Flesh

The Sound Of Madness

" Você está na minha mente, têm estado aqui a noite toda ''

Eu estava arrumando uma parte do motor de meu barco - Não havia muito o que fazer, mas foi a melhor desculpa que encontrei pra ocupar a mente - E um choramingo dolorido soou do lado de fora.
Pensei que fosse um coiote, procurei mas não encontrei nada próximo a minha casa, talvez eu devesse fazer uma busca em maior área - Se ela estivesse ferido, eu não conseguiria conter, talvez deva ligar para alguém - Me certifiquei de contar todos os cães ao meu redor, sete, ótimo, não era um deles.

Liguei para a única pessoa que eu poderia - Certamente não seria Hannibal, não enquanto eu estivesse evitando pensar nele e no último encontro - Alana Bloom, ela poderia me ajudar com isso.

Não demorou para que ela chegasse, e logo começamos a procurar - Ignorei como ela parecia agir ansiosa por algo- Tinha muita neve, frio geralmente é o que eu gosto, mas agora só parecia me lembrar do calor de algo em específico que eu quero muito empurrar para o fundo do baú trancado em minha mente.

- Se não era um coiote, os coiotes devem ter pegado - Declarei olhando ao redor, não tinham rastros - Provavelmente pegaram mesmo que fosse um coiote.

- Não tá esperando achar ele com vida não é?

A pergunta de Alana soou em minha cabeça, e eu observei enquanto ela andava de forma pouco confortável com os saltos afundando na neve

- Com sorte acharemos uma pata.

Foi uma piada, mas ela me olhou por alguns segundos como se eu fosse louco.
Eu sei exatamente quem teria rido comigo do trocadilho.

- Foi por isso que me chamou aqui ?- Ela me observou, crispando os lábios - Para procurar restos de animais?

Arqueei uma sobrancelha, o que mais ela acharia que seria uma razão de chamá-la?

- Na verdade te chamei para caso encontrássemos ele vivo - Expliquei, ignorando o olhar expectante de sua parte - Eu não sei lidar bem com  animais feridos.

Mal me contenho quando estou ferido - O que basicamente é o tempo todo

Percebi que suas sobrancelhas se juntaram um pouco, os lábios foram abertos quase num 'o' perfeito e seus olhos expressaram algo semelhante a desilusão.

- Por que? - Ah, ela não teria achado que...- Achou que fosse um encontro?

Talvez eu tenha ferido seu ego, já que sua expressão foi habilmente remontada para algo como indiferença.

- Não - Eu senti a mentira em sua fala - Para falar a verdade, eu sequer considerei isso.

Oh, ela realmente pensou... Talvez eu devesse...?

- E por que não?

Ah, ali estava, o sorriso de canto que exala esperança contida.

- Você não tem cara de quem namora.

Me senti ofendido

- Oh, e por que? - Coloquei a mão no peito, como se doesse - Estragado demais para namorar ?

Eu quase não contive a revolta em meu tom - Hannibal jamais pensaria isso....Ah, droga, ele não - Ela pareceu se arrepender minimamente.

- Você não é estragado.

Ela me avaliou de cima a baixo, uh, interessante

- E qual é sua desculpa? Para não namorar?

- Por que supôs que eu não namoro?

- Você namora?

Ah deus, mais uma tentativa, não tenho certeza se ela seria o próximo teste a ser feito.