterinha! - Eu respondi, sem conseguir evitar o riso que vinha junto. Vegas raramente mostrava esse lado mais solto, mas quando ele mostrava, eu não conseguia não me divertir.

Finalmente consegui alcançar ele e pulei nas costas dele, fazendo ele tropeçar um pouco. Ambos rimos, ofegantes, enquanto ele tentava me tirar de cima.

- Tá vendo? Eu ganho de você até correndo! - Ele disse, ainda rindo, enquanto me colocava de volta no chão.

Eu cruzei os braços, fingindo indignação, mas não dava pra esconder o sorriso. Ter esses momentos com Vegas, mesmo que raros, era o suficiente pra fazer tudo valer a pena.

Mas ficamos ali, um de frente pro outro, rindo ainda da situação, até que o riso foi diminuindo, e então o silêncio caiu sobre nós. Eu olhei pra ele, e sem nem perceber, meus olhos desceram até a boca dele. Vegas sempre foi sério, mas quando sorria, raramente, aquele sorriso mexia comigo de um jeito que eu ainda tentava entender.

Nossos olhares se cruzaram. Parecia que o tempo tinha desacelerado por alguns segundos. Ele também me encarava, e eu senti um nervosismo crescendo no peito.

BlackBlue - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora