someone else

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Sofia Santino

A sala estava cheia de risadas e uma energia vibrante que só uma noite de jogos em grupo poderia trazer. Caick, Mascos, Lusca e Douglas estavam animados, discutindo as regras dos jogos enquanto eu observava, sentada ao lado de Doarda. O clima entre nós estava tenso. Eu ainda não conseguia esquecer a mensagem que enviei: "É por isso que ficou nervosa?" E Doarda não teve coragem de responder. Eu preciso urgentemente falar sozinha com ela, mas se dou essa chance agora os meninos não vão dar descanso. Até que Caick parece ler o meus pensamentos.

- Vamos lá, meninas! - Caick interrompeu meus pensamentos. - Que tal vocês arrumarem as tábuas com os queijos e as especiarias? Vamos descer para buscar as bebidas e esperar o Gab no estacionamento.

Fiz um sinal de cabeça, tentando esconder meu nervosismo. Doarda olhou para mim, mas desviou rapidamente o olhar. Era como se estivéssemos em um jogo de esconde-esconde emocional, cada uma tentando evitar a outra. Ela entendeu bem o que Caick insinuou e não teve nenhuma reação muito aparente.

Enquanto os meninos saíam, nós ficamos sozinhas no apartamento. O silêncio entre nós era constrangedor enquanto começávamos a organizar as frutas, castanhas e queijos nas tábuas.

- Então... - comecei hesitante, cortando um pedaço de abacaxi. - O que você acha dessa combinação?

- Parece boa - respondeu Doarda, sem olhar para mim.

O silêncio voltou a reinar por alguns instantes até que eu não aguentei mais.

- Você se quer abriu o vídeo? - perguntei, quebrando a barreira invisível que nos separava.

Ela finalmente me encarou. Seus olhos estavam cheios de emoções que eu não conseguia decifrar. Deu para ver que seus músculos travaram. Que porra! Só queria conversar normalmente com minha melhor amiga, mas isso parecia algo impossível.

- Eu abri sim, sofi. - disse ela lentamente.

Aquela frase simples carregava tanto peso. Eu tinha medo de tocar no assunto, mas a curiosidade me empurrava para frente.

- Depois do vídeo... eu mandei aquela mensagem porque senti que você ficou nervosa. E te conhecendo bem, sei que é por eu não ter tocado no assunto antes de você ir embora. Sei que você estava nervosa por alguma razão - confessei, tentando ser honesta.

Doarda suspirou e começou a mexer nas castanhas com as mãos.

- Eu... eu fiquei nervosa porque não sabia como reagir. Não esperava que aquilo fosse acontecer - ela disse finalmente, olhando para baixo.

Nossos olhares se cruzaram novamente, e eu senti uma onda de alívio misturada com ansiedade.

- Você não precisa ter medo de falar sobre isso comigo. Eu só queria entender o que você estava sentindo - continuei, buscando a sinceridade nas minhas palavras.

Ela hesitou por um momento e então disse:

- Eu gostei do beijo. Mas tudo isso é tão confuso... E depois daquela mensagem, eu só... não sabia como responder. Não que nunca tínhamos ficado antes, mas não sei. É meio estranho parar para pensar nisso.

O peso das suas palavras ecoou na sala silenciosa. Eu também estava confusa e cheia de dúvidas.

- Olha, Doarda - comecei com mais firmeza - eu também fiquei confusa depois do beijo. Mas acho que é normal ter essas inseguranças quando se trata de uma amizade como a nossa.

Ela assentiu lentamente, como se estivesse processando tudo o que eu dizia.

- Você tem razão... Eu só precisava de tempo para pensar sobre tudo isso - respondeu ela finalmente, um leve sorriso começando a surgir em seu rosto.

A tensão entre nós começou a dissipar-se aos poucos, e eu percebi que estávamos nos abrindo uma para a outra novamente.

- Vamos terminar de arrumar essas tábuas antes que os meninos voltem! - sugeri animadamente, tentando trazer um pouco da energia da noite de volta.

Continuamos organizando as frutas e os queijos enquanto conversávamos sobre quase tudo, rindo e brincando como se nada tivesse acontecido. Eu sentia que estávamos nos conectando novamente.

- Então, você não vai acreditar! - começo, com um brilho nos olhos. - Estou ficando com um cara a uma semana. Assim, não é aquelas coisas, mas ele é super atencioso.

- Sério? Me conta tudo! - responde Duda interessada.

- Ele se chama Matteo e é tão divertido! Nós nos conhecemos em uma festa e desde então temos saído algumas vezes. Ele é super atencioso e tem um senso de humor até bom comparado a outros que já saí.

Percebi que Doarda ficou animada com a minha felicidade.

- Finalmente. É incrível como você só pega gente feia. Homens na verdade. -sorri de leve. - Mas e aí? Já saiu com ele.

- Corrigiu porque lembrou que já ficamos. -sorri fraco e solto o ar dos meus pulmões de uma vez, sorrindo de volta. -Mas enfim, nós fomos ao cinema no último sábado e depois tomamos alguma coisa em um barzinho. E ele tem esse jeito tão gentil... Não sei, sinto que tem algo ali.

- Já deve estar pensando em como ele vai te comer.- exclama vendo minha expressão mudar com uma cara de que ela estava certa.

-Ah Duda, ele é meio sem atitude. Se duvidar é viado também. - rimos com minha colocação.

Conforme o vinho ia acabando e o álcool fazia efeito percebi que o clima estava mudando. Quando encarei Doarda, algo no ar parecia diferente. O que era bem estranho, já que os meninos estavam super atrasados e eu e ela tínhamos tomado quase uma garrafa de vinho enquanto conversávamos e arrumavamos nossa tábua de petisco.

- Sabe, eu adoro fazer essas coisas com você - disse ela suavemente.

Senti meu coração acelerar e minhas bochechas corarem enquanto nosso olhar se fixava uma na outra. O silêncio se tornava cada vez mais carregado de tensão. Estávamos tão próximas que podia sentir a respiração dela perto da minha.

Mas antes que pudéssemos dar o passo seguinte, o som da campainha interrompeu nosso momento. Era Gab, Marcos, Caick, Lucas e Douglas chegando para irmos ao nosso destino.

- Ah não! O timing perfeito! - Doarda soltou uma risada nervosa enquanto se afastava um pouco.

Troquei olhares com ela enquanto nos levantávamos para abrir a porta. O grupo entrou animado e começamos a nos dirigir as almofadas. As conversas estavam engraçadas e meio desconexas, e eu ainda sentia a tensão do momento anterior. Os filhos da puta estavam uma hora atrasados e com bebidas alcoólicas em mãos.
Realmente não sei o que teria acontecido se não tivessem chegado,e olha que citei o cara que estou ficando. Mas em agradecimento, pisco para Caick em sinal de que conversei com Doarda e que estamos resolvidas.

Ou talvez não.

Entre sonhos e realidades -Sofia e Doarda Onde histórias criam vida. Descubra agora