Sua amiguinha

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| HOJE |

~ Henrique.

Claro que aquela amiga de Bruna iria a festa, me impressionaria se não viesse, já que as duas eram tão grudadas antes de tudo isto acontecer em nossas vidas. Eu precisava apenas de uma brecha para me divertir, esquecer os problemas e contar à alguém próximo aquilo que vivíamos, talvez ate mesmo provar aos nossos pais que não precisávamos um do outro, que somos melhores sozinhos.

Me aproximei de Larissa o vê-la sozinha próxima ao bar montado para aquela noite pegando uma bebida.

— Oi Lari. -a cumprimentei novamente ao me aproximar.
— Oi. -ela sorriu, se virando para mim e pegando sua bebida.
— Você ta bonita. -comentei, olhando para seu corpo em especifico, não a sua roupa.
— Ah... -ela acompanhou meu olhar, um pouco confusa.- Obrigada. -ela disse baixo, sem entender onde eu queria chegar.
— Lari... -me aproximei, tentando ser discreto em meio aquele tanto de gente.- Você sempre teve um interesse em mim? -ela arregalou os olhos.
— O que?
— Ah, não finja. Aquela primeira vez que te vi você deu em cima de mim.
— Porque Bruna não te conhecia, mas agora vocês são casados.
— Vai falar que nunca quis nada comigo? -ela arqueou uma sobrancelha, tomando um gole de sua bebida, como se analise seus pensamentos.
— Henrique... Eu gosto muito da Bruna, eu não... -ela parecia procurar as palavras certas.
— Não se preocupe, eu e a Bruna não vivemos mais tão bem, estamos nos divorciando. -menti e ela me olhou confusa.
— Como assim?
— É, não nos damos bem e resolvemos nos separar. -dei de ombros, sem parecer nervoso.
— Você ta falando serio?
— Sim, mas isso não importa. -dei de ombros, tentando fugir do assunto.- Vamos conversar la dentro?
— Henrique... -ela suspirou.
— Vem, não é nada demais, vou te explicar melhor. Te espero no final do corredor, a porta a direita. -não dei chances da mesma dizer algo, apenas caminhei em direção ao final do corredor, entrando no local que eu havia informado a mesma.

Esperei por 5 minutos, nada de Larissa. Droga, se ela tiver falado algo a Bruna as coisas iriam sair piores do que já estavam. Coloquei a mão na maçaneta e abri a porta, pronto pra sair, mas sua figura entrou rapidamente no quarto. A encarei, fechando a porta e trancando a mesma.

— Possivelmente vou me arrepender de estar fazendo isto, então não sei porque vim. -ela disse, parecendo aflita, olhando o ambiente ao redor.
— Simples -ela me olhou, comecei a dar passos lentos em sua direção.- Você veio porque me quer e eu te quero, então vamos fazer isto valer a pena. -seu olhar ainda era desesperador, até eu tocar seu rosto suavemente.- Se acalma, só tem nós dois aqui. -sussurrei.- Ninguém sentirá nossa falta. -assegurei antes de beijar a mesma.

Um beijo gostoso, inadequado, com calor. Eu juro que queria apenas um beijo, mas se aprofundou demais, já sentia meu pau latejando por dentro da cueca, pronto pra dar o bote.

| 3 ANOS ANTES |

~ Bruna.

— Bruna Felicio! Pare agora! -escutei a voz do meu pai atrás de mim enquanto eu me aproximava da calçada. Resolvi parar, olhando para o mesmo.
— O que foi? -o encarei, brava, as lágrimas descendo sem parar.- Mamãe jamais permitiria você fazer isto comigo, jamais toleraria tudo isso. Me arranjar um casamento com um qualquer.
— Sua mãe não está mais aqui.
— Infelizmente! -ele respirou fundo.
— Bruna, me escuta, você precisa tocar a empresa, você tem que ser a dona daquilo.
— E porque eu preciso casar?
— Quem vai levar a sério uma mulher de 25 anos solteira e dona de empresa? -questionou, histérico.- Ninguém, Bruna, ninguém! -afirmou.- Você precisa se casar!
— Mas tinha que ser com ele? Com esse idiota? Ele é um babaca! -cuspi as palavras contra ele.
— O senhor Edson, o pai de Henrique -me lembrou de quem estava falando.- também estava precisando de alguém para Henrique, tendo em vista que o mesmo leva uma vida muito bagunçada para quem está quase nos 30.
— O que eu tenho a ver com tudo isso? -enxuguei as lágrimas, irritada o suficiente com toda esta conversa.
— Juntamos o útil ao agradável. -ele deu de ombros.- Henrique precisa se casar pra melhorar a imagem na mídia e você precisa de casar pra se tornar uma CEO de respeito. -bufei, rindo sarcástica.
— E você precisa colocar a cabeça no lugar, quando for a hora certa eu irei casar com um cara especial.
— Bruna, leva esta conversa a sério.
— Eu não vou fingir um casamento, pai, não vou fingir uma vida que não é minha. Eu posso ser uma CEO de respeito sem me casar ou ter filhos, posso morrer solteira.
— Bruna, minha filha, as coisas não são assim. -ele tentou se aproximar, mas continuei com os braços cruzados, reativa.- Por favor, Bruna, ceda. -pediu.- Vamos voltar la pra dentro e fazer este noivado acontecer.
— Nunca! -revirei os olhos.
— Pelo menos por um ano. -pediu.
— É muita coisa.
— Vocês não precisam morar juntos, sei lá, já que odeia tanto o menino assim. Eu nem sabia que se conheciam.
— Conheço pouco, graças a Deus, mas pelo visto você quer que eu conhecer mais.
— Bruna, só to te pedindo algo importante para ambos, nossa empresa precisa de você. -suspirei, fechando os olhos.- Minha filha, eu sei que seria mais facil se sua mãe estivesse aqui, mas precisamos superar isto e vencer juntos. -ele me abraçou, enterrando meu rosto em seu peito.- Eu ainda estou aqui. -suas mãos iam e voltavam pelas minhas costas, como forma de me acalmar.- Um ano, Bruna, apenas um ano. -suspirei.

Após longos minutos me recompus, sendo forçada a fazer toda aquela idiotice, jurando de pé junto que eu jamais entraria na igreja com o mesmo, que seria apenas um casamento fake e uma vida fake, apenas pelo status de ambos os dois. Papai concordou, sem muito dizer. Retoquei minha maquiagem e voltei para a casa que seria da minha futura familia, mal sabia eu do que estava por vir.

| HOJE |

Todos reunidos em volta da mesa cantando parabéns para mim, Henrique ao meu lado, sorrindo se fazendo de feliz. Eu não estava feliz, não me lembro de fato qual o último dia em que estive feliz, mas ainda assim continuava levando a vida como se nada tivesse acontecido, como se tudo não tivesse ido por água abaixo a exatos 3 anos atrás. Foi tudo inesperado, incalculável, foi de repente e despretensiosamente.

Eu gostaria que fosse diferente, casar com alguem que de fato me amasse, respeitasse. Henrique nunca se quer se esforçou para fazer de fato este casamento dar certo, afinal, ele não tinha sentimentos por mim. Os únicos momentos de carinho e afeto eram em frente as câmeras ou em datas comemorativas em frente sua familia, era quando eu sentia seu toque, seu abraço e seu doce beijo, tudo sempre superficial, mas estavam ali, presentes.

Me lembro bem como se fosse ontem, o quanto nos apegamos no começo, mas nada deu certo, nada foi pra frente, até mesmo quando o trágico evento ocorreu em nossas vidas, nem mesmo isso foi capaz de nos aproximar, até mesmo porque escondi do mesmo. Tudo por medo de tentar algo, eu não era feliz neste relacionamento e não aguentava mais viver assim, eu precisava mudar esta vida, precisava de alguém para me ajudar.

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