Esse capítulo pode parecer meio confuso, mas é bem assim que eu imagino a cabeça da Pilar, já que ela é toda confusa mesmo.
Boa leitura!
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Pilar's POV
Parecia que o universo conspirava contra mim.
E, talvez, estivesse conspirando mesmo. Mas o que eu fiz, afinal?Abri lentamente meus olhos, demorando para me acostumar com a claridade da luz. Quando finalmente pude analisar onde estava, me encontrei em uma maca de hospital tomando soro na veia.
Pela iluminação do quarto, já estava de noite, pois parecia que apenas a lâmpada ligada iluminava o local. Eu não conseguia raciocinar direito, de qualquer maneira. Meu corpo estava frágil e parecia que um caminhão havia passado por cima de mim. Porém, já não sentia meu rosto quente, igual como me lembrava vagamente de hoje mais cedo.
A última coisa que me lembro é Elisa confessando ter espalhado aquela mentira sobre César e eu no jardim do colégio. Por Deus, parecia que eu não tinha um dia de paz. A diretora Norma brigou tanto comigo que eu não sabia onde enfiar a minha cara. Por mais que eu tentasse dizer que era tudo mentira, ela se fazia de surda às minhas palavras. Do jeito que falava comigo, parecia que eu tinha feito da vida dela um inferno.
Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi a porta do quarto sendo aberta por um moço jovem de cabelos pretos que usava um jaleco. Devia ser o enfermeiro.
— Oh, me desculpe, moça — ele se prontificou a dizer quando me viu acordada. — Achei que não tinha acordado ainda.
Acho que ele se desculpava por não bater na porta antes de entrar. Eu sorri em compreensão.
— Tudo bem.
— Eu sou o Doutor Liam e estive te acompanhando durante esse tempo. Como se sente?
Eu fiz uma careta, ainda deitada na maca. Não estava com muita coragem de me mexer para ficar sentada.
— Melhor — respondi, minimamente. — Obrigada por perguntar, apesar de... ser seu trabalho.
Ele riu, assentiu e começou a caminhar em minha direção, mas, de repente, parou, parecendo se lembrar de algo.
— Ah, tinha esquecido. Você tem visitas — o doutor abriu a porta ainda mais e convidou a pessoa para entrar.
— Oi, professora...
Gabriel apareceu, tímido, com a cabeça levemente inclinada para baixo, mas ainda assim me olhando. Meu coração errou as batidas por alguns segundos quando nossos olhos se cruzaram e senti minhas bochechas esquentarem.
Era inevitável não notar sua cara de cansaço, mas, mesmo assim, ele sorriu para mim.
Por mais que eu não me lembrasse de muita coisa (ou não quisesse lembrar), alguns flashbacks ainda se passavam pela minha cabeça. Quando meu corpo amoleceu, na sala da diretora, foi ele quem me segurou. Ele me chamava, chamava e chamava, mas eu não tinha forças suficientes para respondê-lo.
Se eu pudesse, o expulsaria daqui agora mesmo. Diria que ele já fez muito e eu não precisava de mais nada. Isso me dava ódio. Ao mesmo tempo que eu queria que ele saísse, queria que ele ficasse.
Eu não respondi ao seu cumprimento de imediato, pois não sabia muito bem como agir diante da situação. Eu estava péssima, acabada, destroçada, e ele estava ali, sorrindo para mim, se aproximando da maca cada vez mais. Tudo parecia acontecer em câmera lenta. Eu sentia que ia cair, mesmo deitada, e se caísse, torcia para que ele me segurasse novamente.
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O boato - Shortfic Gabrilar
RomanceApós um falso boato sobre Pilar ter sido espalhado pelos funcionários da escola, a professora, desestabilizada, culpa seu colega de trabalho pelo mal-entendido.