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Charlotte chegou em casa no final da tarde, exausta e carregando a bagagem física e emocional dos últimos dias. Seus pais a esperavam na sala, o ambiente pesado, quase sufocante. Eles estavam sentados no sofá, com expressões sérias. Assim que ela entrou, Margaret, sua mãe, foi a primeira a se manifestar.

— Charlotte, nós assistimos às entrevistas — disse, sua voz carregada de decepção.

William, seu pai, cruzou os braços e balançou a cabeça lentamente, como se não conseguisse acreditar.

— O que você estava pensando? — ele perguntou, com um tom que misturava frustração e reprovação. — Defendendo aqueles meninos dessa maneira?

Charlotte colocou a mala no chão e respirou fundo, tentando manter a calma. Ela sabia que essa conversa ia acontecer mais cedo ou mais tarde.

— Pai Eu estava apenas... dizendo o que é verdade, eles mereceram a defesa que tiveram.

Margaret se levantou e caminhou até a janela, evitando o olhar da filha.

— Isso nos expôs de uma maneira que você não imagina. As pessoas estão comentando, nossos amigos, nossos parceiros de negócios... — ela fez uma pausa, escolhendo bem as palavras. — E tudo isso por causa dos Menendez.

Charlotte cruzou os braços, sentindo o peso da pressão familiar. Ela sempre soube que seus pais se preocupavam com a opinião pública e com a imagem da família, mas era difícil para ela lidar com essa constante desaprovação.

— Eu fiz o que achei certo, mãe. Não posso controlar o que as pessoas dizem.

William suspirou profundamente, como se estivesse tentando conter a raiva.

— você não entende, esse tipo de exposição pode prejudicar muito mais do que você pensa. Nós não concordamos com como você se envolveu nesse julgamento. Isso só trouxe problemas para todos nós. — Ele parou por um momento, e então seu olhar endureceu. — Estamos decepcionados.

A palavra "decepcionados" bateu forte em Charlotte. Ela sentia a familiar dor de ser julgada por suas decisões, mas desta vez, isso vinha da sua própria família, o que tornava tudo ainda mais difícil.

Ela queria responder, se defender, mas naquele momento, sentia-se cansada demais para discutir. Então, apenas suspirou e, sem dizer mais nada, pegou sua mala e subiu as escadas rumo ao seu quarto.

Enquanto colocava as coisas no lugar e se preparava para tomar um banho, ela se perguntava se algum dia eles entenderiam suas escolhas. Ela não estava arrependida de ter defendido os irmãos Menendez, mas sabia que aquilo havia criado uma barreira ainda maior entre ela e sua família.

Lá embaixo, o murmúrio das vozes dos pais continuava, embora ela já não estivesse mais disposta a ouvir.

Na manhã seguinte, enquanto Charlotte tomava café na cozinha, um som de campainha ecoou pela casa. Ela não estava esperando visitas e seus pais já haviam saído para o trabalho. Curiosa, foi até a porta e, ao abri-la, viu Harry ali, com um grande buquê de flores nas mãos.

Ele sorriu, aquele sorriso que, no passado, a conquistara, mas que agora parecia um tanto forçado. As rosas vermelhas nas mãos dele eram vibrantes.

— Oi, Char — ele disse, entregando o buquê. — Achei que gostaria de flores.

Charlotte pegou as flores com um sorriso contido, mas seu coração não se animou como antes. Ela colocou as flores sobre a mesa da sala, sem saber exatamente o que Harry estava tramando. Eles não se falavam direito há semanas.

𝐴 ℎ𝑎𝑝𝑝𝑦 𝑒𝑛𝑑𝑖𝑛𝑔?Onde histórias criam vida. Descubra agora