Pedra

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09/03/2024 (00:20)

Me sinto uma pedra, uma rocha, estática há milênios. Não ando, não rolo, apenas permaneço parada, esperando minha degradação. Estou à beira de um precipício, aguardando o tão esperado dia em que uma avalanche de pensamentos me assombrará.

A cada dia que passa, sinto o peso do tempo acumulado sobre mim, como se as eras pudessem ser tocadas em minhas fissuras. A solidão é minha única companhia, fria e silenciosa, tal como eu. Sou imune ao passar das estações, mas por dentro, desmorono lentamente, pedaço por pedaço, mesmo que por fora pareça inabalável.

O vento sopra, às vezes com suavidade, às vezes com fúria, mas nunca é suficiente para me mover. Permanecer assim, imóvel, é um fardo que carrego. Esperando. Sempre esperando. Não sei ao certo o que espero – talvez a queda, a libertação que a gravidade promete. Talvez, quando finalmente despencar desse precipício, quando o solo me acolher, fragmentando-me em mil pedaços, eu sinta algo diferente, algo além desse vazio.

Enquanto isso, continuo aqui, esquecida pelo tempo, ignorada pela vida que passa ao meu redor. As árvores crescem, as nuvens se movem, e eu... sou apenas uma rocha. Uma pedra, inerte, invisível, aguardando o momento em que, ao fim de tudo, nada restará de mim, exceto a poeira que um dia fui.

Textos Ácidos para Pensamentos AdormecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora