De Volta

A chave 🗝

Quando Pablo e Lina voltam à biblioteca, encontram Miguel desesperado. O menino estava agoniado com a demora dos dois, embora só tivessem se passado 10 minutos. Pablo tenta controlar Miguel e pede para ele explicar o que está acontecendo.

— Sua mãe, Lina! Ela não está bem. Assim que vocês saíram, seu celular tocou. Aí atendi e falaram que sua mãe está numa situação de risco — Miguel fala com muita dor na voz, mesmo não sabendo como é ter alguém que ama muito presente e, ao mesmo tempo, partindo. Lina nem espera Miguel terminar de falar e já entra em desespero.

— Eu vou com você, Lina! — Pablo se oferece.

— Não, não! Você tem que descobrir o que aconteceu com sua família. Agora tenho que tentar salvar a minha! Vou ficar bem.

Pablo concorda balançando a cabeça e logo depois dá um abraço que dura 5 segundos. Assim que Lina sai, Miguel se vira para Pablo, fitando-o com o olhar de perguntas.

— Agora não é hora, Miguel. Você vem?

— A gente vai?

— Sim, vamos descobrir juntos! Então, senhor "adulto", espero que seja forte!

Enquanto Lina anda apressadíssima para encontrar logo sua mãe, é interrompida por Tomás.

— LINA! — grita ele. — Lina! Espera!

Lina tenta fingir que não o viu e nem o escutou, mas não funciona.

— Tomás, por favor! Minha mãe não está bem. Preciso ir logo pro hospital!

— Nossa! Eu vou com você então. Faz muito tempo que não nos vemos.

— Sim!

— Vi que agora você está andando com o... como é mesmo o nome dele? Pablo?

— Pablo!

— Ele é meu amigo, apenas!

— Bom...

— O que foi?

— Nada, nada.

Miguel estava nervoso; parecia que ele iria descer de montanha-russa só que sem cinto.

— Ei, relaxa! Não tem o que temer.

Pablo prepara o relógio girando os ponteiros e imaginando pra onde iriam. Apertando o botão, os dois desaparecem da biblioteca, se materializando numa noite escura onde os pais tinham partido de carro.

— Aqueles são os nossos pais saindo de carro? — Miguel pergunta.

— Sim, são eles. É uma pena você não ter se despedido deles — disse Pablo enquanto pegava um carro para seguir seus pais. Os dois embarcam nessa missão; fazendo barulho, o vizinho acaba acordando.

— Ei, trombadinhas! Meu carro! Chamem a polícia!

— Rápido! Rápido, Pablo!

Os dois saem em disparada enquanto Pablo e Miguel correm para longe do vizinho furioso; a adrenalina pulsava em suas veias. O carro que pegaram estava balançando nas curvas, mas eles estavam determinados a alcançar os pais.

— Rápido, Pablo! Precisamos alcançá-los! — Miguel exclamou observando pela janela com a esperança de encontrar o carro dos pais.

— Estou tentando! — Pablo respondeu tentando manter o controle do carro enquanto desviava dos obstáculos da estrada.

A noite estava escura e a estrada parecia interminável. O silêncio foi quebrado pelo som de sirenes ao longe. O vizinho tinha chamado a polícia.

Finalmente, após alguns minutos de corrida frenética, eles avistaram as luzes do carro dos pais à frente quando perceberam que havia outro carro batendo bruscamente na lateral do carro dos pais. O carro se desequilibrou e foi lançado a uma longa distância.

Pablo freou bruscamente e os dois saltaram para fora. Miguel correu até o carro dos pais, que estava todo destruído enquanto avistava o suposto causador fugindo em disparada contra o breu da noite. A polícia chegou logo atrás deles vendo aquela cena; Miguel corre até o carro, mas Pablo o segura — aquela cena era forte demais.

— Não, não! Miguel! — fala Pablo abraçando-o fortemente enquanto Miguel procura por seus pais mortos.

— Me deixa, Pablo! Me deixa! Me deixa! Me deixa! — O grito desesperado de Miguel ecoava naquela estrada deserta.

Quando finalmente a ambulância chegou e os paramédicos retiraram os corpos dos pais já sem vida, Pablo e Miguel olharam para eles e viram seus olhos brilhando como se quisessem falar alguma coisa, mas era impossível. Miguel entrou em um choro profundo como se as lágrimas fossem infinitas e nunca acabassem.

Pablo percebeu algo no bolso da calça do seu pai: uma chave! Ele pegou e colocou no bolso; depois puxou Miguel afastando-o dos corpos dos pais.

— Vem, Miguel! Precisamos ir.