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Depois da partida, que terminou com Lyle saindo vitorioso como Charlotte já esperava, dada a competitividade com que ele jogava os dois voltaram para o interior da casa. O sol do final da tarde já começava a baixar, criando um ambiente mais ameno, mas a tensão no ar, especialmente depois da interferência de José Menendez, ainda era palpável.


-Você jogou bem. - Lyle disse, jogando a toalha sobre os ombros enquanto pegava uma garrafa de água da cozinha.

- Obrigada, mas acho que não jogo faz tanto tempo quanto você. - Charlotte sorriu, tentando relaxar depois da tensão de mais cedo.

Lyle riu, mas logo ficou sério, aproximando-se dela com uma expressão mais pensativa.

- Não leva a mal o que aconteceu lá fora, tá? Meu pai é... complicado. - ele comentou, dando um gole na água.

Charlotte balançou a cabeça, compreendendo.

- Dá para perceber. Mas o Erik pareceu bem chateado.

- Ah, ele vai superar. - Lyle respondeu rapidamente, sem muita preocupação. - Ele sempre faz isso. Fica quieto por um tempo, depois age como se nada tivesse acontecido.

- Eu vou procurá-lo. - ela disse, decidindo que não podia deixar aquilo passar sem ao menos tentar conversar com Erik.

- Ele deve estar no quarto.- Lyle falou. - Eu vou tomar um banho. A gente se vê no jantar.

Charlotte assentiu e seguiu para os quartos no segundo andar. Caminhou pelos corredores elegantes da mansão, sentindo uma mistura de nostalgia e desconforto. A casa, com sua grandiosidade e riqueza, também trazia um ar de opressão. Tudo ali parecia tão controlado, tão planejado, que não havia espaço para fraquezas ou falhas.

Ao chegar na porta do quarto de Erik, ela hesitou por um momento antes de bater levemente.

- Erik? É a Charlotte. - ela chamou, em um tom suave.

Ei. - ele disse, encostando-se no batente da porta.

- Posso entrar? - Charlotte perguntou, tentando soar casual, mas com um toque de preocupação em sua voz.

Erik hesitou por um momento, mas então abriu a porta completamente, permitindo que ela entrasse.

- Desculpa pelo que aconteceu na quadra. - Charlotte começou, sentando-se na beira da cama. - Seu pai foi... bem, você sabe.

Erik deu de ombros, fechando a porta atrás de si e caminhando até uma das janelas.

- Eu estou acostumado. - ele murmurou, olhando para fora. - Meu pai sempre fez isso. Comparações, expectativas... Eu nunca vou ser como Lyle, então ele prefere deixar claro.

Charlotte o observou, sentindo um aperto no peito. Havia uma tristeza em Erik que ela não conseguia ignorar. Ele sempre fora mais quieto, mais reservado que Lyle, mas agora, mais do que nunca, parecia carregar um peso que não deveria ser dele.

- Você não precisa ser como o Lyle. - ela disse suavemente. - Você é diferente, e isso não é ruim.

Erik virou-se para ela, seus olhos buscando os dela como se estivesse tentando entender algo.

- Você acha mesmo isso? - ele perguntou, como se a opinião dela fosse algo importante para ele.

-Acho. - Charlotte respondeu com firmeza. - Sempre achei.

Por um momento, o silêncio preencheu o espaço entre eles. Charlotte pôde ver uma pequena mudança na postura de Erik, como se suas palavras tivessem trazido algum tipo de conforto.

- É bom ouvir isso de alguém. - ele disse, voltando a olhar pela janela.

Charlotte se levantou, caminhando até ele, e colocou uma mão em seu ombro de forma reconfortante.

- Você não está sozinho, Erik. Não mesmo.

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Quatro dias depois...

Charlotte estava começando a se sentir em casa na mansão dos Menendez, mas a atmosfera havia mudado. A alegria e a animação do primeiro encontro estavam se dissipando lentamente, substituídas por um clima tenso que permeava a casa. Discussões frequentes entre José e Lyle se tornaram a norma, e Kitty frequentemente se alinhava a José.

Naquela tarde, Charlotte estava na sala de estar, folheando uma revista, quando ouviu vozes elevadas vindo da cozinha. A tensão na casa era palpável.

- Você precisa parar de ser tão rebelde, Lyle! Não é assim que você deve se comportar! - José exclamou, sua voz carregada de frustração.

- Eu não sou uma criança, pai! Estou apenas tentando ser eu mesmo! - Lyle respondeu, desafiando a autoridade do pai.

- Ser você mesmo não significa desrespeitar as regras! Você precisa entender que ações têm consequências! - José retrucou, cruzando os braços.

- E você precisa parar de agir como se soubesse tudo! Isso é a minha vida! - Lyle se exaltou, a indignação evidente em seu tom.

Charlotte ficou paralisada, sentindo um frio na barriga.

- Lyle, você precisa ouvir seu pai! - Kitty interveio, sua voz firme. - Ele só quer o melhor para você.

- Se isso é o melhor, então não sei o que pensar, mãe! - Lyle respondeu, a dor em sua voz clara.

Charlotte viu José se aproximar, sua expressão endurecida.

- Você não pode simplesmente ignorar as expectativas da sua família! Precisamos que você se comporte como um Menendez! - José gritou, a frustração se transformando em raiva.

- E se eu não quiser ser como um Menendez? - Lyle desafiou, a voz agora mais baixa, mas cheia de emoção. - Talvez eu não queira seguir os seus passos!"

Kitty olhou para o filho, seu olhar de desapontamento evidente.

- Lyle, você precisa pensar no que está dizendo. Não podemos simplesmente desonrar nossa família.- Kitty insistiu, seu tom misturando preocupação e reprovação.

Charlotte sentiu um nó no estômago, incapaz de se mover.

Antes que pudesse sair, Lyle a avistou.

-O que você está fazendo aqui? - ele perguntou, um pouco surpreso, mas sua expressão rapidamente se tornou neutra, como se quisesse proteger a ela.

- Eu... só estava olhando a revista. - Charlotte respondeu, sentindo-se um pouco envergonhada por ter sido pega na situação.

-Ah, tudo bem.- Lyle disse, tentando suavizar a tensão. -

𝐴 ℎ𝑎𝑝𝑝𝑦 𝑒𝑛𝑑𝑖𝑛𝑔?Onde histórias criam vida. Descubra agora