𝗆𝗒 𝖽𝖾𝖺𝗋𝖾𝗌𝗍

XIX. A promessa do amanhã

O calor intenso do heat de Harry havia passado, mas o clima entre ele e Louis ainda carregava resquícios daquela intensidade. A manhã seguinte parecia acolher a nova fase em que haviam entrado, como se o silêncio estivesse cheio de expectativas. O mundo ao redor estava calmo, mas dentro deles, algo havia mudado de forma irrevogável.

Louis foi o primeiro a acordar. Ele olhou para o lado, observando Harry adormecido, os cachos despenteados sobre o travesseiro e o rosto calmo, quase angelical. Havia algo incrivelmente pacífico em vê-lo assim, e Louis se sentiu sortudo por poder testemunhar aquele momento de vulnerabilidade, algo que poucas pessoas tinham o privilégio de ver.

Ele se mexeu com cuidado, tentando não acordar o ômega. As memórias da noite anterior ainda estavam vívidas em sua mente, as emoções, o calor, e o que havia acontecido entre eles. Mas, mais do que isso, a revelação da marca de almas gêmeas em seus peitos havia mudado tudo. O vínculo era inegável agora, como uma confirmação silenciosa do destino que os unira.

Louis saiu da cama, foi até a cozinha e começou a preparar um chá, tentando processar tudo o que aquilo significava. A marca de margarida era uma lenda que sempre ouvira falar, mas nunca acreditara que aconteceria com ele. Agora, a presença da marca pulsava em seu peito, quase como uma lembrança constante de que seu destino estava, para sempre, entrelaçado com o de Harry.

Logo, ele ouviu passos suaves e se virou para ver o ômega parado na porta da cozinha, ainda sonolento, mas com um brilho novo em seus olhos. A marca no peito de Harry era visível sob a camiseta que ele vestia apressadamente, e a visão fez o coração de Louis bater mais forte.

⸺͏͏ Bom dia. ⸺͏͏ Harry disse, a voz rouca pelo sono, mas carregada de algo mais.

Louis sorriu, sentindo o calor de uma felicidade tranquila.

⸺͏͏ Bom dia. Fiz chá. Quer um pouco?

Harry assentiu e se aproximou devagar, sentando-se à mesa com um ar pensativo. O silêncio entre eles não era desconfortável, mas carregava a tensão de uma mudança. Ambos sabiam que a partir daquele momento, tudo seria diferente. O vínculo que agora compartilhavam não podia mais ser ignorado.

Enquanto bebiam o chá, Louis não conseguia parar de olhar para Harry, ainda tentando assimilar que eles estavam destinados um ao outro de uma maneira tão profunda. Finalmente, foi Harry quem quebrou o silêncio.

⸺͏͏ Eu... queria saber como você está se sentindo. Sobre tudo o que aconteceu. ⸺͏͏ Ele perguntou, mordendo levemente o lábio, uma expressão hesitante em seu rosto.

Louis olhou para ele, sentindo o coração acelerar. Era uma pergunta difícil, uma que ele também vinha se fazendo desde que acordara.

⸺͏͏ Eu estou bem. Quer dizer... é muita coisa para processar ⸺͏͏ Ele começou, sua voz baixa. ⸺͏͏ Mas eu sei de uma coisa com certeza: não me arrependo de nada.

Harry suspirou aliviado, um pequeno sorriso suavizando suas feições.

⸺͏͏ Eu também não ⸺͏͏ Ele admitiu, corando ao desviar o olhar. ⸺͏͏ Mas isso me assusta. O que vai acontecer agora? Antes, eu podia fingir que não estava acontecendo. Mas agora, com a marca... é real.

Louis assentiu, sentindo o peso das palavras de Harry. Ele entendia perfeitamente. A intensidade do heat havia revelado o que eles já sentiam, mas a marca era a prova de que havia algo muito maior entre eles.

⸺͏͏ Assusta, sim ⸺͏͏ Louis disse suavemente. ⸺͏͏ Mas o que importa é que estamos juntos nisso. Não sei exatamente como vamos lidar com tudo, mas eu sei que não quero que isso nos afaste. Eu quero que nos aproxime ainda mais.