— Gabriel, eu não tenho nada para falar com você. — Pilar prontamente disse. Ela saiu de perto da mesa da cozinha e foi em direção à entrada, onde Gabriel estava, indicando que ia sair.
— Por favor... — o professor pediu em tom de súplica, segurando Pilar pelo braço ao passar por ele.
A professora olhou para ele e depois para seu braço sendo segurado de forma cuidadosa, mas firme, e então ela se desvencilhou.
— Eu já disse, não tenho nada para conversar.
— Você entendeu tudo errado! Me escuta, por favor, professora. — ele implorou mais uma vez, olhando pra ela com uma gota de esperança.
— Escuta ele, minha filha. — Dalete se pronunciou, fazendo Pilar a olhar e negar com a cabeça.
A professora esperou alguns segundos antes de falar, fechando os olhos e suspirando profundamente.
— Eu não quero escutar ninguém! Olha, Gabriel, se você achou que isso ia me atingir, parabéns, você conseguiu, satisfeito? Agora por favor, me deixa em paz... — ela pediu, sentindo sua voz estremecer.
Pilar odiava ser tão emotiva. Quando algo a chateava, seus olhos se enchiam d'água.
Ela não queria admitir, mas confiava em Gabriel e não pensou em momento algum que ele poderia fazer algo para magoá-la. Porém, a professora era orgulhosa e, mesmo com seu instinto lhe dizendo o contrário, mesmo ela querendo acreditar que Gabriel nunca faria aquilo com ela, seu orgulho era maior. Afinal, ela já havia o acusado.Gabriel, por outro lado, sentiu-se ofendido. Ele realmente nunca inventaria algo daquele tipo para atingir Pilar e, por mais que não gostasse de César, não sairia espalhando tais boatos por aí. O professor sentiu seu coração doer ao ouvir a voz vulnerável da professora implorar para que ele a deixasse em paz e, mesmo relutante, decidiu aceitar. Ela precisava pensar e pressioná-la para uma conversa agora não seria cabível e muito menos inteligente.
— É melhor nos mantermos distantes, Gabriel, não deu certo. — Pilar disse, sem muita coragem de encará-lo.
Aquelas palavras atingiram o professor. Ele não queria afastá-la, embora não estivessem tão próximos assim. Era apenas uma relação que florescia um pouco a cada dia e arrancá-la da raiz assim, tão bruscamente, não era muito agradável. O que ela queria insinuar com não deu certo? O que não deu certo? A amizade? Ela nem sequer admitia que eles eram amigos.
— Mas deveríamos conversar normalmente, sabe? Para não causar confusão nas crianças de novo... — ele tentou.
— Depois vemos isso — a professora disse rapidamente e depois olhou para Dalete. — Obrigada pelo café, Dalete, mas eu preciso ir.
— Vá com Deus, querida — disse a cozinheira, sorrindo tristemente.
Pilar forçou um sorriso, olhou pela última vez para Gabriel e, sem se despedir dele, saiu da cozinha.
— Ela nem tocou no café... — disse Dalete, olhando para o professor que estava claramente atordoado.
Ele a olhou e fez menção de se retirar, mas a cozinheira o pediu para sentar-se porque ela gostaria de falar com ele. Mesmo a contragosto, Gabriel se sentou.
— Ela realmente ficou muito brava — começou Gabriel, sem encarar a cozinheira.
— Ela odeia mentiras, professor — disse Dalete, encarando o homem, que se remexia inquieto. — A professora Pilar é uma mulher que tem seus princípios e odeia quando as coisas não saem do jeito que ela planeja. Ela é uma mulher maravilhosa, mas ainda não sabe lidar muito bem com os problemas que aparecem sem aviso prévio. Não se sinta assim, ela gosta de você, apenas é muita coisa pra ela processar.
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O boato - Shortfic Gabrilar
RomanceApós um falso boato sobre Pilar ter sido espalhado pelos funcionários da escola, a professora, desestabilizada, culpa seu colega de trabalho pelo mal-entendido.