Recomendo vocês lerem com alguma trilha sonora. Pode ser com a música que eu coloquei aqui ou outra.
Boa leitura!
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Pilar's POV
Depois que terminamos de tomar o açaí, Gabriel pediu um Uber para irmos até a minha casa. O tempo que passamos na sorveteria havia sido bom e leve, como se existisse apenas nós dois no mundo. Nossa conversa fluía tão bem que me fazia esquecer dos problemas que eu teria de enfrentar segunda-feira. A forma divertida de como Gabriel sorria e brincava durante nosso diálogo era única, me fazendo ficar ainda mais confortável.
Ao chegarmos em frente à minha casa, Gabriel pagou o motorista e nós descemos. Como a casa dele era relativamente perto da minha, ele disse que dava para ir a pé.
Logo após ele descer, olhei-o e tomei coragem para perguntar o que eu sentia que deveria.
— Você quer entrar?
Gabriel me olhou, surpreso e um pouco assustado. Era compreensível, já que eu sempre fui meio arisca. Ele levantou as sobrancelhas e, quando eu achei que não iria aceitar, disse:
— Já que você convidou — deu de ombros e saiu andando na minha frente até a porta de casa.
Foi a minha vez de erguer as sobrancelhas. Abri a boca, quase incrédula com a sua facilidade de aceitar o meu convite, mas não pude evitar rir.
Como era sem-vergonha!
— Nossa, eu achei que rolaria todo um drama; "Não, Pilar, agora eu não posso, tenho que fazer umas coisas" — falei para ele enquanto pegava as chaves de casa na minha bolsa e abria a porta, sorrindo.
— Eu até pensei em fazer um draminha, mas te conhecendo bem, sabia que você não insistiria e me dispensaria fácil, fácil — ele sorriu de volta e, depois que eu destranquei a entrada, esticou a mão em minha frente para que eu entrasse primeiro.
Entrei e deixei as chaves em cima da mesa, junto com a minha bolsa. Pedi para Gabriel fechar a porta depois que entrasse e ele assim fez. Mal sabia ele que, depois de pensar muito durante o caminho, talvez eu tivesse insistido caso ele negasse o meu convite.
Eu finalmente me sentia disposta para conversar com ele sobre a confusão da semana, mesmo que não fosse cem por cento. Ainda estava com medo de dizer algumas coisas que estavam entaladas na minha garganta. Mas, como eu já havia dito para mim mesma, não havia mais para onde fugir, não havia mais por que fugir. Eu não poderia me esconder daquela conversa para sempre, mesmo se quisesse. Por mais que Gabriel sempre respeitasse o meu espaço, ele também deveria seguir os próprios princípios, e era nítido que desejava ter essa conversa o quanto antes.
— Quer uma água? — perguntei a Gabriel depois de pedi-lo para sentar-se no sofá da sala. — Um bolo, alguma coisa...
Eu nem tinha bolo em casa. Estava um pouco nervosa demais com o fato de ter que conversar com ele, agora, sobre um assunto delicado.
— Não, obrigada — ele recusou, para minha sorte. O curioso passeava os olhos por cada canto da minha casa, parecia analisar cada detalhe. — Na verdade, eu aceito uma água sim.
Revirei os olhos e peguei uma garrafa de água da geladeira, colocando em um copo e entregando-o logo depois.
Sentei-me no sofá ao lado dele e o observei terminar de tomar o copo d'água todinho para começar a falar.
— Eu... te convidei para entrar porque queria conversar sobre... você sabe — comecei, sentindo minhas pernas tremerem e minhas mãos suarem sobre meu colo. Abaixei a cabeça por um momento, sem muita coragem de prosseguir.
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O boato - Shortfic Gabrilar
RomansaApós um falso boato sobre Pilar ter sido espalhado pelos funcionários da escola, a professora, desestabilizada, culpa seu colega de trabalho pelo mal-entendido.