Amor oculto

Despretensioso

~ Bruna.

Recebi uma ligação do advogado, me convidando para um jantar para conversarmos a respeito do que estava acontecendo. Achei um pouco estranho pois normalmente nos encontrávamos no escritório, mas aceitei, precisava mesmo sair de casa. Henrique não estava, certamente viajou, o que me daria alguns dias de descanso pra fugir de tudo aquilo e procurar um lugar pra ficar.

Cheguei ao restaurante combinado ás 8:00pm da noite, perguntei se alguém com o nome Rafael Bezerro havia chegado ou deixado alguma mesa reservada e a moça da recepção me levou até sua mesa.

— Boa noite. -o cumprimentei assim que aproximei da mesa.
— Boa noite, Bruna. -ele sorriu, se levantando.- Trouxe pra você. -ele pegou um pequeno buquê sobre a mesa e me entregou.
— Ah, gentil da sua parte. Obrigada. -me senti um pouco confusa, mas me sentei a cadeira a frente, o mesmo puxando-a para mim.- E então? O que temos pra hoje?
— Trouxe um resumo do que podemos propor para o advogado de Henrique e o mesmo, a reunião será em dois dias.
— Ótimo. -assenti.

Eu realmente estava me sentindo um pouco entediada com todo esse assunto, gostaria apenas de assinar esse divorcio e ir embora pra bem longe deste lugar, até mesmo outro estado. Mas eu tinha mesmo que fazer todo este processo, toda essa chatice de proposta, conversas, acordos.

O jantar foi agradável, senti que Rafael foi um pouco despretensioso quanto ao assunto, levando para o lado pessoal. Ele era uma boa pessoa, mas senti o mesmo querendo se aproximar mais, com segundas intenções.

— Foi uma otima noite, Srta. Bruna. -ele dosse, caminhando ao meu lado em direção ao meu carro.
— Foi sim, agradeço. Bom que me distrai um pouco.
— Isso é bom. -parei proxima ao meu carro, me virando para o mesmo.
— Até mais, Rafael. -me despedi.
— Se precisar de algo estou aqui, me veja como um amigo também. -assenti.- É sério, Bruna, sei que as vezes você pode não ter ninguém ao seu lado, eu conheço sua história e sei o que você ta passando. -ele tocou meu ombro.- Nestes momentos ficar muito sozinha não resolve, é bom ter alguém pra te lembrar que ta do seu lado.
— Muito obrigada. -sorri.
— Você tem meu número caso precise e não se perca por conta de Henrique, ele é um tremendo babaca . Ele nunca percebeu de fato a mulher incrivel que tem ao lado. -ele tocou meu rosto.- Sua companhia é maravilhosa, Bruna, conversar com você... Tudo é bom. -eu o encarava, um pouco perdida.- Você é mesmo incrível e muito linda. -ele estava perto o bastante e eu fragil o bastante também.

Então ele tocou meus lábios com os seus, bem devagar, sua boca encaixando bem suave na minha. Confesso que tava bom, que tinha se encaixado perfeitamente, mas tomei um choque de realidade ao lembrar que se tratava do meu advogado.

— É... -me afastei lentamente, um pouco sem graça.- Desculpa, eu... -me perdi nas palavras, sem saber o que dizer.
— Tudo bem, talvez não seja a hora certa. -ele sorriu se aproximando novamente, mas agora dando um beijo em minha testa.- Qualquer coisa estou aqui. -ele abriu minha porta do carro.- Até mais.
— Boa noite. -sorri, ainda anestesiada e entrando no carro.

Ele fechou a porta e deu um passo pra trás, me esperando. Antes de sair acenei e me afastei em uma velocidade um pouco baixa demais. Sim, eu ainda estava em choque. Meu Deus que merda aconteceu? Eu beijei um homem depois de tanto tempo e foi... Foi bom? Nem foi um beijo por completo, foi apenas um selinho despretensioso.

A saudade de nunca ter sido tocada ou mesmo a vontade, fez que com eu me sentisse unica, leve, estranha e... desejada. Esta era a palavra certa. Me senti bem em saber que mesmo com tudo o que Henrique já me causou, eu ainda brilhava e poderia ser feliz, ou ao menos tentar. É Henrique, você não tirou tudo de mim, ainda sobrou um pouco daquela Bruna.