A DAMA DA MAFIA - Vol. I

16 - Il silenzio è d'oro.

16 - O silêncio é ouro.

VALENTINA

Enquanto estava escuro e silencioso, aproveitei para escapar da cabana. Há coisas que eu preciso saber antes de voltar para a mansão. Estive todo esse tempo pensando em resolver o problema alheio, mas hoje percebi que o poder está exatamente onde eu mais duvidei, na minha própria mão. Sinceramente não sabia pelo o que eu estava lutando... como sempre por toda a minha vida. Mas depois que tive o desprazer de pegar Antonio e Chiara no quarto ao lado, uma enorme ficha caiu sobre mim. Eu acabei me convencendo a seguir o seu plano, mas na verdade estava apenas me permitindo ser usada. Será que eu até estava gostando dessa reaproximação com o meu demônio do passado? Provavelmente eu ja estava me deixando levar pela sua boa lábia. O feitiço foi quebrado, e agora eu pude entender melhor. De alguma forma percebi que estava nutrindo uma esperança de que as coisas fossem diferentes por aqui, mas é óbvio que ele continua o mesmo homem que armou para me tirar de sua vida, enquanto eu carregava uma parte dele comigo. De madrugada quando tivemos nossa conversa, foi tão claro como água, que ele não sabe com quem esta lidando. Não é por que eu poupei sua vida pelo mal que me fez, que isso me torna alguém boazinha. Eu apenas lhe dei pontos pelo que vivemos na adolescência, mas agora eu só irei me lembrar do Antonio adulto. O mesmo que planeou e executou coisas terríveis contra o próprio filho, mesmo que não saiba diretamente o que fez. Que se dane! Eu não vou mais ser seu cachorrinho.

Corro pela mata de sapatos masculinos, e me amaldiçoou por não ter pensado melhor no plano. Mas tudo bem, agora ja é um pouco tarde para se preocupar com isso. Confesso que é melhor do que se eu estivesse com meu salto agulha. Acabei vestindo um casaco de Antonio por cima da minha roupa, e uns sapatos masculinos que encontrei pela casa. Tanto faz, quis ganhar tempo. Preciso traçar um plano e definir meus próximos passos, mas para isso preciso de espaço. E com o meu querido noivo em cima de mim, eu não consigo pensar direito. Enquanto estive na balada, tentei ligar a Victor... mas como esperado ele não me atendeu. Com ele sei que vou entender melhor o que esta havendo, e sei também que ele não consegue esconder nada de mim. Eu não me importo com a rixa entre as mafias ou toda essa guerra inútil que eles criam para continuar fazendo seus atos ilícitos. O que não consigo sossegar é sobre o que houve com o meu pai recentemente. Eu ainda não engoli essa palhaçada de casamento, se até ontem eu sempre fui incentivada a ser feliz e livre.

Depois de quase uma hora andando pela mata sem rumo, ouço o telefone apitar e encontro sinal. Finalmente! Logo varias ligações perdidas começam a aparecer. Antonio é a maioria, como ja esperado. Mas uma ligação faz meu coração vibrar... Victor! Retorno imediatamente e fico ansiosa por uma resposta. Dois toques são suficientes, e então escuto sua voz.

- Ciao. — uma voz grossa me recepciona.

Victor era um homem digamos que... rústico. Se portava de uma forma rigorosa, e sua voz exalava sua masculinidade. Como um típico homem da máfia, usava sempre ternos escuros. Tinha uma barba grossa, cabelos cacheados. Ele mantinha seu cabelo comprido, e sempre amarrado em cóque. Era gostoso de olhar... pena que não me fazia sentir aquele frio na barriga.

- Ciao. — atendo tímida. Não sei qual será sua reação depois das minhas últimas atitudes.
- Por que me ligou? — responde curto e grosso. Presumo que as novidades ja o alcançaram.
- Preciso que me busque. Pode vir? — tento.
- Me mande a localização, estou indo. — confirma imediatamente. Bingo!

Das poucas certezas que eu tinha na vida, era do poder que eu tinha sobre esse homem. Era patético às vezes.

ANTONIO

Acordo com o corpo todo doendo, ontem a noite tive que dormir no sofá e acabei capotando sentado. Dói tudo, preciso levantar e me alongar. Olho o celular, já são quase 10 a.m., vou ir ver como Valentina está. Enquanto me levanto, decido que é melhor passar na cozinha e preparar um café. Ela costuma ser mais dócil quando tem um café pela manhã. Costumava, que seja. Preparo também um sanduíche, e vou até o quarto.