Resignação

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14/08/2024 (09:24)

Duas pessoas que se amam, unidas pelo medo do julgamento das pessoas ao seu redor, um só corpo, uma só alma, e o mesmo temor compartilhado. Apenas seguimos o rumo da vida, procurando em outras bocas o que não nos atreveríamos a encontrar uma na outra.

O sentimento é apenas uma membrana pegajosa sobre a ferida aberta em um corpo que se distancia da verdadeira forma de sentir. Preso a uma prisão chamada corpo, uma só danação chamada mente, e uma única maldição chamada amor.

Te amar é dor, e a dor que sinto não será liberada apenas por escorrer, mas sim por escrever cada vez mais sobre você na minha pele, porque a dor da lâmina não se compara à tortura de não pertencer a você. Sem você, sinto-me fadado à dor eterna. Enquanto te espero, me dilacero aos poucos, mesmo sabendo que minha alma não foi feita para nadar perdidamente neste mar sombrio que chamo de mente.

Enquanto o tempo avança, sinto que a cada dia a dor se transforma em uma sombra mais densa, cobrindo o que um dia foi luz. O amor que compartilhamos é como uma flor murcha, ainda presa na memória, mas sem cor, sem vida. A saudade é um eco incessante que ressoa em meu coração, lembrando-me de que, mesmo na ausência, você permanece presente, como uma cicatriz que nunca desaparece.

Em cada esquina do meu ser, seu nome sussurra em silêncio, e sua imagem se recusa a se apagar. Meus pensamentos são labirintos sem fim, onde me perco buscando uma saída que parece sempre distante. A mente, esse campo de batalha, torna-se um lugar sombrio, onde as esperanças se misturam com a dor e o desejo, formando um quadro grotesco da realidade que vivo.

O amor, que deveria ser um abrigo, transformou-se em uma prisão que não posso abandonar. E, no entanto, há uma beleza crua em tudo isso, uma poesia na dor que sinto. É uma lembrança constante de que amei alguém que merecia o mundo, mesmo que esse mundo nos tenha separado. E enquanto escrevo essas palavras, sinto como se estivesse desabrochando em um campo de flores mortas, cada verso uma tentativa de ressuscitar o que já não existe.

A cada noite, a lua testemunha meu lamento silencioso. A solidão se torna uma companheira familiar e, mesmo na escuridão, busco consolo nas estrelas, imaginando que elas guardem os segredos dos meus sentimentos. É como se cada brilho fosse um fragmento de você, refletindo a dor e a beleza que deixaram uma marca indelével em minha alma.

E assim, sigo, navegando entre as memórias e os sonhos desfeitos, carregando um amor que não se extingue, mesmo que a esperança pareça tão distante. O mar sombrio da minha mente é vasto, mas, em cada onda de tristeza, há uma pequena centelha de luz, uma promessa de que, mesmo na dor, o amor verdadeiro nunca desaparece.

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