Capítulo 31 Megera

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ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS QUE PODEM SE TORNAR UM GATILHO, (SEQUESTRO E ACIDENTE). CASO SE SINTA DESCONFORTÁVEL PODE PASAR PARA O PRÓXIMO.

O homem ao volante estava fora de controle, seu olhar era sinistro, nem parecia o mesmo Raul que conheci. Eu pedi, implorei para que parasse, ele costurava pela rua movimentada com o olhar preso no trânsito. Mais de um carro de polícia nos seguia, e ainda assim, ele conseguia seguir em frente fazendo manobras muito arriscadas.

— Pare, você vai bater! — Eu gritava apavorada, quando ele corria na contramão.

— Você é minha, só minha, vamos para longe viver a nossa vida. Quero me casar, ter filhos, serei o melhor marido que a vida poderia te dar.

— Eu fico contigo, Raul, mas por favor, pare — implorei.

— Eu não vou para a cadeia, Cíntia!

— Não, você não vai, nós vamos para nossa casa, lembra? O nosso apartamento, vamos recomeçar do zero, só nós dois.

— Mentirosa, você só quer me iludir — Raul começou a chorar ao volante.

— Não, eu falo sério, vamos para nossa casa, só eu e você e mais ninguém.

— Promete?

— Sim.

— Seremos felizes, minha princesa, eu e você, juntos como está escrito nas escrituras — ele finalmente começou a reduzir a velocidade. — Você é a minha metade.

Um barulho alto me chamou a atenção e atrás dele veio uma sequência avassaladora, eram os policiais atirando.

— Droga!

— Pare, Raul, eu te imploro!

Mais disparos, me encolhi amedrontada, mas isso parecia não afetar o motorista ao meu lado.

— Desistam seus otários — ele gritava, voltando a acelerar. — Felizes para sempre, eu e minha garota.

Seu semblante era algo sinistro, olhar estreito, sorriso fino elevando o canto da boca, definitivamente eu não conhecia o homem ao meu lado. Raul praticava corrida de kart, ele não tinha medo da velocidade, era apaixonado por tudo o que envolvia corrida automobilística, acredito que isso facilitou sua fuga.

Era esperto e conseguia desviar sem muitas dificuldades, dava cavalinho de pau, subia em calçadas, foi um terror até que entrou em uma estrada de chão. Por incrível que pareça, a mesma estrada onde passei com Otávio e Manu a horas atrás, a estrada que levava para a fazenda.

O pensamento de que pudesse estar indo para minha casa invadiu minha mente. Pensei em meus pais, meus amigos, Rodolfo, ele não podia chegar até lá, estava armado, descontrolado. Não, definitivamente não podia.

— Raul, eu faço tudo que você quiser, mas pare o carro — implorei mais uma vez.

A poeira da estrada era intensa não permitindo a visão atrás de nós, o que dificultou o trabalho da polícia. Raul pulava os relevos da estrada com aquele carro correndo feito um louco, ao menos ali não tinha movimento. A polícia atirava, mas parecia que alguma coisa desviava as balas, sei lá se não miravam para acertar por ter refém ali dentro, também não tive tempo de pensar nisso.

— Não atende! — Ele gritou quando meu telefone tocou.

O aparelho havia caído na lateral da porta em algum momento da fuga, olhei para a tela acesa e vi a foto de Rodolfo aparecendo. Eu atendi, já estava tudo perdido mesmo.

Trinta dias para me vingar do homem que me traiuOnde histórias criam vida. Descubra agora