Além das cicatrizes: Uma História BTS +18

Saengil chukahamnida saranghaneun Sophia!

Perspectiva de Sophia

Voltar para a mansão foi estranho, como se eu estivesse pisando em um terreno desconhecido dentro do lugar que deveria ser meu refúgio. A dor, o caos interno e a confusão me sufocavam. Eu precisava me afastar de tudo, me distanciar para tentar encontrar algum controle sobre meus sentimentos. A primeira coisa que fiz foi pedir a Minah que me ajudasse a mudar do quarto de hóspedes. Deixar o luxo e o conforto para trás, como a banheira que me acolhia nos dias de esgotamento, parecia pequeno perto da urgência de me afastar de Namjoon e Yoongi.

O novo quarto na ala de funcionários era minúsculo, e cada canto apertado parecia refletir o estado da minha alma: sufocada, comprimida. Mas, ao mesmo tempo, havia uma sensação de alívio. Longe deles, eu poderia tentar me reconstruir, pedaço por pedaço.

Com Jin, as manhãs ganharam uma nova cor. Nossa rotina simples de fazer café juntos criou uma conexão inesperada. Ele, com sua calma e talento na cozinha, trazia um pouco de paz que eu tanto precisava. As conversas fluíam naturalmente, e, por um breve momento, eu conseguia respirar mais leve.

Aos poucos, encontrei pequenos refúgios na mansão. Hoseok se tornou um desses lugares seguros. Nossa paixão por Doramas nos uniu de uma forma que eu não esperava. No fim de quase todas as noites, nos afundávamos em histórias cheias de drama e romance, rindo até chorar ou simplesmente sentindo o impacto das cenas juntos. Hobi tinha uma energia vibrante, mas também uma sensibilidade que me tocava profundamente. Ele parecia entender o que eu não conseguia expressar.

Mas eram Jimin e Jungkook que ocupavam um espaço ainda mais especial no meu coração. Jimin, sempre com aquele sorriso doce e reconfortante, tinha uma delicadeza em sua maneira de ser que derretia qualquer resistência. Ele estava sempre atento, preocupado com todos, garantindo que ninguém se sentisse sozinho. Já Jungkook, meu pequeno furacão de curiosidade e energia, era pura vida. Ele queria absorver o mundo ao seu redor, mas, por vezes, se envolvia em situações complicadas, e eu me via constantemente correndo atrás dele, tentando mantê-lo longe de encrencas.

Com eles, eu podia esquecer a dor por alguns momentos e sentir o calor de algo parecido com uma família.

Fazer bolos para os meninos se tornou minha terapia. Na cozinha, o calor do forno e o ritmo dos ingredientes me traziam uma paz rara. Era como cuidar de uma família que me acolheu sem questionar. Eu adorava ver o brilho nos olhos deles ao provarem cada pedaço, como se minhas criações fossem um abraço silencioso.

Essas pequenas rotinas — o café da manhã com Jin, as noites com Hoseok e a responsabilidade de cuidar dos meninos — me davam uma sensação de estabilidade, mesmo que temporária. Mas, por trás disso, o peso dos meus sentimentos por Namjoon e Yoongi continuava ali, espreitando. Sabia que não poderia evitar essa dor para sempre, mas, por enquanto, criar um espaço seguro era tudo o que eu conseguia fazer.

Naquela manhã, o sol invadia a cozinha. Jin estava focado nas panquecas, Hoseok e Jimin discutiam animados sobre uma viagem, e Jungkook lutava com uma torradeira que se recusava a funcionar. Eram momentos simples, mas me davam um respiro, um raro alívio da tempestade dentro de mim.

Então, havia Taehyung. Sempre à margem, observando de longe. No começo, ele era frio, distante, e nossas interações não passavam de provocações que facilmente se transformavam em brigas. Mas, ultimamente, algo mudou. Ele ainda me implicava, mas de um jeito mais leve, como quando passava pela cozinha e brincava:

- Você tem um plano secreto pra engordar todo mundo com esses bolos? – Ele falava enquanto roubava o pedaço do bolo ainda quente.

—Talvez seja minha vingança silenciosa — respondi, revirando os olhos.