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Enquanto a noite avançava e o silêncio dominava a casa, Charlotte notou que Erick havia adormecido no sofá ao seu lado, a respiração tranquila.

— Você está bem? — Lyle perguntou, quebrando o silêncio.

— Não muito — Charlotte admitiu, suspirando. — Só não consigo parar de pensar em tudo isso.

Lyle a observou por um momento e, em seguida, disse:

— Quer um copo de leite? Pode ajudar a relaxar e, quem sabe, dormir melhor.

Ela hesitou por um instante, mas a ideia parecia reconfortante.

— Pode ser, sim — respondeu, forçando um sorriso. — Obrigada.

Lyle se levantou e foi até a cozinha, e Charlotte o seguiu, tentando manter a mente ocupada. Enquanto ele aquecia o leite, a luz suave da cozinha iluminava seu rosto, e Charlotte percebeu como ele parecia preocupado.

— Você está realmente preocupado com tudo isso, não é? — ela perguntou, sua voz suave.

— Sim, e não só por mim. Eu me preocupo com o Erick. — Lyle disse, enquanto mexia o leite. — Não quero que você se envolva mais do que já está.

— Eu não posso simplesmente ficar de fora. Eu me importo com vocês — Charlotte respondeu, seu tom firme.

Lyle se virou para ela, segurando duas canecas.

— Eu sei, mas… — ele começou, hesitando. — Você não precisa carregar esse fardo. Há coisas que são difíceis de entender, coisas que… que podem ser perigosas.

Charlotte olhou para ele, sentindo a sinceridade em suas palavras.

— E se eu não fizer nada? — ela questionou. — E se, no final, eu perder vocês de qualquer maneira?

Ele a olhou nos olhos, percebendo a determinação dela.

— Você é mais forte do que pensa. — disse Lyle, colocando uma caneca na mesa e oferecendo a outra para ela.

Enquanto Charlotte tomava seu leite, Lyle de repente se virou e, em um impulso emocional, a puxou para um abraço apertado. A surpresa a pegou de surpresa, mas ela imediatamente retribuiu, envolvendo os braços ao redor dele.

— Lyle… — ela começou, mas ele a interrompeu, a voz embargada por lágrimas.

— Você acredita na gente, né? — ele disse, seu tom carregado de desespero. — Você sabe o que nossos pais faziam com a gente...

Charlotte sentiu seu coração apertar ao ouvir as palavras dele. Ela sempre soube, em algum nível, o que os meninos enfrentaram em casa, mas ouvir Lyle desabafar assim, em um momento tão vulnerável, fez tudo parecer ainda mais real.

— Eu… eu acredito em vocês, Lyle. — Charlotte respondeu suavemente, segurando-o mais apertado. — Eu sempre acreditei.

Lyle respirou fundo, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele se afastou um pouco para olhar nos olhos dela.

— É que… às vezes, eu me pergunto se alguém realmente se importa. — disse ele, a voz trêmula.

𝐴 ℎ𝑎𝑝𝑝𝑦 𝑒𝑛𝑑𝑖𝑛𝑔?Onde histórias criam vida. Descubra agora