Max
Trabalhar naquele lugar nunca foi meu sonho, muito menos estava nos meus planos, mas meu pai estava passando por dificuldades, estudar e achar um emprego é muito cansativo, então decidi ajudar. Comecei a trabalhar em uma sorveteira junto com ele, temporariamente é claro, mas por enquanto serve até conseguirmos pagar as contas.
É um lugar bem tranquilo, não tenho do que reclamar, só vem gente rica e mimada pra cá mesmo, então não fiquei preocupado em acabar esbarrando com alguém da faculdade, as pessoas de lá é tudo ferrado da grana igual eu (se não até pior).
Estava atrás do balcão, entediado com os mesmos pedidos se repetindo, pessoal sem criatividade, tinha que ser rico mesmo.
Ouvi o barulho do sino da porta se abrindo mais uma vez, olhei ainda com o tédio sobre mim para a pessoa e acabei levando um leve susto, era Bradley.
Merda, por um momento esqueci que ele também era tão rico e mimado quanto o resto dos clientes daquele lugar. Quando vi, ele já estava na minha frente, com aquele sorriso pretensioso e irritante como sempre.
—O que vc quer Bradley?
Perguntei olhando sério para ele que segurava uma sacola de mercado.
—Quero conversar com vc.
Ele disse me olhando com determinação.
—Só pede o seu sorvete e vai embora, não quero ter encrenca por sua causa.
—É sério Max. Eu te trouxe um presente.
Ele disse trazendo a sacola até o balcão. Nunca pensei que Bradley me daria um presente. Na verdade, nunca pensei que ele daria um presente a alguém na vida dele.
—Obrigado?
Abri a sacola ainda um pouco desconfiado e ai..... era bom de mais para ser verdade.
—Ah vai se fuder Bradley, que merda é essa? Vc me deu a porra de um cesta básica??
Olhei para ele ainda incrédulo com o "presente" que tinha me dado.
—Com licença, vcs dois vão demorar muito? Eu e minha esposa queremos pegar nosso sorvete.
O senhor logo atrás de Bradley falava com uma voz calma.
—Sinto muito senhor, um instante e já irei atende-los.
Tentei ser o mais simpático possível para que os clientes não percebecem minha irritação com Bradley.
—Vi a foto no Instagram que vc postou com seu pai, achei que estava precisando, só tentei fazer uma boa ação, porque essa reação?
Bradley disse cruzando os braços e levantando uma das sobrancelhas.
—Para de se fazer de sonso seu metido, pega essa merda e vai embora.
Naquele momento já não ligava mais se as pessoas na fila estavam começando a se irritar pela demora, que se foda todos, a única pessoa que eu conseguia ouvir naquele momento era Bradley, que me olhava com uma certa tristeza.
—Tá bom então, desculpa por ajudar! pobre é tudo igual mesmo!!
Ele sai bufando da sorveteira e eu decido fazer uma pausa, o que ele achou que fosse acontecer me dando uma cesta básica? Ele só podia estar zombando de mim, só pode ser isso, garoto escroto.
...
Estava na sala dos funcionários ainda pensando no quanto Bradley era um completo idiota, quando sinto uma mão no meu ombro.
—Filho tá tudo bem? Achei que estaria no caixa atendendo os clientes.
Meu pai disse preocupado e se sentando na cadeira ao meu lado.
—Estou bem pai, só mais um cliente babaca como sempre...
Falei tentando tranquiliza-lo.
—Entendi, esses clientes são muito arrogantes mesmo. Mas acho que já está bom por hoje, pode ir embora, eu cuido das coisas daqui em diante.
Eu realmente amo o meu pai, mas deixar ele cuidar da loja sozinho... melhor não, não quero que demitam nós dois depois de tanta luta para conseguir esse emprego. Afinal, não é atoa que o chamam de "Pateta".
—Pai acho melhor não, o senhor que devia ir descansar, a Sylvia disse que vcs iriam fazer macarronada juntos hoje.
—Meu Deus, eu quase me esqueci!! Obrigado por me lembrar Max, eu vou ir embora tá, fecha a loja por mim!!
Meu pai dizia apressado, indo embora sem nem antes tirar o uniforme, ele é mesmo muito Pateta.
...
Eu estava exausto, inocência minha achar que trabalhar em uma sorveteira não me traria cansaço. Meus pés caminhavam em direção ao dormitório enquanto pensava do porquê Bradley tinha me dado aquela cesta, e me questionei mais ainda quando percebi que já estava levando-a junto comigo.
Estava tão distraído e cansado que mal percebi que logo na esquina estava Bradley olhando seu celular, talves esperando por algo... ou alguém. (Confesso que fiquei com um pouco de ciúmes ao pensar nessa segunda possibilidade).
De repente, nossos olhos se encontraram, como nas muitas vezes que isso havia acontecido, senti um arrepio tomar meu corpo, olhar para ele sempre me causava esse sensação estranha que eu odiava, mas ainda não assim não conseguia parar de olhar.
Bradley se aproximou de mim sem quebrar a troca de olhares.
—Oi Max...
Ele parecia relutante, como se quisesse me dizer algo mais.
—Oi Brad.. veio zombar de mim de novo? Porque sinceramente eu não tô com paciência agora.
Respondi amargamente.
—Eu... acho que me expressei errado. Minha intenção não era essa, eu só queria ajudar...
Por mais tosco que aquilo parecia, senti que ele falava a verdade, mas quem sai por aí dando cestas básicas para as pessoas?
—Melhor eu ir embora, não quero te irritar mais ainda.
Ele passa por mim rapidamente de cabeça baixa. Me virei para trás olhando para Bradley indo embora, pensando em agarra-lo e impedi-lo, mas acabei desistindo.
...
—Cheguei!!
Gritei passando pela porta.
—Finalmente cara, achei que vc ia morar naquela sorveteira.
Bobby dizia enquanto jogava videogame vidrado na tela da TV.
—Vc trouxe comida? Tô morrendo de fome!
PJ falou já se levantando do sofá e vindo até mim
—O que vc trouxe? São salgadinhos?
—É uma cesta básica.
Os dois me olharam confusos esperando uma explicação.
—Bradley me deu, não perguntem o porque, nem eu sei.
Os dois só se olharam e voltaram para o sofá desapontados.
—Sério isso? Não vão querer ver o que tem dentro?
Disse tentando convence-los, mas sem sucesso. Bem, de qualquer forma seria mais comida para mim.
Quando abri a sacola acabei vendo um bilhete. Desde quando aquilo estava ali? Eu não me lembro de ter visto aquela hora na sorveteria.
"Oi Max, desculpa pelo jeito que te tratei aquele dia. Me liga."
Olhei atrás do bilhete e estava seu número de telefone.
Bradley, ainda espero pelo dia em que finalmente vou te entender.
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Obcecado por você... (Maxley)
RomanceO que começou como uma provocação entre um calouro e seu veterano, acabou se tornando uma obsessão. Por mais que tentassem se odiar, mais o desejo crescia e a obsessão um pelo outro só aumentava. Ódio e desejo, andando lado a lado, ou talves, poderi...