Pilar's POV
Depois que eu saí do quarto, apressei meus passos pelo corredor, como se fugisse de Gabriel. Eu não queria que ele me levasse para casa, podia muito bem ir sozinha.
Para o meu azar, as pernas dele eram mais longas que as minhas, então, infelizmente, logo me alcançou.
— Nós estamos indo para a sua casa, não indo correr uma maratona — brincou.
Não pude evitar revirar os olhos.
— Você jura?
— De dedinho — Gabriel levantou seu mindinho para que eu o entrelaçasse com o meu. Sem querer, eu sorri, o que provavelmente aumentou o ego dele, já que ele riu. Ignorei seu gesto de levantar o mindinho, então ele o abaixou novamente. — Olha, Pilar, agora falando sério...
Gabriel tentava falar comigo, mas eu continuava andando e apressando o passo. Não sei por que ele ainda insistia, mas talvez eu gostasse disso. Eu gostava de brincar um pouquinho com ele, para que ele visse que não é o único brincalhão da relação.
Relação de coleguismo!
— Dá pra você parar?! — ele falou com a voz um pouco mais séria.
Eu parei de andar e me virei para encarar Gabriel, que vinha logo atrás. O que eu não esperava era que, em vez de ele parar também, continuou andando, fazendo com que seu corpo colidisse com o meu. Como eu me virei sem aviso prévio, acho que a bola de cristal dele não funcionou para avisá-lo a tempo de parar. Só não caí no chão porque suas mãos firmes seguraram minha cintura, impedindo que eu perdesse o equilíbrio. Senti meu coração dançar com aquela proximidade. Seus olhos verdes encaravam os meus castanhos, intensamente. Era como se, sempre que nos olhávamos daquele jeito, uma bolha se formasse em volta de nós e meu corpo flutuasse. Não havia mais chão embaixo dos meus pés, tudo o que eu sentia era sua mão em minha cintura e a palpitação descompassada do meu coração.
Para a minha surpresa, daquela vez, quem quebrou o contato foi ele. Minhas bochechas esquentaram, entregando o quão nervosa eu estava com a situação. Ajeitei meu vestido depois que Gabriel me soltou e depois de alguns segundos, finalmente tive coragem de olhá-lo.
— Eu ia dizer que... — ele pigarreou, provavelmente também estava nervoso. Achei a situação um tanto engraçada, já que ele quase não ficava assim, tímido. Era fofo. — Você tem que parar de me evitar desse jeito, Pilar. Eu não gosto disso.
Gabriel coçava a nuca, ansioso pela minha resposta. Demorei um pouco para respondê-lo. Por incrível que pareça, ele estava com razão. Eu tinha que parar de evitá-lo daquele jeito e lidar com as coisas de uma forma mais madura. Dei um passo à frente, inclinando minha cabeça ligeiramente para cima e olhei no fundo dos seus olhos.
— Só se você me pagar um açaí.
Então eu virei-me e saí andando novamente, deixando um homem confuso para trás. Pude perceber que ele ficou um tempo parado, provavelmente tentando processar o que eu tinha acabado de dizer. Era justo; eu pararia de ignorá-lo se ele me pagasse um açaí, coisa simples. Eu sempre fui apaixonada por açaí.
Alguns segundos depois, Gabriel me alcançou novamente.
— Fala sério, Pilar. Eu nem recebi ainda!
— Se vira, Gabriel. É tudo ou nada — falei, parando de andar depois que chegamos ao lado de fora do hospital. — E eu não te evito. Apenas mantenho uma distância consideravelmente segura entre nós para não nos desentendermos.
Ele riu, irônico.
— Engraçado... você não mantinha essa distância depois que decidimos nos resolver e antes de me acusar injustamente de ter espalhado aquele boato ridículo.
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O boato - Shortfic Gabrilar
RomanceApós um falso boato sobre Pilar ter sido espalhado pelos funcionários da escola, a professora, desestabilizada, culpa seu colega de trabalho pelo mal-entendido.