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Já haviam se passado alguns dias desde que recebi a notícia no hospital, e minha cabeça ainda rodava com todas as instruções, exames e o constante. Vegas estava comigo o tempo todo, quase sem me deixar respirar. Ele não falava muito sobre a situação, mas seu olhar de preocupação me seguia para onde quer que eu fosse. Eu sabia que ele estava tentando ser forte por mim, mas eu também via o quanto aquilo o afetava.

Estávamos de volta ao apartamento de Vegas, que agora parecia mais uma fortaleza de proteção para mim. Ele insistiu para que eu ficasse lá, pelo menos até sabermos mais sobre meu estado de saúde. Eu não discuti. Seria bom ter a companhia dele.

Sentado no sofá, com um copo de suco na mão, sem álcool, claro, parte das novas regras que o médico me deu, eu olhei para Vegas, que estava à minha frente, mexendo em seu celular com a testa franzida.

- Ei. - Chamei, minha voz soando fraca. - Você acha que isso vai afetar tudo? Quer dizer... nosso trabalho, nossos planos?

Vegas levantou o olhar do celular e me encarou por um momento antes de se sentar ao meu lado, colocando uma mão firme em minha perna.

- A gente vai dar um jeito. Mas agora, o mais importante é você. Não o trabalho, não os planos... você.

Eu soltei um suspiro, sentindo um peso em meu peito. Eu não queria ser o motivo de atrasos, problemas ou mudanças. Sempre fui responsável, sempre segui as regras, mas agora tudo parecia fora do meu controle.

- Só não quero... que tudo mude por causa de mim. - Murmurei, desviando o olhar.

Vegas riu de leve, puxando meu rosto de volta para ele.

- Tudo já mudou, Pete. E se tiver que mudar mais, que mude. Não vou te deixar de lado, você precisa parar de se culpar.

Eu engoli em seco. Ele estava sendo mais sensato do que eu esperava, e eu odiava o fato de que não tinha uma resposta boa o suficiente. Apenas assenti.

Vegas se levantou e puxou-me junto.

- Agora vamos. O médico disse que você precisa caminhar um pouco, certo? Nada de ficar o dia inteiro se sentindo mal por coisas que você não pode controlar. Vamos dar uma volta lá fora.

Eu sabia que ele tinha razão, então segui seu conselho. Mesmo que meu coração estivesse vulnerável, a presença de Vegas ao meu lado, segurando minha mão enquanto saíamos para a rua, me dava uma sensação de segurança que naquele momento, era tudo o que eu precisava.

[...]

Eu me sentia vazio. Tudo o que aconteceu no hospital, as palavras do médico, a expressão do Vegas... era demais. Mas o pior de tudo foi o fanmeeting. Tínhamos nos preparado tanto para aquilo, e eu arruinei tudo. Ainda conseguia ver os rostos ansiosos dos fãs, o brilho de excitação nos olhos deles... até que meu nariz começou a sangrar e eu desabei. Merda. Eu sabia que eles não mereciam aquilo.

Vegas estava na cozinha, me trazendo água e os remédios que o médico receitou. Ele tentava agir normal, ser forte por mim, mas eu sabia que ele estava tão preocupado quanto eu. Me sentia um peso.

Quando ele voltou e se sentou ao meu lado no sofá, entregando o copo d'água, finalmente soltei o que vinha guardando.

- Eu estraguei tudo, né?

Vegas me olhou, confuso.

- Estragou o quê?

- O fanmeeting. – Eu desviei o olhar. – Os fãs estavam esperando tanto por isso... e eu simplesmente... ferrei com tudo. Eles devem ter ficado muito chateados. Eu sei que ficaram.

Houve um momento de silêncio enquanto ele processava o que eu disse.

- Pete... – Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo. – Você não estragou nada. Isso foi um imprevisto, algo que você não podia controlar. E os fãs... eles entendem. Eles te amam. Ficaram preocupados com você, não chateados.

BlackBlue - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora