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Jade💋

A notícia da invasão e do sequestro dos meus filhos, Miguel e Rubi me atingiu como um raio, incendiando meu sangue com um misto de desespero e fúria. Eu fiquei alguns dias ao lado de Rafael no hospital, esperando por um milagre, mas agora, não tenho mais tempo pra isso. Meu instinto materno era mais forte do que qualquer outra coisa. Sequer me despedir. Com passos firmes, sai do hospital, o telefone já em mãos enquanto discava os números certos.

A Maré estava em silêncio quando eu cheguei, mas eu sei que esse silêncio logo se transformaria em uma loucura total. Não tenho dúvidas de que todos estavam atentos aos últimos acontecimentos. Assim que pisei na rua, homens começaram a sair dos seus postos, seus rostos tensos, mas prontos para agir.

Parei no meio da quadra, cercada pelos vapores. A ausência de Rafael era uma ferida aberta na comunidade, mas eu estou aqui para remediar isso.

Peguei o radinho da mão do Kekel e liguei logo falando, sabendo que toda a comunidade iria ouvir pelos sons espalhados pelo complexo.

Jade: aê comunidade, agora eu que tô no comando, eu que tô de frente! - falei com segurança e desliguei.

Houve um momento de hesitação, mas logo o murmúrio de aprovação cresceu entre os vapores. Todos sabiam que eu não era apenas a esposa de Rafael. Eu sou feroz quanto ele, e agora com meus filhos estão em perigo, não havia espaço para dúvidas.

Jade: levaram meus filhos. E isso não vai ficar assim. Eles pensaram que com Rafael no hospital, a Maré ia cair? Tão muito enganados. Quem mexe com os nossos, mexe com todos. Vamos mostrar pro Jacaré do Alemão que ninguém pisa na nossa casa sem pagar o preço. — ergui a mão, firme, e os olhares ao redor se acenderam com a mesma determinação.

Sabia que meu tempo era curto. A cada segundo, Miguel e Rubi podiam estar mais longe, ou pior. Mas eu também sabia que agir com pressa e sem estratégia era entregar a vitória de bandeja aos inimigos. Preciso ser calculista, como Rafael me ensinou.

Jade: kekel, entra em contato com o Falcão e passe o que tá acontecendo. Tatu, quero saber quem entrou no Alemão nas últimas 48 horas. Janjão, tu vai rastrear qualquer movimentação nos becos e vielas. Nada passa despercebido, entendeu? E vocês dois — apontou para mais dois vapores de confiança — preparem as armas. Vamos precisar de tudo o que temos.

A resposta foi imediata. Os homens começaram a se mover, cada um cumprindo suas ordens com precisão. Eu estava de olho em cada detalhe. Enquanto comandava, meu coração apertava, mas minha mente estava focada. As crianças eram prioridade, e eu não deixaria que o pânico atrapalhasse.

Minutos depois, Janjão voltou com informações.

Janjão: Jade, os informantes dizem que os caras que levaram as crianças são novos no Alemão. Ninguém viu eles por lá antes. Acho que vieram de fora.

Jade: novatos... — repeti. Isso era bom. Se fossem novos, talvez ainda não soubessem o terreno tão bem quanto os veteranos. Isso nos dava uma vantagem.

Jade: está na hora de mostrar pra esses amadores quem manda — falei com o olhar duro como aço.

Poucas horas depois, a tropa estava armada e pronta. Os homens de confiança de Falcão e os antigos aliados de Rafael estavam a postos, dispostos a tudo. Respirei fundo, preparando-me para o que estava por vir.

Eu e meus "soldados" atravessamos os limites da Maré em direção ao morro do Alemão, movendo-se como uma sombra invisível na noite. A tensão crescia a cada passo, mas eu não demonstrava nenhum sinal de hesitação. Sabia que uma vez dentro do território inimigo, não havia mais volta.

Quando chegamos ao pé do morro, fiz um sinal com a mão para que todos parassem. Olhei para cima, para as luzes distantes no alto da favela. Ali, entre aquelas vielas, estavam meus filhos.

Jade: a gente não tá aqui pra pedi nada — murmurei, olhando para meu grupo — A gente vai tomar.

E, sem mais uma palavra, avancei. Ao meu sinal  a tropa inteira seguiu, invadindo o morro do Alemão com uma determinação implacável.

O jogo havia começado.

...

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