V. Vínculo inesperado

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A última coisa que Louis queria era se envolver na vida de alguém, especialmente alguém como Harry, que parecia emanar calor e gentileza de uma maneira que o alfa não sabia como lidar. Havia algo na forma como Harry sorria, como ele falava com os filhos, que mexia com algo dentro de Louis. Algo que ele preferia manter adormecido.

Eles caminharam em silêncio por um tempo, o som das risadas dos gêmeos enchendo o ar. Harry tentou puxar conversa, comentando sobre o clima ou sobre as crianças, e Louis respondeu de forma breve, sem se comprometer demais. No entanto, apesar de sua reserva, ele começou a perceber coisas sobre Harry que ele nunca havia notado antes. O ômega era extremamente paciente, não apenas com seus filhos, mas também com ele. Ele não pressionava, não fazia perguntas incômodas. Apenas deixava a conversa fluir naturalmente, como se estivesse deixando Louis decidir o ritmo.

Enquanto caminhavam, Louis não pôde evitar observar a maneira como Harry se movia, a leveza de seus passos, o jeito como seus olhos brilhavam quando ele olhava para os gêmeos. E então, havia aquele aroma sutil, quase imperceptível, que parecia envolver Louis sempre que Harry estava por perto. Era um aroma doce e reconfortante, que o fazia sentir uma estranha sensação de calma e... pertencimento. Ele não conseguia entender como algo tão simples podia mexer tanto com ele, mas lá estava, despertando seus instintos de uma maneira que ele não esperava.

Quando chegaram ao parque, as crianças correram para os balanços, rindo e gritando de alegria. Louis se manteve à margem, observando de longe enquanto Harry se aproximava dos gêmeos para empurrá-los. Vê-lo interagir com as crianças de forma tão carinhosa mexia com Louis de uma maneira que ele não sabia explicar. Havia algo tranquilizador na maneira como Harry ria com os filhos, na suavidade com que falava com eles, e isso fazia Louis se perguntar como seria ter algo assim em sua própria vida.

Depois de um tempo, Harry se juntou a Louis no banco onde ele estava sentado, observando as crianças brincarem. Um silêncio confortável caiu entre eles, interrompido apenas pelos sons do parque ao redor. Louis sentiu uma estranha tranquilidade ali, como se, por um momento, pudesse apenas ser, sem as barreiras que costumava erguer ao seu redor.

⸺͏͏ Você parece estar gostando. ⸺͏͏ Harry comentou, lançando um olhar de lado para Louis, um sorriso suave nos lábios.

Louis deu de ombros, sem tirar os olhos dos gêmeos.

⸺͏͏ Eles estão se divertindo... É bom ver isso.

Harry assentiu, a expressão em seu rosto se suavizando ainda mais.

⸺͏͏ É, eles realmente gostam desse parque. Eu os trago aqui sempre que posso.

Louis se acomodou um pouco mais no banco, tentando ignorar o calor que subia em seu peito ao ouvir o tom afetuoso na voz de Harry. Estar perto dele estava começando a fazer com que o alfa sentisse coisas que ele não queria, ou pelo menos não estava pronto para enfrentar.

De repente, uma mudança no ambiente chamou sua atenção. Louis viu um cachorro grande, claramente agitado, correr em direção ao parquinho. Seu coração disparou. Ele se lembrou das palavras de Harry mais cedo, mencionando casualmente que Angeline tinha medo de cachorros.

O aroma de Harry mudou sutilmente, passando de calmo para tenso, e algo em Louis reagiu imediatamente. Sem pensar, ele se levantou em um salto, os instintos alfa assumindo o controle. Ele quase não percebeu a preocupação estampada no rosto de Harry quando começou a correr em direção às crianças.

O cão estava cada vez mais perto, e ele podia ver o pânico começando a se formar nos olhos de Angeline. Um medo genuíno que fez algo dentro de Louis despertar. Com passos rápidos e firmes, ele se colocou entre a menina e o cachorro, erguendo-se em toda a sua altura, emanando uma autoridade natural que ele nem sabia que possuía.

𝗆𝗒 𝖽𝖾𝖺𝗋𝖾𝗌𝗍Onde histórias criam vida. Descubra agora