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Enquanto os três conversavam tranquilamente no jardim, a voz grave e firme de José Menendez, o pai dos meninos, interrompeu a descontração.

- Charlotte! - chamou ele, aproximando-se com um sorriso educado. - Venha cá, menina. Diga-me, já decidiu para qual faculdade vai depois que terminar o colégio?

Charlotte sorriu, tentando esconder o desconforto que sempre sentia perto dos pais de Lyle e Erik. José sempre a tratara com formalidade, nunca mostrando muito afeto ou descontração, como seus próprios pais faziam, mas ela sabia que ele era uma figura poderosa e influente.

- Ainda estou decidindo, senhor Menendez. - ela respondeu, mantendo a compostura. -Tenho pensado em estudar Literatura, ou talvez História da Arte. Algo que eu realmente goste.

José arqueou uma sobrancelha, com um olhar levemente desaprovador.

- Literatura? História da Arte?" - ele repetiu, como se estivesse analisando a ideia. - São campos interessantes, claro... mas você já considerou algo mais prático, como Administração ou Direito? Seu pai é um empresário de sucesso, imagino que ele gostaria de vê-la seguir um caminho mais... rentável.

Charlotte apertou o sorriso, sentindo a pressão que sempre a cercava quando o assunto era seu futuro.

- Meu pai já mencionou isso, sim. Mas acho que vou acabar escolhendo algo que seja mais a minha cara.

Lyle, percebendo o leve desconforto da situação, entrou na conversa com um sorriso travesso.

- Não se preocupe, pai. A Charlotte sempre foi inteligente. Tenho certeza de que ela vai encontrar o caminho certo.

Erik assentiu, oferecendo um apoio silencioso à amiga.

José deu uma risada baixa, mas a expressão em seu rosto ainda era de alguém que analisava tudo à sua volta.

Antes que José pudesse dizer mais alguma coisa, Kitty apareceu com uma bandeja de bebidas, interrompendo a conversa com seu habitual entusiasmo.

- Ah, José, deixe a menina em paz! Ela ainda tem tempo para decidir o que quer da vida. Agora é hora de relaxar! - disse Kitty, piscando para Charlotte.

José deu de ombros, mas se afastou, juntando-se aos outros adultos, deixando Charlotte respirar aliviada.

Lyle olhou para ela com um sorriso divertido.

- Parece que nossos pais não mudam nunca, né?"

- Nem um pouco. - respondeu Charlotte, rindo, finalmente relaxando um pouco mais ao lado dos irmãos.

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O sol já começava a desaparecer no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados, enquanto as risadas e conversas do churrasco se tornavam mais suaves. Charlotte, Lyle e Erik estavam sentados perto da piscina, observando o reflexo do céu na água tranquila. A conversa com o pai dos meninos ainda pairava na mente de Charlotte, mas o clima entre eles agora estava mais leve.

- Sabe, eu não consigo imaginar você estudando algo como Administração ou Direito. - comentou Lyle, quebrando o silêncio, enquanto jogava uma pedra pequena na água. - Você sempre teve essa vibe de... arte, criatividade.

Charlotte riu suavemente, agradecendo o alívio da tensão.

- É, acho que eu não seria muito boa com números ou tribunais. - ela brincou, sentindo-se um pouco mais à vontade.

Erik, que estava mais calado, observava a cena com um olhar pensativo.

- Seja lá o que você escolher, vai ser bom. - ele disse, em um tom sincero. - Você sempre teve um jeito de fazer as coisas do seu jeito.

Charlotte sorriu para ele, tocada pelas palavras. Erik sempre foi o mais gentil dos dois, e sua sensibilidade era algo que ela apreciava, mesmo que ele não fosse tão extrovertido quanto Lyle.

- Obrigada, Erik. - ela disse suavemente.


Quando o jantar finalmente terminou e os convidados começaram a se despedir, Charlotte ficou um pouco para trás, observando Lyle e Erik enquanto eles conversavam com seus pais. Ela sabia que aquelas férias seriam decisivas, não só para seu relacionamento com os irmãos, mas também para o que ela descobriria sobre si mesma.

Antes de sair, Lyle se aproximou dela mais uma vez.

- Vai ser bom te ter por perto nessas férias, Charlotte. - disse ele, com um sorriso que a deixou sem ar por um momento. - A gente vai se divertir.

Ela sorriu de volta, tentando não demonstrar o quanto aquilo a afetava.

- Eu também acho.

Erik, um pouco mais distante, deu um pequeno aceno, mas o olhar dele dizia muito mais do que suas palavras. Havia uma curiosidade ali, talvez até uma expectativa que Charlotte não sabia ao certo como interpretar.

- Nos vemos em breve. - Erik disse, com um sorriso tímido.

Enquanto ela entrava no carro com seus pais para ir embora, olhou pela janela uma última vez para os irmãos Menendez. As férias de verão estavam logo à frente, e ela sabia que aquilo era só o começo.

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𝐴 ℎ𝑎𝑝𝑝𝑦 𝑒𝑛𝑑𝑖𝑛𝑔?Onde histórias criam vida. Descubra agora