O encontro

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O sol já estava se pondo quando Catnap finalmente fechou a última caixa da mudança. A casa nova tinha uma vista para um pequeno parque, envolto em árvores, com poucas crianças brincando no gramado e pássaros cantando à distância. "Perfeito", pensou. Exatamente o que ele precisava: paz e silêncio. Longe da agitação da cidade grande, longe das responsabilidades que o deixavam sempre tão exausto.

Ele se jogou no sofá ainda sem cobertas e fechou os olhos, deixando o cansaço tomar conta. A tranquilidade da nova vizinhança preenchia o espaço como uma brisa suave que trazia consigo uma sensação de segurança. Mas foi nesse momento que ele ouviu. Um som alto e estridente vindo da parede ao lado.

— Não... — murmurou, se sentando com um sobressalto. Ele franziu o cenho ao ouvir o barulho aumentar: uma música eletrônica pulsava, seguida por vozes e risadas, tão barulhentas quanto despreocupadas. Se levantou, foi até a janela, tentando entender o que estava acontecendo. O som claramente vinha da casa ao lado.

Por trás da cerca que separava os dois jardins, Catnap pôde ver várias pessoas reunidas ao redor de uma mesa, rindo alto e jogando cartas. No centro da confusão, estava Dogday.

De pelos bagunçados e sorriso de orelha a orelha, Dogday parecia ser a alma da festa. Ele gritava e aplaudia como se estivesse em um estádio, e a energia vibrante ao seu redor era contagiante — pelo menos para quem gostasse de bagunça. Para Catnap, que estava buscando precisamente o oposto, aquilo era um pesadelo. Ele soltou um suspiro frustrado, fechando a janela com mais força do que o necessário.

— É só o primeiro dia — disse a si mesmo, tentando manter a calma. — Amanhã, com sorte, eles vão parar.

Mas o amanhã veio, e nada mudou. Pelo contrário, parecia que Dogday organizava algo novo todos os dias. Houve corridas matinais com latidos de cachorros que o acompanhavam, sessões de treino ao ar livre com música alta e mais encontros com amigos ao fim da tarde. Para Catnap, cada dia era uma nova batalha para manter a sanidade.

Uma tarde, depois de suportar uma manhã inteira de música alta enquanto tentava ler, Catnap decidiu que não podia mais aguentar. Respirou fundo e marchou até a casa de Dogday. Bateu na porta, com mais firmeza do que pretendia, e esperou.

Poucos segundos depois, a porta se abriu, revelando Dogday, que estava com um enorme sorriso no rosto, suado e com uma garrafa d'água na mão.

— E aí, vizinho! — Dogday exclamou, claramente sem perceber o olhar de irritação de Catnap. — Estava indo para o parque correr. Quer vir junto?

Catnap ficou momentaneamente sem palavras. Ele havia preparado um discurso para pedir que abaixassem o volume, mas o convite inesperado o pegou de surpresa.

— Eu... não. Na verdade, eu vim falar sobre o barulho — disse, tentando manter a calma. — Eu me mudei para cá porque gosto de lugares tranquilos, sabe? E... bem, parece que você está sempre com pessoas, festas e corridas, e isso está atrapalhando um pouco o meu... — Ele hesitou, procurando as palavras certas. — O meu sossego.

Dogday riu, mas não de forma maldosa. Parecia mais divertido do que qualquer outra coisa.

— Ah, cara, foi mal! Nem percebi que estava incomodando. Eu só sou assim, meio cheio de energia sabe? — Ele deu de ombros, ainda sorrindo. — Mas ó, posso tentar maneirar. Que tal?

Catnap ficou confuso por um momento. Não esperava que Dogday fosse tão amigável ou tão rápido em oferecer uma solução. Talvez tivesse sido precipitado em julgá-lo. Ainda assim, o barulho era um problema.

— Seria ótimo se você pudesse... maneirar — repetiu, sentindo-se um pouco estranho por usar a mesma palavra. — Eu realmente preciso de um pouco mais de tranquilidade.

— Tranquilo! Vou ver o que posso fazer — disse Dogday, piscando de forma travessa. — Mas, ó, se algum dia quiser fazer algo diferente, dar uma corrida, jogar um pouco... me chama! Seria legal te conhecer melhor, vizinho. Sou o Dogday, a propósito.

— Catnap — respondeu ele automaticamente.

— Catnap? — Dogday riu novamente. — Combina mesmo com você.

Catnap sentiu as bochechas esquentarem, mas não respondeu. Ele apenas assentiu rapidamente, acenou e voltou para casa. Ao fechar a porta atrás de si, ele soltou um suspiro profundo, aliviado por, pelo menos, ter expressado sua preocupação. Mas, estranhamente, uma parte de si se perguntava se talvez Dogday não fosse tão terrível assim.

Ele balançou a cabeça, afastando o pensamento. Eles eram completos opostos, e aquilo era óbvio. Dogday era caos, e ele, Catnap, só queria um pouco de paz. Só isso.

Ou pelo menos era o que ele achava.

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Essa história foi feita para substituir a história "The dog in the shadow", que foi um fracasso total.
Sobre perguntas, sim, Catnap é o dominante da relação. Sim, haverá hots. Não, os smilling critters não irão aparecer (isso pode mudar futuramente). Sim, eles são maiores de idade.
Outras perguntas ficam em aberto, nada de spoilers.

Entre o Silêncio e o Caos (Catnap x Dogday)Onde histórias criam vida. Descubra agora