Entre as sombras

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Chegando na escola, Pablo vai ao encontro de Lina, que estava conversando com suas amigas. Quando Lina o avista, corre até ele.

— Oi, como você está? E o Miguel?

— Estou bem. O Miguel tá em casa tentando procurar mais pistas — sussurra Pablo — sobre o relógio.

Lina balança a cabeça, confirmando que entendeu o que ele disse. Enquanto isso, Miguel está procurando alguma coisa na biblioteca empoeirada da sua família. Aquele lugar precisa muito de uma limpeza! Miguel procura em todos os cantos possíveis, mas não encontra nada. Já cansado de subir e descer escadas, abrir e fechar gavetas e ler sem parar, ele se senta no chão, já sem esperanças. Ao se deitar no chão, escuta um barulho estranho debaixo do tapete; parecia que havia uma madeira meio oca. Tirando aquele tapete pesado e sujo, nota que tem uma brecha no chão. Retirando a madeira solta com muito cuidado para não se machucar, ele vê uma figura semelhante a um livro. E era um livro! Um livro grande, com uma capa bem detalhada. Estava muito velho, mas era bem trabalhado e bonito; parecia ter raízes de árvores bem antigas. As folhas eram grossas e amareladas. Pelo que parece, aquele livro estava ali há muito tempo — anos diria.

Ao abrir, Miguel repara que a letra era semelhante à do seu pai; tinha desenhos de objetos que ele nem fazia ideia de que poderiam existir. Ele vai virando as páginas e observando cada detalhe de cada símbolo misterioso. Quando encontra o desenho do relógio igual ao de Pablo, percebe que era como um manual com várias instruções, desenhos das partes separadas do relógio. Mas por que o pai deles teria aquele livro?

— Não faz sentido — pensava Miguel em seus pensamentos — cada vez mais curioso em explorar cada centímetro do livro.

Com o coração acelerado, vai virando as páginas e se surpreendendo cada vez mais com tudo aquilo. Cada ilustração parecia contar uma parte de uma história antiga cheia de segredos e enigmas. Ele notou que havia algumas páginas rasgadas, como se alguém estivesse tentando esconder ou proteger aquelas informações.

Enquanto isso, no caminho para o hospital, Pablo e Lina conversam sobre a situação da mãe dela.

— A situação só piora; consigo notar! Não tenho mais forças.

— Sinto muito por tudo isso, Lina. Queria poder te ajudar.

— Tá tudo bem, Pablo! Eu posso superar isso.

— Mas eu quero que você saiba — diz Pablo olhando fixamente nos olhos de Lina — quero que saiba que estamos juntos!

Aquela frase saiu com um duplo sentido.

— Como assim? — Lina fica sem entender.

— Quero dizer que a gente se conheceu... Só quero que saiba que pode contar comigo como amigo.

Lina dá um abraço bem forte em Pablo e lá estavam os dois na frente do hospital se abraçando.

_Obrigada, você é um bom amigo!_

Entrando no hospital, os dois percebem uma movimentação estranha dos médicos.

"O que será que está acontecendo?" pensam, quando Lina vê sua mãe sendo levada pelos médicos. Lina corre depressa, impedindo que a levem, mas é segurada por Pablo.

_Eles vão levar ela, Pablo! Vão levar ela!_ diz, desesperada.

_Eles vão cuidar dela, Lina! Escuta,_ diz ele, segurando o rosto dela com as mãos. _Sua mãe vai ficar bem._ Em seguida, ele tenta acalmá-la, quando Pablo enxerga dois jovens se escondendo entre as paredes dos corredores.

_Não pode ser!_

_O que?_

_Jack!_

_Ele está aqui?_ se assusta Lina. _Eles vieram; isso é uma ameaça._

Pablo sai correndo atrás de Jack, saindo pelo estacionamento, mas não o vê mais.

_Encontrou ele?_ pergunta Lina, exausta.

_Não. Temos que nos livrar logo desse babaca._

Ao mesmo tempo em que Miguel estava folheando o livro, ele escuta alguém bater na porta. _Quem será?_ pensa consigo mesmo. Miguel não deveria abrir a porta quando estivesse sozinho; ele tinha que esperar Pablo chegar. Mas quem quer que fosse estava com pressa. Miguel se aproxima da porta e olha pelo olho mágico, avistando uma mulher alta e com um porte importante; parecia uma advogada ou algo assim. Miguel não vê problema e abre a porta. A mulher o encara com certa surpresa; aquilo era assustador.

_Pois não?_ fala Miguel, olhando para aquela figura curiosa.

_Olá! Sou a secretária do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente,_ diz ela, sendo bem direta. _Seus pais estão?_

Miguel gela com aquela pergunta, gaguejando ao responder: Não, estão em uma viajem de negócios.

__Tem alguém responsável por você?

Mas que figura impertinente _pensava Miguel.

__Sim, meu irmão está chegando.

__Posso, entra enquanto isso?

Miguel não tinha escolha__pode.

De VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora