Mesa de Café

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17/01/2024 (20:15)

Acabei de sentar-me numa mesa, envolto em solidão, percebendo que as pessoas à minha volta não valorizam minha presença. Sinto-me estranhamente como o centro do universo, com todos passando ao redor, mas sem que ninguém realmente me veja. Questiono-me sobre o que é necessário para atrair atenção, para ter companhia aqui, comigo. Esse pensamento leva a um paradoxo incrível: sinto-me o centro das atenções, mas, ao mesmo tempo, invisível. Embora eu saiba que há pessoas circulando ao meu redor, nenhuma delas parece me notar.

Espero que alguém responda ao meu chamado silencioso, mas esse chamado permanece sem resposta. Com o passar dos dias, continuo sozinho, preparando meu café, minhas sopas, torradas — sempre sozinho — nunca encontrando alguém que faça o mesmo por mim. Assim, permaneço solitário: apenas eu, meu café e minha mesa, sem ninguém ao meu lado.

Nessa solidão, os minutos parecem horas. Cada gole de café é uma lembrança da ausência de diálogo, dos risos compartilhados, dos olhares cruzados. À minha volta, o mundo segue em seu ritmo frenético, indiferente à minha quietude. Reflito sobre a ironia de estar cercado por tantos, mas, ao mesmo tempo, tão isolado. Cada pessoa que passa é um universo próprio, imerso em seus pensamentos e afazeres, enquanto eu permaneço aqui, um espectador solitário em meio à multidão.

E assim, dia após dia, repito os mesmos gestos, sento na mesma mesa, com o mesmo café. A esperança, outrora tímida, agora se dissipa como o vapor quente da xícara que segurava. Não há mais expectativa de ser visto, de ser ouvido. Apenas o vazio, que se instala como um velho conhecido, preenchendo cada canto da minha alma. O mundo continua a girar, e eu, estático, permaneço à deriva, envolto em minha própria solidão, à espera de uma companhia que nunca chegará.

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