Capítulo 7

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Gabriel's POV

Ao sair do quarto de Pilar, foi como se uma mochila cheia de pedras pesadas tivesse sido retirada das minhas costas. Finalmente, me senti leve.

Apesar das coisas não terem ido tão bem em relação à teimosia de Pilar de insistir em me afastar, ainda me sentia maravilhosamente bem por ter conseguido ajudá-la de alguma forma. Não iria cobrar qualquer tipo de reconhecimento por isso, pois fiz de coração e sem esperar nada em troca. Porém, não poderia negar que fiquei muito feliz quando ela, minimamente, me agradeceu.

Eu não sei exatamente o que me mantém perto dela. Pilar é difícil de lidar, sempre me evitando e me dando patadas sem motivo algum. Certo, às vezes eu dou um motivo ou outro com as minhas brincadeiras, mas é só mais um ato inevitável meu de diverti-la.

Hoje mais cedo, vê-la daquele jeito em meus braços, tão fraca, me desesperou. Eu estava morrendo de medo de fazer algo errado e acabar piorando a situação, mas graças a Deus, no final deu tudo certo. Achei um tanto engraçado saber que ela estava tão bem a ponto de praticamente me expulsar do quarto. Embora eu quisesse ficar.

Quando eu já estava quase na saída, um celular vibrou no meu bolso. Ao pegá-lo, rapidamente pude notar que não era o meu e sim o de Pilar.

Que droga, esqueci de devolver.

Pensei em guardá-lo no bolso novamente e devolvê-lo para a professora antes de ir embora, mas o nome do contato salvo da chamada ganhou minha atenção.

Era César.

Eu sabia que era errado e pediria desculpas depois, mas a vontade de atender foi maior. Atendi a chamada e coloquei o celular no ouvido.

— Boa noite, professora Pilar — César falava animado do outro lado da linha. — Eu só queria dizer que já comprei os ingressos para o nosso cinema amanhã.

Franzi o cenho, inevitavelmente. Fiquei quase incrédulo, mas conhecendo Pilar e a atenção especial que ela dava para esse tonto, não era nenhuma surpresa gigantesca.

Eu só achei que, diante do boato falso espalhado pelos funcionários da escola, ela finalmente o deixaria de fora da sua vida. Mas, pelo visto, eu estava enganado.

Recompus minha postura, embora César não me visse, passei a mão pelo meu cabelo e me prontifiquei a respondê-lo.

— Ela não vai, César.

Sabia que não era certo, mas parecia mais forte que eu. Na hora, sequer pensei nas consequências que esse impulso poderia me causar. Talvez Pilar ainda quisesse, mesmo morrendo, ir com ele amanhã, não é?

— Quem é? — o veterinário perguntou do outro lado da linha, sua voz parecia nervosa agora.

— É o Gabriel.

— O professor? — seu tom agora demonstrava raiva. Não era a minha intenção causar ciúmes nele, mas já que ele sentiu, não podia fazer nada. — E o que você está fazendo com o celular dela, hein?

Me segurei para não rir. Ouvi-lo bravo era muito engraçado. Porém, agora não era o momento para brincadeiras.

— Ela não está se sentindo muito bem, César, mas falarei para te ligar quando puder, tá bom? — falei seriamente, porém me divertia um pouco com a situação.

Se não fosse pelo sacode que Pilar ia me dar quando estivesse completamente curada, eu teria ido mais longe.

César bufou do outro lado da linha.

— Não sei se acredito em você.

— Pode não acreditar se quiser, mas quando ela não aparecer no encontro amanhã, não venha dizer que eu não avisei.

O boato - Shortfic GabrilarOnde histórias criam vida. Descubra agora