Capítulo 7: Segredos Sob a Montanha

0 0 0
                                    

O ar estava cada vez mais denso à medida que Elara e Aldren avançavam pelas profundezas da montanha. O caminho era estreito, e a luz do cajado de Aldren projetava sombras longas e distorcidas nas paredes de pedra ao redor deles. Cada passo parecia ecoar, como se a própria montanha estivesse ouvindo sua chegada. O som da respiração de Elara se misturava ao silêncio opressor do lugar, criando uma tensão palpável.

A montanha, conhecida como Durandal, tinha uma história que se perdia nos anais do tempo. Diziam que suas cavernas escondiam segredos antigos, muito antes dos reinos humanos ou dos elfos eremitas. Agora, com os fragmentos da Tríade perdidos e seus mistérios ressurgindo, Elara sabia que dentro dessas rochas repousava algo que poderia mudar o destino de Eryndor.

— Está tudo bem? — perguntou Aldren, olhando para Elara, que tinha o cenho franzido, os olhos fixos à frente.

— Sim, só estou sentindo uma energia estranha aqui — respondeu ela, passando a mão sobre o peito como se tentasse afastar uma sensação incômoda.

Aldren assentiu. — É normal. O poder que emana deste lugar é diferente de tudo que você já encontrou. Este lugar foi moldado pela magia da Tríade, um tipo de força que já estava aqui muito antes de qualquer civilização.

O túnel por onde caminhavam começava a se abrir, revelando uma ampla câmara esculpida diretamente na rocha da montanha. No centro da sala, havia uma grande estrutura de pedra, como um altar, coberto por runas antigas que brilhavam fracamente sob a luz. Elara se aproximou, com o coração acelerado. A energia que emanava daquelas runas era quase tangível, um magnetismo que parecia chamar por ela.

— Este é o lugar que buscamos — disse Aldren, sua voz ecoando nas paredes da caverna.

Elara sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia algo de ancestral e poderoso naquela sala, algo que ela não conseguia compreender completamente. As paredes ao redor do altar estavam cobertas por inscrições, símbolos que pareciam contar uma história em uma língua que ela não conhecia. Apesar de não entender as palavras, Elara sentia o significado das imagens — batalhas, sacrifícios, e, no centro de tudo, a Tríade.

— O que essas inscrições dizem? — perguntou Elara, os olhos ainda fixos nas paredes.

— Elas falam sobre a criação da Tríade e os sacrifícios que foram feitos para manter seu poder selado — respondeu Aldren, aproximando-se do altar. — Muito do que sabemos sobre a Tríade vem dessas inscrições antigas. Cada fragmento foi guardado por um grupo de protetores, e cada um deixou um selo para impedir que o poder da Tríade fosse usado de maneira irresponsável.

Elara assentiu, sentindo o peso das palavras de Aldren. O poder da Tríade era grande demais para qualquer um controlar sozinho, mas agora, com os sinais de seu despertar, ela sabia que era apenas uma questão de tempo até que forças perigosas tentassem reivindicar esse poder.

— Você está sentindo? — perguntou Aldren de repente, interrompendo seus pensamentos.

Elara olhou para ele, confusa. — Sentindo o quê?

— A magia. Ela está reagindo a você.

Elara ficou parada por um momento, tentando entender o que Aldren queria dizer. Ela respirou fundo, fechando os olhos, e se concentrou. Foi então que percebeu. Havia algo ali, uma presença sutil, quase imperceptível, mas que a envolvia. Era como se a própria montanha estivesse viva, observando-a, esperando por algo.

— O que está acontecendo? — perguntou ela, com a voz tensa.

Aldren deu um passo à frente, levantando seu cajado. — Este é o lugar onde o primeiro dos selos foi criado. A magia aqui está conectada à Tríade, e ela sente sua presença. Você é a chave para desbloquear os segredos que foram enterrados sob essa montanha.

Antes que Elara pudesse responder, as runas no altar começaram a brilhar com mais intensidade, iluminando toda a sala com uma luz dourada. O chão sob seus pés tremeu, e uma sensação de peso tomou conta de seu corpo. Ela se inclinou para frente, tentando manter o equilíbrio, enquanto as runas começavam a se mover, como se ganhassem vida.

— O que está acontecendo? — gritou Elara, sua voz abafada pelo som crescente da magia ao seu redor.

— O selo está se abrindo! — respondeu Aldren. — Você precisa se concentrar!

Elara tentou, mas o poder ao seu redor era esmagador. Ela podia sentir a energia da Tríade, antiga e imensurável, envolvendo-a, penetrando em cada célula de seu corpo. A sensação era assustadora e ao mesmo tempo viciante. Era como se todo o conhecimento do mundo estivesse ali, à sua disposição, esperando para ser descoberto. Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que essa energia poderia destruí-la se não fosse cuidadosa.

Ela fechou os olhos, respirando fundo, e tentou se lembrar das palavras de Aldren. Controlar a magia não era uma questão de força, mas de equilíbrio. Ela não podia lutar contra aquela energia, mas precisava direcioná-la, guiá-la.

Lentamente, Elara estendeu as mãos em direção ao altar, deixando a magia fluir através dela. A luz ao redor de suas mãos se intensificou, e as runas responderam, emitindo um brilho ainda mais forte. O chão parou de tremer, e a energia que antes parecia caótica agora fluía de maneira mais controlada.

Então, com um último estalo, o brilho das runas desapareceu, e o altar se abriu, revelando um compartimento escondido em seu interior.

No fundo do compartimento, envolto em um tecido de seda envelhecido, havia um objeto pequeno, mas que emanava um poder palpável. Elara se aproximou, hesitante, e estendeu a mão para pegar o artefato.

Era um fragmento da Tríade.

O fragmento era uma joia de aparência simples, mas sua superfície brilhava com uma luz suave, quase como se estivesse viva. Elara sentiu uma onda de energia percorrer seu corpo assim que tocou o artefato. Era uma sensação de poder, mas também de responsabilidade. Aquele fragmento não era apenas uma fonte de magia; era uma chave para algo muito maior.

— Este é o Fragmento da Luz — disse Aldren, observando-a com atenção. — Um dos três fragmentos que compõem a Tríade. Diz-se que ele concede a visão para enxergar além do véu da realidade, para ver as verdades ocultas e os segredos mais profundos.

Elara segurou o fragmento com cuidado, sentindo seu peso e sua importância. O poder dentro dele era avassalador, mas também tentador. Era como se o fragmento estivesse sussurrando para ela, prometendo-lhe conhecimento e força, mas ao mesmo tempo alertando-a sobre o perigo de ceder completamente a esse poder.

— O que faremos agora? — perguntou ela, sua voz baixa, quase temerosa.

— Agora, precisamos proteger este fragmento — respondeu Aldren, sério. — Mas também precisamos continuar. Ainda há dois fragmentos da Tríade por aí, e não somos os únicos que os estão procurando.

Elara assentiu, guardando o fragmento cuidadosamente. Sabia que sua jornada estava longe de terminar. O caminho à frente seria perigoso, e o poder da Tríade traria consigo inimigos poderosos. Mas, com o primeiro fragmento em mãos, ela estava mais determinada do que nunca.

Os segredos sob a montanha haviam sido revelados, e o destino de Eryndor estava agora nas mãos de Elara.

Corações da TríadeOnde histórias criam vida. Descubra agora