O Homem e seu Cachorro

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08/10/2023 (19:11)

Num domingo à noite, por volta das 17h00, estava no meu quarto, refletindo sobre a minha vida, sozinho em casa. Decidi jogar um pouco de atenção para a chuva e o trovão que fermentavam lá fora, enquanto aqui dentro, protegido, apenas esperava por ela passar. Desliguei as luzes do quarto, fechei a porta e me vi imerso na escuridão completa. A lua raiava em direção à minha janela aberta, enquanto a chuva caía. Acendi o meu cigarro e olhei em direção à lua, a única coisa constante que iluminava aquele momento de tanta tristeza e abandono em meu coração infinito. Continuei pensando, tragando mais uma vez e outra até o fim do cigarro. Então, parei para refletir e percebi que nada disso fazia sentido. Vivemos vidas absolutas em realidades com condições diferentes, mas nunca levaremos nada dessa vida para além da morte. Pensamos em certas coisas que nos fazem viver, que nos trazem felicidade e vontade de viver, mas nada disso é verdade. Somos apenas ossos, carne, suco e excremento, coisas que levaríamos para um caixão após morrer. Apaguei o meu cigarro, joguei a bituca lá fora e fechei a janela. Os trovões se fundiam com a água que ainda pingava, e o som era ruim para os ouvidos. Decidi então pegar o meu cachorro no colo e, sendo assim, meu escritório se abriu. Peguei o meu notebook e comecei a escrever palavras, linhas e frases, todas sem sentido em minha cabeça, mas dentro do meu coração, a aura delas fazia sentido. Ninguém pode julgar o que eu sinto, muito menos eu. Vou jogar fora o que os outros dizem, mas ainda assim, continuo me sentindo sozinho. Não pela tristeza de estar sozinho, nem pela chuva, mas sim pela solidão e pelo temor de viver uma vida inteira sozinho. Neste momento, somos apenas eu e meu cachorro, o homem e seu melhor amigo, lado a lado, iluminados pela luz do notebook, com as luzes apagadas. É apenas isso e nada mais. Quando meu cachorro decidiu dormir, o tirei do meu colo e o coloquei em sua cama. Fiquei novamente sozinho em minha cadeira, com o notebook aberto e apenas uma folha em branco. As palavras me chamam, mas o que escrevo não faz sentido. Será que algum dia, em algum lugar, conseguirei escrever de fato o que estou sentindo? Algum dia, penso eu, mas hoje não.

Textos Ácidos para Pensamentos AdormecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora