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Sofia Santino

Estar com meus amigos era uma das melhores coisas que acontecia, e por mais que não admito tanto, eles são minha segunda família.
Saio devagar e tentando fazer o mínimo de barulho possível. Depois de tantos gritos e bebidas, nós reunimos para dormir. Em partes, é claro. Me virei inúmeras vezes e nada de conseguir dormir.

Eu estava sentada sozinha no banco de madeira do térreo, tentando encontrar um pouco de paz em meio ao caos que se instalava na minha mente. A luz suave do corredor iluminava meu rosto, mas a escuridão dos meus pensamentos não parecia se dissipar. Olhei ao redor, sentindo o peso da solidão me envolver. É estranho pensar assim às vezes, mas acho que isso é o efeito da bebida em mim ou só o meu subconsciente me alertando que é normal ter problemas.

Eu só tenho 23 três anos porra!

Enquanto pensava, senti a presença de alguém. E quando vi, era Doarda se aproximando com uma garrafa de vinho. O coração deu um pequeno salto. Sempre que ela estava por perto, algo dentro de mim se acalmava. Incrível como fiz o mínimo de barulho possível e mesmo assim ela apareceu e segurando uma garrafa do que eu gosto de tomar quando não me sinto bem.

- Oi, Sofia - disse ela, com um sorriso. - Você está aqui sozinha?

Eu sabia que parecia distante. A verdade é que precisava de um tempo para processar tudo o que estava acontecendo. E a ansiedade me consumia.

- Só precisava de um tempo. Não consegui dormir - respondi, tentando esconder a verdade de que estava perdida em meus próprios pensamentos.

Doarda se sentou ao meu lado e me entregou a garrafa. O gesto simples trouxe um pouco de conforto.

- Vamos dividir isso então. Pode ser que ajude um pouco.

Conforme começamos a beber, o silêncio entre nós era pesado e eu podia sentir a preocupação dela. Eu queria me abrir, mas tinha medo do que isso poderia significar para nós duas. Começamos a falar sobre coisas sem sentido e logo as risadas começaram a fluir, mas ainda havia uma tensão sutil no ar.

Quando meu celular vibrou e vi o nome de Matteo na tela, não pude evitar o sorriso que surgiu involuntariamente nos meus lábios.

- Ele me chamou para sair amanhã - disse eu, cheia de expectativa.

O olhar de Doarda mudou instantaneamente; havia algo ali que não consegui decifrar. Era como se o estômago dela estivesse revirando.

- Que... legal! Você gosta dele?

Senti um frio na barriga com a pergunta dela e hesitei antes de responder:

- Eu... ainda não sei.

Doarda olhou para mim com atenção, como se estivesse tentando entender mais do que eu estava disposta a compartilhar.

- E você? Como você tem se sentido depois de parar a terapia? Eu vi que você disse no vídeo do seu canal que estava melhor.

- Eu... estou tentando me manter bem. É só que às vezes sinto falta de ter alguém para conversar sobre as coisas, mesmo que me façam mal. -ela desvia o olhar do meu mas volta sua atenção novamente para mim.

A expressão preocupada dela fez meu coração derreter um pouco.

- Sabe que estou aqui para você, não é? Não precisa passar por tudo sozinha. -digo a ela e toco em sua mão involuntariamente.

- Eu sei... é só difícil às vezes. Mas foi um grande avanço Sofi, e agradeço por você ter me ajudado da forma que conseguiu.

Conforme continuávamos conversando e rindo, eu percebi como era bom ter Doarda ao meu lado. O tempo parecia voar enquanto compartilhávamos nossos medos e alegrias como se fôssemos as únicas pessoas no mundo. Minha cabeça estava cheia por eu ter problemas comigo mesma, e era quase a mesma coisa com Doarda.

Quando mencionei sobre sair com Matteo, senti uma dúvida surgir dentro de mim:

- Preciso decidir sobre amanhã... Não sei se quero sair ou ficar aqui com você.

Doarda olhou para mim com um brilho nos olhos e sugeriu:

- E se você ficasse aqui comigo?

A ideia fez meu coração acelerar novamente e eu sorri ao perceber o quanto valorizava aqueles momentos com ela.

- Isso parece incrível!

-É uma brincadeira Sofi. Um cara te chama para sair por estar interessado e você simplesmente quer ficar comigo? -ela encosta em minha mão.

-Mas e se eu estiver interessada em outra pessoa?

E novamente o clima pesa. A expressão de Duda fica indecifrável e nos encaramos como se nossos olhos estivessem em guerra. Naquele momento percebi que havia algo mais profundo entre nós - uma conexão especial. Decidi guardar esse sentimento só para mim. Havia muito mais a explorar entre nós antes que qualquer outra coisa pudesse interferir na nossa amizade.

-Bom, mesmo que não esteja supostamente interessada nele, não desperdice sua noite de amanhã comigo. Só se a minha companhia for a melhor. -diz sorrindo e fazendo uma expressão engraçada.

-Eu que não vou expor o que estou pensando agora sobre isso. -viri o restante de vinho da garrafa em minhs boca e deito em seu ombro.

-Mas se precisar contar seus problemas...

-Já sei, te mando mensagem.

-Eu iria falar para ir transar, fumar maconha ou começar na terapia. -ela ri de leve passando o braço em volta de mim trazendo meu corpo para mais perto.

-Então retiro o que disse sobre gostar da sua companhia.

-Você nem chegou a falar isso, Sofi. -ollha para o meu rosto e coloca o fio que estava desalinhado atrás da minha orelha. Sorrimos juntas e o clima permaneceu leve.

Talvez realmente não tenha falado. Mas quem se importa? Doarda era uma das melhores pessoas que eu poderia pedir para ter em minha vida.

E eu amava ter essa oportunidade.

Entre sonhos e realidades -Sofia e Doarda Onde histórias criam vida. Descubra agora