Os remanescentes raios dourados do crepúsculo se desvanecem, restando somente a infinita escuridão que cobre o céu noturno e é ofuscada pelos telões de anúncios nos prédios. O horário das missas e cultos de domingo já acabou e as famílias passeiam após a ida à igreja, desfrutando a noite sem chuva.
Os ruídos empolgados das crianças entrando no circo é incessante e seus pais são invadidos pela alegria que transborda delas. Maximus observa-as em seu canto, desejando não ser percebido por ninguém e ansiando se esconder debaixo de sua cartola negra, que ele decidiu utilizar com o objetivo de se assemelhar aos britânicos e desaparecer entre os ingleses, o que o seu tom de pele chamativo e maquiagem incomum o impede de alcançar.
Ao lado dele, Ártemis caminha, com passos deslumbrantes, balançando a cauda de seu longo vestido índigo e exibindo um chapéu de mesma coloração, adornado por detalhes negros. E, os acompanhando, Zakhar e Salomão caminham próximos a eles, conversando.
O cenário do ordinário exterior da tenda é transformado em um mágico universo paralelo ao entrar nela. As cores vibrantes inundam a visão deles, as eufóricas notas e acordes da música tocada dominam os ares e quase sobrepõem aos risos dos britânico. A apresentação anterior já encerrou e há um intervalo para a preparação do show de ilusionismo, que em breve ocorrerá, o que resulta no foco dos presentes às outras atrações.
Caminhando em direção ao seu assento, Ártemis encontra um palhaço fazendo algodão-doce após uma fila de crianças, que ela entra imediatamente, se tornando alguém desproporcionalmente grande entre os mini-projetos de pessoas.
Ela sinaliza para seus companheiros, perguntando se eles desejam que comprem para eles também; Maximus responde, balançando a cabeça, que não; Zakhar aceita; e, Salomão, com o olhar reluzindo de curiosidade por aquela nuvem doce, também aceita.
Um momento efêmero é despendido por Ártemis na fila e ela retorna com quatro algodões-doces azuis. Ártemis entrega um para Zakhar e outro para Salomão, ficando com dois.
— Quer um também? — diz, olhando para Maximus.
— De uma cor tão vibrante como esta?
— Só não quer comer porque não é preto?
— Pode ser — Ártemis entrega o algodão-doce a ele, sorrindo.
— Tem pipoca! — ela caminha majestosamente até a fila e aguarda a sua vez enquanto come, e recebe um recipiente enorme, conforme seu pedido — Comprei o suficiente para todos nós — diz, ao retornar — Agora, preciso me concentrar, vi que o show de ilusionismo já começou e a próxima apresentação será a de ginástica.
Os quatro entram em um camarote localizado acima dos assentos da plateia que concede a eles uma visão privilegiada dos espetáculos. Ártemis coloca o recipiente de pipoca em cima da mesa posicionada diante do sofá de estofado negro e adornado por detalhes escarlate, que eles se sentam.
A apresentação logo se iniciará e, sabendo da presença do dos três membros da realeza de Págoma no circo, que são acompanhados “apenas” pelo Salomão, um belo “jovem” italiano de lisos cabelos loiros, pele bronzeada e olhos verdes-claros, que mais aparenta ser um príncipe, decidiu ir ao encontro deles, sendo acompanhado à distância pela Exousía.
Focalor segura seu bilhete enquanto aguarda na fila da entrada, entretanto, ao sentir a presença de um velho conhecido, ele retorna. Quando se distancia das pessoas, corre até Exousía, encontrando-a em um escuro bosque próximo ao circo.
— O Azrael está com eles.
— E daí?
— Não devemos enfrentá-lo.
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O Julgamento do Carrasco
FantasiaA remanescente chama de bondade se apagou no coração dos depravados terráqueos e o Ankou tomou a responsabilidade de executar a sentença merecida pela perversa espécie humana. Ninguém escapava de seu juízo e ele também não escapou do julgamento de s...