Declarações

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~ Bruna.

O trajeto até minha casa foi com um sorriso idiota no rosto e sem saber de fato o que estava sentindo. Rafael estava despertando algo bom em mim que eu ainda não sabia como explicar, só sabia que era incrivelmente bom. Eu me sentia acolhida, abraçada. Talvez por isso me sentia tão bem em sua presença, ele me acolhia.

Quando cheguei em casa Henrique já estava na mesma, não imaginei que ele fosse para casa hoje, nesta altura da briga. Eu não queria ter que lidar com o mesmo, não depois de toda aquela situação. Entrei em casa e o mesmo estava na sala, os olhos fixos no celular que logo foi jogado de lado quando me viu entrar.

— Eu cheguei já tem quase 20min, porque demorou isso tudo? -o encarei, sem entender.- Estava ficando com seu advogado?
— O que deu em você?
— Ah, vai fazer de conta que não sabe agora? -ele se levantou, colocando as mãos no bolso.- Quando você chegou eu tava do lado de fora fumando, eu vi ele indo até você, abrindo a porta do carro, todo sorridente... -escutei em silêncio, ainda sem entender onde ele queria chegar.- Quando entraram você tava toda sorridente pro lado dele, ele colocou a mão na sua cintura, Bruna. Sua cintura! -ele repetiu, indignado.
— Qual a sua? Isso é o que? Ciúmes? -ele riu sarcástico, passando a mão no rosto nervoso.
— Claro que não, só estou dizendo que você ainda é casada e se deve o respeito. Me deve respeito. -dessa vez quem riu foi eu, uma boa gargalhada.
— Você merece meu respeito? Você ta mesmo dizendo isso? -ele me encarava.- Quantas mulheres você comeu durante todo esse tempo? Consegue fazer a conta? Quantas você dormiu enquanto eu tava em casa?
— Tudo bem, não tava certo.
— Nunca esteve certo, nunca nem chegou a beira de ter ou tentar algo comigo. Como que hoje você decidiu sentir ciúmes de um cara comigo? Como hoje resolveu insinuar algo? -já sentia lágrimas se formando em meus olhos.
— Eu... -ele não conseguia completar a frase, estava inerte.- Você também nunca facilitou as coisas! -ele jogou a culpa em mim.- Você que me mandou ir embora na lua de mel, você que dificultou todos estes anos, você quem quis ficar sozinha e eu não aguentava ficar só. Eu te esperei por cinco meses, mas nada aconteceu, então fui mesmo viver minha vida.
— Que bom que foram apenas cinco meses, pois eu te esperei até antes de pedir o divorcio, até antes da sua traição exposta, porque sei que ja me traia a tempos. -ele ficou estático com minha declaração, as lágrimas já desciam no meu rosto.
— Você me esperou? -ele parecia confuso.
— Sim Henrique, eu sempre te esperei, sempre estive aqui e só você não viu. Até quando perdi nosso filho! -joguei na sua cara.
— Bruna... -ele tentou se aproximar, encolhendo os ombros.
— Mas agora não estou mais. -afirmei, enxugando minhas lágrimas que caiam.- Eu não quero ter que ver nunca mais em toda minha vida, Henrique. Você acabou com tudo que havia de bom dentro de mim.
— Bruna, me deixa reparar esse erro. -ele pediu.
— Nem tente. -eu disse, dando um passo pra trás e apontando o dedo em sua direção.- Eu não te quero e nem te desejo, eu não amo nada em você, nunca amei, por um instante eu te desejei e pensei que isto talvez poderia dar certo, mas estava enganada. Sempre estive. Você nunca foi homem suficiente, sempre quis à curtição, a bagunça, várias mulheres.
— Não é isso, Bruna, você nunca demonstrou sentimentos por mim.
— E por isso você não poderia tentar? -senti as lágrimas querendo descer novamente.- Esquece Ricelly, pra mim já deu. -segui em direção as escadas, subindo rapidamente.
— Bruna? Bruna, por favor. -escutei ele vindo atrás.

Entrei no meu quarto e tranquei a porta, indo em direção ao closet e colocando algumas coisas em uma mala. Henrique batia na porta insistentemente, implorando para que eu abrisse. Depois que eu peguei todas minhas coisas que precisava, abri a porta e ele me olhou assustado. Passei pelo mesmo puxando a mala.

— Onde você vai?
— Pra bem longe disso tudo, já era pra eu ter feito isso.
— Não Bruna, calma, vamos conversar. -ele segurou meu braço, me fazendo parar e encara-lo.
— Vamos conversar o que? Nossa única conversa é com o advogado pra entrar em um acordo e assinar a porra da minha liberdade. -eu disse bem brava, não contendo as lágrimas.- Minha vida livre que eu sempre quis, não me diga agora que você quer consertar as coisas porque eu não quero nada com você, tudo que me sobrou de todos esses anos foi apenas amargura.
— Me perdoa... -seus olhos começaram a brotar lágrimas.
— Hoje não! -afirmei, puxando meu braço para me soltar do mesmo.
— E você vai pra onde? -ele perguntou enquanto eu descia as escadas.- Eu sei que você não tem onde ficar, vai ficar com quem? Com o advogado? -eu ri.
— Vai a merda, Ricelly!
— Eu sabia, vocês tem um caso, talvez até antes de tudo isso.
— Vai pro inferno! -gritei antes de sair de casa, batendo a porta e entrando no carro.

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