Dia Ruim

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Bradley

Acordei com Max em meu peito. Ele estava totalmente apagado, dormindo agarrado em minha cintura. Afinal, qual era a tara dele com essa parte do meu corpo em?

Acariciava seu cabelo com cuidado para não acorda-lo, ele era uma fofura quando não estava falando.

Aos poucos, fui me soltando de seu abraço, e quando finalmente me levantei, olhei para seu relógio: "10:27". Nossa, dormi tanto assim? Não era da minha rotina levantar tão tarde, que sensação estranha.. até poderia jurar estar esquecendo algo..

Coloquei minha camisa e fui até a cozinha. Vou fazer um pão com ovo, acho que pelo menos isso ele deve ter em casa.

Passando pela sala, levei um leve susto ao encontrar aquele amigo de Max deitado no sofá. Já havia me esquecido de sua existência, e por um momento, pensei ser um mendigo que invadiu o dormitório enquanto eu e Max estavamos...

Ao relembrar, dei um sorriso bobo. Para alguém que nunca fez isso com uma cara antes, ele até que mandava bem... Foco! Chega de pensar bobagens Bradley!!

Fui até a cozinha e preparei o melhor que consegui fazer com um pão de forma e ovos, que por algum motivo estavam dentro do forno em vez da geladeira.. vai entender.

Meu celular vibrou em meu bolso. Sério, essa hora da manhã? Visualizando as notificações, vi que era meu pai. Merda.

"Onde vc está? Esqueceu que dia é hoje?"

"Eu te avisei umas mil vezes para não se atrasar seu imprestável."

"Se vc não vir agora vou te deserdar de vez!"

E vários xingamentos que não me dei ao trabalho de ler. Havia me esquecido da festa de confraternização, porque tinha que ser hoje?

Peguei o restante das minhas roupas no quarto e saí apressado pela porta. Encontrei o primeiro táxi disponível e lhe paguei uma gorjeta extra para que fosse o mais rápido possível. Meu pai vai me matar se eu chegar atrasado nessa festa idiota.

...

-Onde vc esteve?

Meu pai apertava meu braço enquanto me arrastava para um canto até estarmos sozinhos.

-Eu te avisei que se cometesse mais um erro eu não o perdoaria Bradley!

Ele estava furioso, seu rosto estava vermelho e com o cenho franzido.

-Sinto muito, não vai acontecer novamente.

Meu pai deu um suspiro, aos poucos ele iria se acalmar, (pelo menos era o que eu esperava).

-Onde vc esteve?

Fiquei em silêncio por um momento. Merda, o que eu deveria responder?

-Eu.. Estava ajudando um amigo.

-Vc já teve desculpas melhores, agora diga a verdade Bradley.

O que eu disse não era uma total mentira, mas acho que agora já não faz diferença, meu pai nunca acreditaria em mim mesmo.

- É verdade. Ele está passando por dificuldades, então decidi ajudá-lo. Acabei me distraindo e perdi a noção do tempo. Sinto muito de verdade.

Acho que isso o convenceu, mesmo que ainda esteja um pouco irritado comigo.

-Tanto faz, coloque uma roupa descente e depois venha me encontrar.

Suspirei aliviado quando ele se afastou. Depois dos jogos não poderia mais cometer deslizes, e ele me mataria se descobrisse o que eu realmente fiz com o meu "amigo" noite passada.

O lugar era bem elegante, e eu sempre gostei de ambientes sofisticados como aquele. Mas, naquele momento, me peguei passando o dia inteiro circulando pelos cantos da festa, tentando evitar meu pai, o que não adiantava muito, já que ele sempre acabava me puxando para perto de si sempre que podia.

Tudo aquilo estava um tédio, completamente cheio de gente velha. Pelo menos, a comida estava boa, embora eu mal tenha conseguido aproveitar, já que meu pai me dava beliscões a cada vez que eu pegava um pedaço. Não entendo por que ele faz tanta questão de que eu venha a essas festas. Será que ele quer bancar o pai legal para seus amigos? Acho que nunca vou conseguir entendê-lo.

...

Já estava anoitecendo enquanto eu andava pela rua. Meu pai até ofereceu uma carona, mas ele é a última pessoa que quero ver agora, e mesmo que eu odeie adimitir, queria ver Max, queria muito ir vê-lo, por isso decidi ir em seu dormitório me explicar, conhecendo-o bem, ainda deve estar dormindo.

No caminho, percebi que meu celular havia acabado a bateria, que merda, não tinha carregado ontem a noite (e naquela situação que estávamos, duvido até que Max tenha carregado o dele).

Enquanto caminho pelas ruas, penso no que direi a Max quando nos encontrarmos; sair sem avisar é algo que até eu considero irritante. Sinto uma pontada de culpa por tê-lo tratado mal e pelo presente que lhe dei com aquela cesta (mesmo que eu ainda não entenda completamente o porquê dele ter ficado tão irritado).

Quero me desculpar, embora ainda me sinta um pouco desconfortável em fazer isso. Meu pai sempre disse que pedir desculpas era sinal de fraqueza, mas ele também é o mesmo homem que me fez perceber hoje, que a ultima coisa que eu quero, é ser como ele: mandão, arrogante e incapaz de ouvir as pessoas ao seu redor. Não quero que Max me veja como alguém que não se importa com os sentimentos dele, e mesmo que uma parte de mim ainda esteja relutante com isso, não quero correr o risco de complicar nossa relação já conturbada.

Quando passei por uma sorveteria do outro lado da rua, ouvi uma risada familiar, aquela risada fofa que só uma pessoa poderia ter. Olhei rapidamente para a janela do local e, como eu esperava, lá estava ele, acompanhado de uma garota ruiva. Aquela era a Roxanne que haviam falado? Pareciam intimos.... idiota, para de pensar bobanges... eles eram.. apenas amigos..

Estava paralisado, mesmo tentando desviar meu rosto, meus olhos não conseguiam parar de olhar aqueles dois tão felizes e rindo alto pelo local. Não conseguia me mover, meu coração estava apertado e meu peito parecia pesado, como se apenas respirar já me causasse dor. Senti uma lágrima descer pelo meu rosto, que limpei logo em seguida. Recuperei meus sentidos na hora e comecei a andar rápido para o dormitório dos Gammas.

Aquilo foi só um mal entendido, amanhã nós conversamos e vai dar tudo certo.. Pelo menos eu espero.... Meu Deus, eu sou muito idiota, imaginando coisas que nem se quer são verdade.. mas mesmo assim.. porque isso ainda dói tanto... Que merda, maldito calouro, quer saber, que se fodam eles, e pensar que eu iria me rebaixar a ponto de pedir desculpas.

...

-Eai Bradley, tá tudo bem?

-Agora não Tank, me deixa em paz.

Passei direto em sua direção, não estava com paciência pra lidar com qualquer merda que os Gammas quisessem de mim naquele momento.

-Blz cara... ah, vc vai-

Bati a porta antes de escutar o que ele havia dito, não quero ser incomodado tão cedo pelo idiota do Tank.

Coloquei meu celular para carregar e, assim que liguei, fui direto procurar alguma mensagem de Max.

-Parece que ele não mandou nada... Porra, o que custava mandar uma mensagem?

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⏰ Última atualização: 10 hours ago ⏰

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