Não sei o que vi nela

85 7 13
                                    

| HOJE |

~ Bruna.

Eu realmente não queria esta festa, repeti diversas vezes para todos a minha volta e mesmo assim ela iria acontecer. Até mesmo com Henrique cheguei a dizer que preferia não fazer nada e nem queria ninguém na minha casa para todo aquele teatro, todo aquele show de sempre. Já bastava ter que atuar na frente das câmeras, mas na frente de amigos e parentes era um saco.

— Com licença, Sra. Tavares -uma das empregadas apareceu a minha frente assim que eu me aproximava para tomar meu café da manhã.- O Sr. Tavares mandou entregá-la. -disse com o olhar baixo, me estendendo o buquê de rosas bem vermelhas.

Encarei as mesmas, respirando fundo, já havia dito a ele que não precisava se encarregar de fazer o fofo para mim, já que o mesmo não era aquilo tudo que todos pensavam.

— Coloca em qualquer lugar, deixa eu tomar meu café. -passei pela mesma, desdenhando do buquê.
— Ela costuma ser fria assim mesmo, Janaina -sua voz adentrou o ambiente, fazendo eu parar breves segundos.- Pode colocar no vaso da entrada.
— Sim senhor. -ela o respondeu.

Revirei os olhos para o mesmo e segui minha caminhada a mesa de café, Henrique se sentou a minha frente.

— Bom dia esposa, feliz aniversário. -o encarei, rabugenta, colocando meu café na xícara.
— Não precisa de tanto, Henrique.
— Não são todos os dias que se completam 27 anos. -franzi a testa, como ele se lembrou da minha idade?- Ficou impressionada né? Eu sei, sou bom nisso. -revirei os olhos mais uma vez.

Continuei tomando meu café e ficamos em silêncio, como sempre fazíamos, era algo comum entre nós dois.

| 3 ANOS ANTES |

Sexta-feira, quase 7:00pm da noite e tudo que eu fazia era tentar chegar logo em casa, mas aquele trânsito clássico estava atrapalhando. Deu uma leve liberada de 2 minutos e logo voltou a parar novamente e senti o impacto na minha traseira, algum idiota não freiou a tempo.

— Porra! -esbravejei de dentro do carro, descendo do mesmo rapidamente.- CARALHO! -gritei para o carro de trás e ele desceu do mesmo.
— Desculpa, eu não prestei... -o interrompi.
— O trânsito mega parado e você ainda conseguiu bater em mim? -gritei para o mesmo, avaliando como estava o carro.- Você é idiota ou o que?
— Ei, calma. -ele pediu.
— Você vai pagar esta merda.
— Eu pago senhora. -me respondeu, tentando ser passivo.
— Vê se presta mais atenção, imbecil!
— Mulher chata, bicho! -ele reclamou e eu fiquei mais brava.
— Vai pro inferno! Seu burro! -ele fechou a cara.- Quer saber? Deixa que eu arrumo essa merda, só desaparece da minha frente.

Nem mesmo esperei ele responder, apenas entrei no carro e na primeira rua a frente, virei. Não importava se o caminho seria um pouco mais longo para casa, mas me estressaria menos. Meu celular tocou, era Larissa. Apertei o botão no volante para atender.

— Oi Lari.
— Vish! Pelo tom de voz já ta estressada. -sua voz saiu pelo alto falante, como sempre, ela me conhecia bem.
— Nem me fale. Um maluco bateu em meu carro.
— Porra, mas ta tudo bem? -ela se preocupou.
— Sim, foi nem vi se amassou, só saí rapido.
— Não acredito, amiga. Nem o numero do safado você pegou? Ele tinha que pagar.
— Ai Lari, me irritei tanto que deixei pra lá. -bufei.
— Então mais um motivo para eu te fazer este convite e você não recusar. To tomando uma, vem pra ca. Ta tendo musica ao vivo.
— Ah Lari... -ela me interrompeu.
— Não me venha com não. -suspirei, sabia que ela não daria o braço a torcer.
— Tudo bem.
— Yes! -comemorou.- Te mando a localização no whatsapp agora.
— Ok. -finalizei a chamada e peguei meu celular, abrindo o whatsapp para pegar a localização.

Amor oculto Onde histórias criam vida. Descubra agora