Capítulo 25- Último desejo

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02 de janeiro de 1831 – Inglaterra – tarde – em um silo de trigo.

Dentro do imponente silo de trigo, Benjamin se encontra em um compartimento vazio, separado dos grãos armazenados.

O silêncio é quebrado pela presença de uma criatura que, enquanto se recupera, emite um som gutural que ressoa pelo campo aberto ao redor.

A poderosa vibração sonora faz tremer as paredes do silo, que parecem quase ceder à intensidade do som.

É como se toda a estrutura do silo fosse engolida por um rugido ancestral, um som que não pertence a este mundo, mas que agora ameaça transformar a tranquilidade do campo em um cenário de puro caos.

Benjamin, através de uma pequena rachadura nas paredes do silo, avista a criatura de pé.

Seu corpo grotesco move-se lentamente, como se estivesse inalando o cheiro de Ben pelo ar.

O coração de Benjamin acelera enquanto ele observa a criatura de forma discreta, tentando não fazer barulho.

De repente, como se tivesse captado o menor dos sinais, a criatura vira sua cabeça na direção de Benjamin.

A frieza em seus olhos o paralisa de medo.

Apenas sentir a presença daquela entidade maligna já é suficiente para arrepiar cada centímetro de seu corpo.

Num salto gigantesco, a criatura impulsiona-se do solo, como uma fera à espreita de sua presa.

Em segundos, ela aterrissa com um estrondo no telhado do silo, diretamente acima de Benjamin.

O pavor toma conta dele enquanto escuta os passos pesados da criatura ecoando pelo teto de metal, cada passo ressoando como um aviso sombrio de seu destino iminente.

Benjamin, com mãos trêmulas, começa a carregar seu revólver enquanto escuta os passos pesados da criatura no teto.

Cada movimento da criatura faz o silo inteiro estremecer. Ele sabe que não tem muito tempo.

A pequena janela no silo oferece uma visão parcial do exterior.

É por lá que ele vê a cauda da criatura, uma massa grotesca que se move lentamente. Benjamin se esconde rapidamente atrás de uns caixotes, tentando controlar sua respiração.

O local escuro é seu único aliado, proporcionando a camuflagem necessária.

Os olhos malévolos da criatura surgem na janela, escaneando o interior do silo.

Com um movimento lento e calculado, Benjamin levanta sua arma, o peso do revólver parece ainda maior em suas mãos.

Ele foca seu olhar, prendendo a respiração. Sem que a criatura perceba, Benjamin dispara.

O som é ensurdecedor, e a bala atinge precisamente o olho esquerdo da criatura.

O monstro solta um grito agonizante e cai ao chão com um estrondo, fazendo o silo tremer mais uma vez.

O alívio e o terror se misturam enquanto Benjamin tenta processar o que acabou de acontecer...

Enquanto isso, no covil dos abutres, o Coronel Rosdof e Francis estão encarcerados em uma sala úmida e fria.

O ar é pesado com o cheiro de mofo, e o chão, coberto por uma camada de umidade, torna cada movimento desconfortável. 

Francis, com a certeza de que será torturado por Lucy, sente a adrenalina correr por seu corpo.

Ele olha para o Coronel Rosdof, cujo corpo magro e ferido revela o tormento que já suportou.

Apesar da dor, Rosdof consegue reunir forças para ouvir o plano de fuga de Francis.

A ideia é simples, mas arriscada: o coronel se passaria por morto enquanto Francis chamaria a atenção dos guardas.

Com um aceno silencioso, eles concordam.

Rosdof deita-se no chão, seu corpo frágil ainda, assumindo uma postura inerte e convincente.

Francis, por outro lado, começa a golpear a porta da cela, gritando por ajuda e fingindo desespero.

Os guardas, atraídos pelos gritos, correm até a cela e, ao verem Rosdof "morto", abrem a porta para verificar.

É nesse momento que Francis entra em ação, atacando os guardas com a precisão e a força de um homem desesperado.

Cada golpe é calculado, e a adrenalina transforma sua fraqueza em força.

Conseguindo neutralizar os guardas, ele rapidamente ajuda o coronel a se levantar.

Eles precisam sair dali antes que mais reforços cheguem, e cada segundo é vital.

Juntos, eles avançam pelos corredores sombrios do covil, com a esperança de que o plano ousado de Francis seja suficiente para garantir sua liberdade.

Eles precisavam encontrar Daphne e Nikovik e libertá-los do cárcere. Francis tomava a frente do coronel, sinalizando quando era seguro prosseguir.

O coronel, extremamente cansado, movia-se com passos cambaleantes. A tensão no ar era quase tangível.

De repente, um grupo de guardas surge no final do corredor.

O olhar de determinação no rosto do coronel se intensifica.

"Vá, Francis! Eu irei segurá-los," disse o coronel, reunindo suas últimas forças.

"Não, coronel, eu não te deixarei!" exclamou Francis, com a voz embargada.

"Você precisa encontrar Daphne e Nikovik e sair deste lugar," disse o coronel, lágrimas escorrendo pelo rosto marcado. A aproximação dos guardas, brandindo suas espadas, aumentava a urgência.

"Parem, parem!" gritavam os guardas.

Com um último suspiro de determinação, o coronel reuniu suas forças e correu em direção aos guardas, atirando-se sobre eles.

Os golpes de espada choviam sobre ele, e logo, seu corpo sem vida tombou ao chão.

Francis, visivelmente abalado, reconheceu o sacrifício de seu amigo. Respirando fundo, ele virou-se e correu na direção oposta, determinado a honrar o desejo do coronel e salvar Daphne e Nikovik.

Os passos dos guardas ecoavam no corredor, mas a determinação de Francis era implacável.

A missão agora era mais que uma fuga; era uma promessa de sobrevivência e resistência...

Benjamin WisckOnde histórias criam vida. Descubra agora