dream

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Eduarda Hippler

Eu pensei estar sonhando quando senti os lábios dela sobre os meus mais uma vez. Ela parecia querer aquilo tanto quanto eu. De início, estávamos apenas conversando normalmente enquanto minutos depois estávamos próximas o suficiente para nos beijarmos.

Mesmo com a iluminação mínima conseguia capturar cada detalhe do seu rosto, queria ficar com aquele momento gravado na mente. Os seus olhos escuros que agora permaneciam indecifráveis, sua pele do rosto macia e os seus lábios entreabertos e convidativos.

Virei meu olhar para a varanda e ajeitei o meu corpo para ficar mais confortável, mas sou interrompida por ela levantando e pegando uma almofada no sofá. Observo silenciosamente e então ela se senta do lado de novo e gesticula para que eu pudesse deitar em seu colo.

Eu amava estar apaixonada por ela.

Amava tanto que comecei à pensar em inúmeras possibilidades diferentes, desde como contaria até como não contar. Imaginei estar perto dela e poder agir como sempre quis, tê-la para mim e mostrar o lado bom de ser apaixonada por alguém. Como seria o dia em que isso acabasse? Ou melhor, isso vai acabar?

-No que tanto pensa que seu coração acelerou? -diz baixo enquanto direciona seu olhar para mim.

-Pensando em possibilidades e consequências. -falo devagar olhando para os seus olhos.

-Não gosto quando você resolve falar as coisas indiretamente. -fala olhando fixamente para mim.

-Você não ia gostar de ouvir tudo o que quero falar diretamente. -vejo suas sobrancelhas se curvarem levemente.

-Se fosse sobre você eu ouviria pelo resto da madrugada.

-Não teria resto da madrugada porque estou morta de sono. -sorrio fechando os meus olhos.

-Esqueci que eu atrapalhei seu sono, perdão Duda. -diz e coloca a mão em meu ombro.

-Tá brincando? Fez mais do que o suficiente por mim hoje. Se tem alguém que pediria perdão sou eu. -coloco minhas mãos sobre a barriga em sinal de conforto.

-Você comeu alguma coisa depois que chegou? Porque lá no luau você só bebeu. -coloca suas mãos no meu cabelo e começa a mexer em meus fios.

-Só bebi água. Eu estava péssima e meio que ainda estou. -fecho os olhos aproveitando o carinho dela em meu cabelo.

-Não quero ninguém acordando ruim depois, quer que faça alguma coisa pra você comer?

-Você é um desastre na cozinha, pior do que eu. -rimos juntas.

-Se você acordar passando mal amanhã já sabe, eu tentei ajudar.

-Mas qual prato você me oferecia agora? -a encaro novamente.

-Seria eu. -sorri abertamente dando uma piscada de lado.

-Sendo assim eu vou querer comer dessa comida logo. -curvo os lábios em um sorriso ainda olhando para ela.

Ficamos em silêncio apenas aproveitando a companhia uma da outra. Os ventos gélidos começaram a me incomodar ao nível que fiquei arrepiada e com frio, mas eu não queria sair dali. A companhia dela estava me fazendo tão bem.

-Duda, você não acha melhor cada uma ir para o seu quarto descansar? Aproveita enquanto o meninos não chegam. -encosta suas mãos delicadamente em mim.

-Se você for comigo eu vou sim. Não quero ficar sozinha. -levanto a cabeça do seu colo.

-Nem parece que queria que eu voltasse para o luau. -diz convencida cruzando os braços.

-Mas isso foi antes, agora minha opinião mudou. -falo enquanto ajeito meu cabelo.

-Você muda de opinião rápido demais. -ela sorri e se levanta.

-É que você não tinha me beijado ainda, por isso mudei de ideia. -me levanto parando em sua frente.

Inicialmente é como se ela estivesse congelada em seu lugar, mas toda nossa proximidade fez com que ela apenas virasse o seu corpo em direção ao quarto.

-Vai me fazer companhia até os meninos chegarem? Não quero ficar sozinha, Sofi. -falo seguindo os seus passos.

-Se você não ficar se pendurando em mim eu faço sim. -fala encostada na porta. -Vai dormir ou ficar igual morcego andando pela casa?

No quarto tinham duas camas, justamente porque eu aceitei dividir com o Caick e com o Marcos. Por já está com bastante sono, apenas me deito. Não sinto nenhum movimento do meu lado e conhecendo bem a Sofia, ela com toda certeza está deitada na outra cama. Acho que estou processando a sua dedicação comigo hoje, por momentos até esqueci toda tensão e nervosismo que foi tirado de mim pela mesma pessoa que me deixa nervosa.

Minha cabeça vaga por Sofi ter me beijado minutos atrás, seu toque leve e pura eletricidade entre nós duas. Eu arriscaria tudo por ela, e isso seria a prova de que eu estou disposta a tudo.
Resolvi ter certeza do que o que temia, mas era necessário. Depois do seu aniversário eu contaria sobre Matteo e sobre o que eu sentia, ela não merecia ser enganada por ninguém. Não queria estragar essa semana eufórica, mas faria de tudo para evitar a presença de Matteo próxima à ela.

Quando eu quase me entrego ao sono, sinto a presença dela do meu lado. Seu cheiro inconfundível entra pelas minhas narinas, e em um impulso viro o meu corpo e me abraço ao dela.
Sofi não me empurra ou tem alguma atitude ruim, ela apenas passa os seus braços ao meu redor e segura uma de minhas mãos. Sorrio involuntariamente com sua atitude, eu amava o fato dela deixar claro que eu era uma exceção.

E amava mais ainda pensar na possibilidade de um dia tê-la para mim.








Entre sonhos e realidades -Sofia e Doarda Onde histórias criam vida. Descubra agora