Capítulo 2

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— Gabriel, eu não tenho nada para falar com você. — Pilar prontamente disse. Ela saiu de perto da mesa da cozinha e foi em direção à entrada, onde Gabriel estava, indicando que ia sair.

— Por favor... — o professor pediu em tom de súplica, segurando Pilar pelo braço ao passar por ele.

A professora olhou para ele e depois para seu braço sendo segurado de forma cuidadosa, mas firme, e então ela se desvencilhou.

— Eu já disse, não tenho nada para conversar.

— Você entendeu tudo errado! Me escuta, por favor, professora. — ele implorou mais uma vez, olhando pra ela com uma gota de esperança.

— Escuta ele, minha filha. — Dalete se pronunciou, fazendo Pilar a olhar e negar com a cabeça.

A professora esperou alguns segundos antes de falar, fechando os olhos e suspirando profundamente.

— Eu não quero escutar ninguém! Olha, Gabriel, se você achou que isso ia me atingir, parabéns, você conseguiu, satisfeito? Agora por favor, me deixa em paz... — ela pediu, sentindo sua voz estremecer.

Pilar odiava ser tão emotiva. Quando algo a chateava, seus olhos se enchiam d'água.
Ela não queria admitir, mas confiava em Gabriel e não pensou em momento algum que ele poderia fazer algo para magoá-la. Porém, a professora era orgulhosa e, mesmo com seu instinto lhe dizendo o contrário, mesmo ela querendo acreditar que Gabriel nunca faria aquilo com ela, seu orgulho era maior. Afinal, ela já havia o acusado.

Gabriel, por outro lado, sentiu-se ofendido. Ele realmente nunca inventaria algo daquele tipo para atingir Pilar e, por mais que não gostasse de César, não sairia espalhando tais boatos por aí. O professor sentiu seu coração doer ao ouvir a voz vulnerável da professora implorar para que ele a deixasse em paz e, mesmo relutante, decidiu aceitar. Ela precisava pensar e pressioná-la para uma conversa agora não seria cabível e muito menos inteligente.

— É melhor nos mantermos distantes, Gabriel, não deu certo. — Pilar disse, sem muita coragem de encará-lo.

Aquelas palavras atingiram o professor. Ele não queria afastá-la, embora não estivessem tão próximos assim. Era apenas uma relação que florescia um pouco a cada dia e arrancá-la da raiz assim, tão bruscamente, não era muito agradável. O que ela queria insinuar com não deu certo? O que não deu certo? A amizade? Ela nem sequer admitia que eles eram amigos.

— Mas deveríamos conversar normalmente, sabe? Para não causar confusão nas crianças de novo... — ele tentou.

— Depois vemos isso — a professora disse rapidamente e depois olhou para Dalete. — Obrigada pelo café, Dalete, mas eu preciso ir.

— Vá com Deus, querida — disse a cozinheira, sorrindo tristemente.

Pilar forçou um sorriso, olhou pela última vez para Gabriel e, sem se despedir dele, saiu da cozinha.

— Ela nem tocou no café... — disse Dalete, olhando para o professor que estava claramente atordoado.

Ele a olhou e fez menção de se retirar, mas a cozinheira o pediu para sentar-se porque ela gostaria de falar com ele. Mesmo a contragosto, Gabriel se sentou.

— Ela realmente ficou muito brava — começou Gabriel, sem encarar a cozinheira.

— Ela odeia mentiras, professor — disse Dalete, encarando o homem, que se remexia inquieto. — A professora Pilar é uma mulher que tem seus princípios e odeia quando as coisas não saem do jeito que ela planeja. Ela é uma mulher maravilhosa, mas ainda não sabe lidar muito bem com os problemas que aparecem sem aviso prévio. Não se sinta assim, ela gosta de você, apenas é muita coisa pra ela processar.

O boato - Shortfic GabrilarOnde histórias criam vida. Descubra agora