O Nosso Amor [MORRO]

23.

Jade💋

3 meses mais tarde..

Algumas semanas se passaram desde o nascimento de Miguel e Rubi. O caos inicial se transformava lentamente em uma rotina, ainda que exaustiva. Rafael, o General de postura rígida e sempre tão controlado, agora era um pai completamente devotado. O homem que comanda um complexo e uma facção, agora se via embalando seus filhotes durante as madrugadas, tentando entender as nuances de cada choro.

Eu o observava da porta do quarto, segurando Rubi no colo enquanto ele, com uma delicadeza que nunca imaginei, ninava Miguel.

Jade: você está cada vez melhor nisso, sabia? - sussurrei, encostada no batente, um sorriso brincando em meus lábios.

General: quem diria que trocar fralda seria mais desafiador que uma operação. - ele respondeu, olhando para mim com aquele sorriso cansado, mas satisfeito.

A vida havia mudado drasticamente. Nossas madrugadas eram passadas entre mamadas, choros e breves momentos de descanso. Mas havia algo que nos mantinha de pé, algo que ia além do cansaço físico: o amor que crescia a cada olhar, a cada toque dos nossos bebês.

Uma noite, depois de finalmente conseguirmos colocar os dois para dormir ao mesmo tempo, me sentei ao lado de Rafael na cama. O silêncio da casa era quase irreal, uma paz temporária que sabíamos que não duraria muito.

Jade: você ainda acha tudo isso surreal? - perguntei, deitando a cabeça no ombro dele.

General: completamente. - ele respondeu, passando o braço ao meu redor. - Às vezes me pego olhando para eles e me pergunto como a minha vida virou isso. Eu sou um traficante, Jade. A última coisa que pensei foi que estaria trocando fraldas e cantando para fazer dois bebês dormirem.

Jade: E você se arrepende? - minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.

Ele virou o rosto para me encarar, seus olhos sérios, mas cheios de carinho.

General: nunca. Cada segundo disso vale a pena. Mas eu... - ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado - ...não sei como fazer isso direito. Às vezes sinto que estou improvisando. Que estou fazendo tudo errado.

Jade: ninguém nasce sabendo, Rafael. A gente vai aprender junto. - segurei sua mão e dei um leve aperto. - E você está fazendo um trabalho incrível, mesmo que não perceba.

Ele suspirou, relaxando um pouco mais.

General: Eu só quero ser o pai que eles merecem. Forte o suficiente para protegê-los, mas também presente, carinhoso.

Apoiei a cabeça em seu peito, sentindo seu coração batendo forte.

Jade: você já é tudo isso. E mais. Eles têm sorte de ter você como pai. - sorri, fechando os olhos, deixando o cansaço me dominar.

As noites seguiam com momentos como esses, de questionamentos, medos, mas também de cumplicidade. Aos poucos, estávamos descobrindo nosso jeito de ser pais, de construir uma família enquanto ainda lidávamos com as exigências da vida real.

Mas um desafio maior estava à espreita. Rafael, depois de semanas afastado da boca, recebeu uma notícia que mudaria a dinâmica de nossas vidas. Enquanto preparávamos o café da manhã, o telefone dele tocou. Era um número conhecido.

General: sim... entendo... Quando? - ele escutava em silêncio, o rosto ficando sério. Quando desligou, me encarou com um olhar que já conhecia bem.

Jade: o que aconteceu?

General: uma missão. - sua voz era firme, mas percebi a tensão em suas palavras. - Eu preciso voltar à ativa.

O ar ficou pesado. Sabíamos que esse momento chegaria, mas não estávamos preparados. Não com Miguel e Rubi ainda tão pequenos.

Jade: por quanto tempo? - perguntei, tentando controlar o medo que subia pela minha garganta.

General: não sei ao certo. Pode ser rápido, mas também pode demorar. - ele suspirou, aproximando-se de mim. - Eu não quero ir, Jade. Não agora. Mas não tenho escolha.

Eu sabia o que aquele “não tenho escolha” significava. Ele era um traficante. Tinha um dever que, muitas vezes, vinha antes de qualquer outra coisa. E eu, apesar da dor, entendia isso.

Jade: a gente vai ficar bem. - tentei sorrir, segurando as lágrimas. - Vamos esperar por você, como sempre fizemos.

General: eu vou voltar o mais rápido que puder. Prometo. - ele me puxou para um abraço, sua mão acariciando minhas costas. - Eu amo vocês mais do que qualquer coisa.

E assim, o recomeço da nossa jornada ganhou um novo capítulo. Um capítulo de distância, de saudade, mas também de força. Sabíamos que não seria fácil, mas com Miguel e Rubi em nossos braços, agora tínhamos um motivo a mais para lutar.

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