•15.

48 7 3
                                    

Como se saísse de um longo devaneio, fui tomando consciência de onde eu estava.

Sem dor e sem agonia, percebi que não estava em meu chalé, muito menos parecia que eu tinha levado um tiro.

Eu me vi em um campo vasto, grama verde e bem aparada era tudo o que eu podia ver por quilômetros de distância, o céu estava limpo, era um dia ensolarado, eu usava um vestido longo, branco florido, e tão leve que se balançava com a brisa leve.

Eu não sabia onde estava, nem como fui parar lá, eu nem mesmo sentia a minha magia dentro de mim, correndo pelas minhas veias como sempre senti. Mas incrivelmente, eu não estava nem um pouco preocupada.

Eu estava em paz, como nunca estive em toda a minha vida, eu me sentia tão segura e abraçada, que nem mesmo queria me preocupar em entender o que estava acontecendo.

-É bom, não é?

Meu corpo se enrijece com a voz que ouvi atrás de mim, meus olhos se arregalaram a medida que me virei em direção ao som, e lágrimas brotaram dele ao ver a figura de uma mulher esbelta, ruiva e sorridente, me encarando com carinho e amor.

-Mãe?

Ela sorriu, sua resposta foi abrir os braços em minha direção, e nem um segundo se passou antes que eu me jogasse neles, a apertando com força. E chorei, chorei como uma criança, porque estava prendendo as lágrimas a muito tempo.

-Me desculpe… me desculpe mãe… eu…- mal conseguia falar em meio aos soluços mas eu precisava me comunicar com ela, a única pessoa que sempre me entendeu.- eu não me tornei a pessoa que você gostaria que eu fosse, eu falhei, eu…

-Pronto, pronto, querida…- cantarolou com a voz suave, suas mãos estavam entre meus fios volumosos, fazendo carinho do jeito que só ela saberia fazer.- o que eu sempre quis, foi que você fosse feliz.

Funguei, escondendo meu rosto em seu pescoço. Tínhamos o mesmo tamanho agora, tendo em vista que ela não envelheceu nada e eu fiquei adulta, mas o abraço continuava o mesmo, quente e acolhedor.

-Nem isso eu consegui.- Lamentei miseravelmente, me sentindo tão envergonhada, quanto triste.

-Não diga isso, meu bem, a felicidade é um estado de espírito, um sentimento, e como tal, é uma coisa momentânea, então eu diria que você teve sim momentos muito felizes, e sempre terá.- ela se afastou minimamente e sorriu acariciando meu rosto.

Solto um pequeno sorriso para ela, e encaro seus olhos amorosos, éramos tão diferentes fisicamente falando, diferentes ao ponto de considerarem-nos como o completo oposto uma da outra. Mas um amor enorme nos unia, aquele tipo de amor que só mãe e filha podiam compartilhar.

-Infelizmente, não tive tantos momentos felizes assim, não desde que você partiu.- confesso, desviando o olhar.

-Você ainda é muito jovem, minha querida.- me olhou duramente, mas sustentava um sorriso amoroso.- você viverá séculos e séculos, assim como eu, terá muitos momentos de felicidade, acredite em mim.

-Como você pode ter tanta certeza? Levando em conta o lugar que eu estou depois de ter levado um tiro, considero uma possibilidade difícil.- o tom levemente sarcástico da minha voz pareceu a divertir.

-Você não achou que uma simples bala de prata iria te matar, não é?- ela ergueu uma sobrancelha, sorrindo afiada.- sempre te disse que você sempre pôde muito mais do que achou que poderia. Mas existem coisas que só uma experiência de quase morte é capaz de lhe dizer.

Franzi minha sobrancelha, eu estava começando a entender o que estava acontecendo, e não estava pronta para deixar aquele lugar.

-Mãe…

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 17 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Magia egípcia.- Cavaleiro Da Lua.Onde histórias criam vida. Descubra agora