11: O Silêncio Antes da Tempestade

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LUNA MARTINS:

Uma semana se passou, e eu me sentia prisioneira naquela casa. Um lugar luxuoso, sim, mas frio e vazio, sem vida, sem alma. Eu não via Dylan há dias, e a única companhia que eu tinha eram as empregadas que iam e vinham, fazendo seus trabalhos em silêncio. Elas mal falavam comigo, como se soubessem que eu estava em uma situação delicada, como se tivessem medo de se aproximar demais.

Naquela manhã, acordei cedo, como de costume. O sol já batia nas janelas, iluminando o quarto com uma luz suave, mas nada na casa parecia acolhedor. Levantei-me da cama, me alongando antes de colocar minhas roupas de treino. Eu havia começado a treinar boxe nos últimos dias, era a única coisa que me mantinha sã. O exercício físico me dava uma sensação de controle, algo que eu não tinha em outras áreas da minha vida.

Fui até o porão, onde Dylan havia montado uma pequena academia. Coloquei minhas luvas e comecei a bater no saco de pancadas, liberando toda a raiva e frustração que eu acumulava. A cada soco, imaginava o rosto de Dylan, sua voz fria, suas ameaças veladas.

— Esse maldito... — murmurei entre os dentes, socando o saco com mais força.

Os pensamentos sobre os últimos dias me consumiam. Ele simplesmente havia sumido, sem dar explicações, sem qualquer notícia. E eu? Eu estava presa nessa casa, cercada por luxos que não me importavam. Tudo que eu queria era sair, respirar o ar da rua, fazer algo por mim mesma. Mas Dylan havia sido claro: eu estava sob suas ordens, e ele me controlava.

Minha respiração estava pesada, e o suor escorria pela minha testa quando ouvi uma voz atrás de mim.

— Você parece determinada hoje. — A voz grave e familiar me fez parar no meio do movimento.

Virei-me e vi German, o braço direito de Dylan, parado na porta da academia, me observando com os braços cruzados. Ele tinha aquele ar de superioridade, sempre calmo, mas com uma postura ameaçadora. Seu olhar passou de mim para o saco de pancadas, e ele sorriu levemente.

— Você luta bem. — Ele comentou, entrando no ambiente. — Mas precisa trabalhar mais no seu equilíbrio.

Revirei os olhos, tirando as luvas com impaciência.

— O que você quer, German? — Perguntei, sem esconder minha irritação.

— Vim te ver. — Ele disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Você está aqui há dias, sem sair, sem contato com o mundo exterior. Achei que poderia querer companhia.

Ri com escárnio, caminhando até o canto para pegar uma garrafa d'água.

— Companhia? Duvido muito que tenha vindo aqui só por isso.

German deu de ombros, sentando-se em um banco de musculação. Ele me observava atentamente, como se estivesse tentando decifrar o que se passava na minha cabeça.

— Dylan está ocupado. — Ele finalmente disse. — Mas pediu para que eu ficasse de olho em você. Parece que ele confia em você, mas não tanto assim.

— Grande novidade. — Respondi, bebendo um gole de água. — Eu não o vi em uma semana. Vocês acham que eu vou fugir, é isso?

— Talvez. — German sorriu de canto. — Mas você sabe que, mesmo se quisesse, não iria muito longe.

A raiva cresceu em mim novamente. Eu odiava o fato de estar sendo monitorada o tempo todo, como se não tivesse controle sobre minha própria vida. Mas eu sabia que jogar contra eles naquele momento não seria inteligente. Eu tinha que ser paciente, seguir o plano. E o plano era simples: ganhar a confiança de Dylan, fazê-lo acreditar que eu estava do lado dele... até o momento em que eu pudesse destruí-lo.

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