~ Bruna.
Uma péssima dor de cabeça me assombrava, eu nem me lembro como cheguei em casa, só de algumas partes da conversa com Larissa, nem tudo. Levantei da cama e tomei um banho gelado, tentando me recuperar, eu precisava trabalhar e hoje seria o dia da reunião com o advogado a respeito do divorcio.
Ao chegar na sala me deparei com Henrique na mesa, tomando café. O mesmo me olhou, que droga, o que eu ainda estava fazendo naquela casa?
— Bom dia Bruna. -ele me cumprimentou. Apenas o olhei, pegando um café e tomando em pé, apenas acelerando o processo para sair logo.- Bebeu ontem?
— Nada que vem de mim é do seu interesse, então nem olha e nem troca uma palavra comigo. -coloquei a xícara sobre a mesma.- Hoje ainda saio dessa casa.
— Pode ficar o tempo que precisar, se quiser eu saio.
— A casa é sua. -dei as costas, caminhando em direção a garagem.
— Quer me contar sobre isso? -parei, olhando para trás e vendo o mesmo segurar um envelope branco. Forcei a vista, lendo.
— Que porra é essa? -me voltei a sua direção e tomei o envelope de sua mão.- Quem deixou você mexer nas minhas coisas?
— Porque não me contou sobre isso?
— Porque eu nunca fui do seu interesse. -disse alterada, sentindo lágrimas juntando em meus olhos.- Nunca fui a sua mulher, Henrique, sempre fui a moça do contrato pra ter um casamento.
— Foi porque você nunca me deu espaço.
— E você queria o que? Que eu me rastejasse pra você.
— O que você sente por mim?
— Odio! -sai do ambiente o mais rápido possivel, querendo sumir da vista do mesmo.Por qual motivo Henrique mexeria em minhas coisas? São três anos sem absolutamente nenhum contato, porque logo agora ele decidiu se importar com algo? Tentei me recordar, mas ninguém sabia desta gravidez, eu nunca contei a ninguém... Sim, claro, ontem. Larissa. Porque ela falaria isso para Henrique? Desde quando ela tinha o numero dele ou algum contato? Será que eles se encontraram em casa ontem?
Certamente ela o disse querendo o afrontar, eu não queria que ele soubesse, não agora, não precisava fazer sentido tudo isso. Isso não precisava ser lembrado e nem ter ibope. Resolvi ligar para a mesma.
— Oi Bru, achei que iria dormir até tarde. -ela atendeu rapidamente.
— Não, prefiro ir trabalhar do que ficar com Henrique em casa. Lari?
— Sim?
— Porque você disse pra Henrique que eu engravidei?
— Bru... -ela tentou se explicar, ficando sem palavras.- Eu queria apenas mostrar a ele o quanto ele te magoou.
— Não era esse o objetivo, nunca foi. Pra te falar a verdade, eu nem deveria ter te contado aquilo, eu sempre manti guardado.
— Me desculpa, mas ele precisava ver que você sentia algo por ele.
— Eu não sinto nada por ele. -senti meu coração acelerar, preocupada com o que sei la que eu disse na noite anterior.
— Não foi isto que você disse ontem.
— Eu estava bêbada, nem me lembro de nada. Enfim, esquece isso. Preciso sair daquela casa, será que eu posso passar uns dias no seu ap novo? Até te ajudo com tudo.
— Eu... -ela se calou.
— Lari? Ta ai?
— Desculpa Bru, depois te ligo. -ela nem esperou que eu respondesse e finalizou a chamada.Acho que fui invasiva em pedir aquilo, não sei. Será mesmo que Lari estava morando por aqui ou só veio por minha causa? Ou seu apartamento era tão pequeno e simples a ponto de não querer me contar? Alguma coisa de errado tinha em tudo isto, tendo em vista sua forma de reagir a aquilo.
Quando cheguei ao escritório, minha secretária informou que o advogado já me esperava.
— Bom dia Dr. Rafael.
— Bom dia Srta. Bruna. -ele sorriu, erguendo a mão para mim.
— Desculpe o atraso, tive um probleminha em casa.
— Tudo bem. -tomei meu assento a sua frente.- Trouxe um relatório de bens a partilhar entre você e o senhor Henrique.
— Rafael, eu disse que não queria. -suspirei.
— Bruna, eu acho super interessante você levar isso adiante. -o encarei.- Henrique te traiu, te expôs a um ridículo e agora você ta com dó de levar a sua parte que é de direito? -refleti sobre o que ele disse.- É seu, Bruna, seu por direito.
— Mas eu também posso viver minha vida com o que tenho e ta tudo certo.
— Bruna, você não ta entendendo. Posso dizer algo como um amigo? -ele tocou minha mão.- Você é incrível e sempre foi demais para Henrique, eu aposto bem que não é a primeira vez que ele te traiu. -engoli em seco.- Você é linda, jovem, merece sair por cima de todo esta situação. -puxei minha mão discretamente.
— Vou pensar sobre.
— Já é um bom início. Henrique tem 3 apartamentos em Palmas, a fazenda dos pais e o sitio que moram atualmente. Sem contar as outras coisas em outros estados.
— Onde são estes apartamentos? -me interessei pelo assunto.
— Aqui está a lista de tudo e os endereços. -ele me entregou um papel.
— Quero saber, pois recentemente ele comprou móveis e achei bem estranho, não sei se ele vai se mudar ou se ta mobiliando algo para que eu saia da casa. -dei de ombros.- Obrigada, isso vai ser útil.
— Podemos marcar a primeira reunião com o advogado dele e o mesmo?
— Sim, quando?
— Vou entrar em contato com o advogado dele e volto a te dizer, temos que checar a agenda do mesmo.
— Ótimo. -ele ajeitou as coisas na pasta e se levantou, fiz o mesmo.
— Um prazer te ver, Srta. Bruna. -ele sorriu, estendendo a mão.
— Muito obrigada pela ajuda. -sorri, estendendo a minha mão para tocar a sua.
— Estarei aqui se precisar. -ele pegou minha mão, virando a palma e depositando um beijo.- Se quiser ao menos conversar também, claro. -ele sorriu e eu assenti, um pouco sem graça.- Até mais. -assenti.Ele saiu da sala, me deixando em transe sem entender o que se passou ali de fato. Mas de uma coisa eu sabia, iria atrás desses 3 apartamentos que Henrique tinha em Palmas, algum de certo modo ele estaria morando ou mobiliando.
~ Henrique.
— Eu não acredito. -Juliano disse após eu contar toda a história.- Porque ela não te disse do filho?
— Certamente nunca confiou em mim. -dei de ombros, me recostando no sofá.- Ah Nim, minha vida ta uma bagunça.
— O que você pretende fazer?
— Eu não sei, nunca senti de fato que Bruna sentia algo por mim.
— Você também nunca se atentou a nada durante esses anos, Henrique.
— Nim, eu tentei uma vez, mas ela nunca me deu brechas.
— Uma vez? Você acha isso suficiente?
— Eu sei que não, mas como eu não queria nada acabei deixando pra la. Ah eu não sei! -passei a mão no rosto, na tentativa de aliviar o stress.- Eu queria conversar com ela sobre esse filho, era meu poxa, eu quero entender o que aconteceu. Me sinto... -suspirei, faltavam as palavras.- Me sinto mal, Nim, por não ter ficado ao lado dela.
— Tenta conversar com ela se estiver disposto a mudar algo, se não, infelizmente isso já passou e ela certamente não vai querer discutir sobre isso nessa altura do campeonato.Meu celular tocou, o peguei e era meu advogado, achei estanho mas atendi.
— Fala comigo, Dr. Caio. -olhei pra Juliano, que me observava atento.
— Opa, Henrique! Cara, preciso saber de um espacinho na sua agenda, o advogado da sua esposa me ligou porque precisa de uma reunião para conversamos pessoalmente sobre o divorcio. -meus olhos se arregalaram.- Eu nem tava sabendo disto, cara!
— Foi uma conversa recente. Olha, marca pra daqui 3 dias, é a data que eu volto de viagem.
— Tudo bem, vou dizer a ele. Mas precisamos conversar também.
— Eu sei, marca um horario com ele e chego umas 2 horas antes pra gente conversar.
— Combinado, depois entro em contato.
— Falou, obrigado!
— Até mais. -finalizei a chamada.
— Seu advogado pessoal? -Juliano me perguntou.
— Sim, o advogado da Bruna entrou em contato com ele a respeito do divorcio.
— É meu caro, não tem mais saída pra você.
— Droga! -suspirei.Eu não sei o que se passava dentro de mim, não sabia explicar ao certo o que tava acontecendo. Tinha um misto de sentimentos me rondando, me perturbando. O fato de ter um filho e nem ao menos saber da sua existência, me incomodava, minha cabeça dava giros em saber que Bruna passou por isto sozinha, sem apoio, nem mesmo amiga, já que a mesma não tinha ninguém. Ao mesmo tempo isso me deixava com um sentimento de culpa enorme, por mais que era um contrato, eu deveria ter cuidado da mesma durante esse tempo, não deixar ela sozinha.
Sim, eu estava em um beco sem saída. Eu não sei se fiz certo em chamar Larissa pra cá, tendo em vista tudo isto que fiquei sabendo. Também não sabia se de fato era tudo verdade, se realmente Bruna sentia algo por mim. Foram três anos sozinho, três anos vivendo minha vida como se ela não existisse, três anos ela vivendo a vida dela sem a minha presença, três anos dormindo em quartos separados, nos trombando pela casa como dois desconhecidos e apenas fazendo papel de casados em frente a câmeras.
Foram árduos anos, sem um contato direto e sem sentimentos, ou ao menos saber que de fato existiam sentimentos. E agora? Agora somente restava a duvida entre nós, todo esse sentimento de culpa que me assombraria por muito tempo. E, não menos esperado, um divorcio para se ocupar o vago tempo longe. Era a única saida, não dava pra morrer vivendo ao lado de quem não se ama.
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Amor oculto
Fiksi PenggemarHenrique conhece Bruna em uma batida de trânsito, eles logo não se dão bem. Em uma festa se trombam novamente e Henrique acaba agarrando a mesma, deixando-a mais frustada. Em uma conversa inusita entre seus pais, eles são forçados a se casarem e lev...