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Início das férias de verão


Os dias passaram rapidamente, e antes que Charlotte pudesse se dar conta, já estava no carro, sendo levada até a mansão dos Menendez. O ar quente do verão californiano entrava pelas janelas, e o céu limpo anunciava que aqueles seriam dias intensos.

- Seja educada, querida. - minha mãe disse enquanto ajeitava a postura no banco da frente. - Lembre-se de sempre agradecer Kitty pelo convite.

- Sim, mãe. - respondeu Charlotte, suspirando internamente.

Quando o carro passou pelos portões enormes da propriedade, Charlotte sentiu um frio na barriga. O lugar parecia ainda maior do que ela lembrava. As colunas brancas da casa refletiam o brilho do sol, e o jardim impecável se estendia até onde a vista alcançava. Ao parar em frente à entrada, Kitty já estava lá, com seu sorriso caloroso, pronta para recebê-la.

- Charlotte, querida! Que bom que chegou! - Kitty disse, abrindo os braços para um abraço. - Os meninos estão ansiosos para te ver.

Charlotte desceu do carro e sorriu para Kitty, abraçando-a com sinceridade.

- Obrigada por me receber, senhora Menendez.

- Oh, por favor, me chame de Kitty! Você é de casa. - ela piscou para Charlotte e então se virou para os funcionários da casa, indicando que levassem as malas da garota para o quarto de hóspedes.

Antes que Charlotte pudesse dizer qualquer coisa, Lyle apareceu na porta da casa, usando uma camiseta casual e óculos de sol, o que só acentuava ainda mais sua confiança natural.

- Vejo que o verão vai ser interessante. - ele disse, com um sorriso provocador.

Charlotte riu, sentindo suas bochechas esquentarem levemente.

- Espero que sim.

Logo em seguida, Erik surgiu ao lado do irmão, mais discreto, mas ainda assim com aquele mesmo olhar curioso de antes.

- Oi, Charlotte. - ele disse com seu sorriso tímido, que a fez relaxar instantaneamente.

- Oi, Erik. Parece que esses dias vão ser divertidos.

- Bom, meninos, levem Charlotte para se acomodar. Vocês têm o verão inteiro pela frente.

Lyle e Erik trocaram olhares cúmplices, e então Lyle acenou com a cabeça, guiando Charlotte para dentro da casa.

O interior da mansão era ainda mais luxuoso do que Charlotte se lembrava, com os pisos de mármore e os quadros caros nas paredes. Eles subiram as escadas em direção ao quarto de hóspedes, e Charlotte não pôde evitar notar o quanto Lyle e Erik pareciam diferentes um do outro, mesmo sendo irmãos. Lyle era todo energia, sempre na frente, enquanto Erik parecia preferir observar antes de agir.

- Esse é o seu quarto. - disse Lyle, abrindo a porta de um quarto espaçoso, com vista para a piscina e o jardim. - Espero que goste.

- Está ótimo, obrigada. - respondeu Charlotte, sorrindo ao ver o ambiente aconchegante.

Erik, que estava logo atrás, olhou para ela com aquele mesmo olhar observador de sempre.

- Se precisar de qualquer coisa, é só chamar. - ele disse, de maneira educada.

Lyle então deu uma batidinha nas costas do irmão e sorriu para Charlotte.

- Eu vou estar lá fora, se quiser explorar a casa depois. A gente pode começar com um tour.

- ok, obrigado meninos! - sorri fraco.


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Charlotte havia terminado de arrumar suas coisas e estava descansando um pouco no quarto quando ouviu uma batida leve na porta. Antes que pudesse responder, Lyle entrou, com um sorriso convencido.

- Ei, está a fim de jogar tênis? - ele perguntou, cruzando os braços. - A gente tem uma quadra nos fundos.

Charlotte riu, achando a ideia interessante. Fazia anos que ela não jogava tênis, mas parecia uma boa forma de passar o tempo.

- Claro, por que não? - ela disse, se levantando.

Logo em seguida, Erik apareceu na porta, carregando uma raquete de tênis.

- Estamos todos indo.- ele disse, um pouco mais contido, mas claramente animado.

Lyle piscou para ela.

- Vamos ver se você ainda lembra como se joga.

Assim que chegaram, Lyle começou a brincar com a raquete, girando-a nas mãos.

- Beleza, vamos ver o que você sabe, Charlotte. - ele disse, com um sorriso desafiador. - Erik, você quer começar?

Erik ia responder, mas a voz de José Menendez, o pai dos meninos, soou alto e autoritária ao fundo.

-Lyle!- José se aproximava, de mãos nos bolsos e uma expressão séria no rosto. -Você não deveria estar jogando com Erik

Lyle revirou os olhos discretamente, mas se virou para encarar o pai.

- Só estamos nos divertindo.

José estreitou os olhos e balançou a cabeça, firme.

- Você sabe que Erik não está no seu nível. Se quiser melhorar, precisa jogar com alguém melhor que você, não com seu irmão.

Charlotte, que até então estava observando a cena de lado, ficou desconfortável com a situação. Era nítido que a comparação entre os dois irmãos era algo recorrente, e a expressão de Erik, agora fechada, confirmava isso. Ele abaixou a cabeça e deu alguns passos para trás, claramente afetado pelo comentário do pai.

Lyle, por outro lado, manteve o sorriso no rosto, mas seu tom de voz carregava uma leve irritação.

- Pai, estamos apenas nos divertindo. Não é um treino oficial ou algo assim.

José Menendez, impassível, olhou para Charlotte por um momento, depois voltou sua atenção para Lyle.

- Então jogue com Charlotte. Pelo menos vai ser um desafio maior para você do que jogar com Erik.

- Não tem problema. - ele murmurou, virando-se para sair da quadra.

Charlotte, sentindo o peso da situação, olhou para Lyle e depois para Erik. Não queria que aquilo virasse um problema maior do que já parecia ser.

-Ei, Erik, podemos jogar todos juntos. - sugeriu Charlotte, tentando aliviar a tensão. - Podemos fazer duplas, se quiser.

Mas Erik apenas sorriu de forma forçada.

- Talvez mais tarde. - ele respondeu, já se afastando da quadra.

Quando Erik saiu, Lyle soltou um suspiro pesado, claramente frustrado com a intervenção do pai, mas se virou para Charlotte com o mesmo sorriso de sempre, tentando esconder o que estava sentindo.

- Desculpa por isso. - ele disse, jogando a bola de tênis para o alto e pegando com a raquete. - Vamos jogar?

Charlotte assentiu, embora não conseguisse deixar de pensar no que acabara de acontecer. A dinâmica entre os Menendez era mais complicada do que parecia à primeira vista, e ela sabia que aquilo provavelmente era apenas a ponta do iceberg.

Os dois começaram a partida, mas a cabeça de Charlotte estava dividida entre o jogo e o que acontecia com Erik. Ela sabia que algo estava errado, mas não tinha certeza de como ajudar. Enquanto isso, Lyle jogava com uma energia competitiva, como se quisesse provar algo, não apenas para si mesmo, mas para o pai que observava de longe.


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